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Ceni relata drama de lesão no fim da carreira e não deve se despedir em Goiânia

Em entrevista ao LANCE!, capitão do São Paulo fala dos transtornos da lesão no pé direito,  vê com pessimismo presença no último jogo do Brasileiro, mas pode viajar com o time

Entrevista Rogerio Ceni (foto:Alan Morici/LANCE!Press)
imagem cameraEntrevista Rogerio Ceni (foto:Alan Morici/LANCE!Press)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 30/11/2015
17:01
Atualizado em 30/11/2015
21:23

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Rogério Ceni, jogador mais importante da história do São Paulo, dono do maior número de títulos pelo clube, maior goleiro-artilheiro da história do futebol, agoniza nos últimos dias da carreira. Tudo por conta de uma lesão no pé direito que o mantém afastado dos gramados desde o dia 28 de outubro. Nesta segunda-feira, em entrevista exclusiva ao LANCE!, o Mito relatou o drama que o deixa transtornado por impedi-lo de fazer aquilo que mais sabe e gosta, justamente no momento de escrever os últimos capítulos de sua brilhante trajetória.

O capitão rompeu o ligamento tíbio-fibular do tornozelo direito no jogo de volta das semifinais da Copa do Brasil contra o Santos e desde então não atuou mais. E provavelmente aquele jogo na Vila Belmiro deve ser o seu último oficial, já que o goleiro admite que as chances de atuar em Goiânia, no próximo domingo, contra o Goiás, são pequenas - o Tricolor joga por um empate para alcançar a vaga na Libertadores-2016. 

- Olha, assim... Falando pessoalmente, fico um pouco frustrado pela situação enfrentada no momento. Não era dessa maneira que eu gostaria de encerrar a carreira, com uma lesão chata, que está tomando muito tempo, fazendo com que eu perdesse jogos importantes para o time. Gostaria de encerrar trabalhando dentro do campo - afirmou Rogério, em um sala no CT da Barra Funda.

Santos X Sao Paulo
Ceni, logo após se machucar contra o Santos (Foto: Miguel Schincariol/Lancepress!)


O goleiro tem feito tratamento em três períodos para manter o fio de esperança de entrar em campo pela última vez com a camisa do São Paulo em um jogo oficial ou pelo menos estar em boas condições para a festa de despedida, marcada para o próximo dia 11, no Morumbi - haverá um amistoso entre os campeões mundiais de 1992/93 contra os de 2005.

A vontade é grande e o trabalho, intenso. As horas na fisioterapia são chatas, incômodas, principalmente para quem é obcecado por competir. Até por isso, o goleiro comemorou muito quando acordou nesta manhã com o tornozelo melhor, sem o inchaço costumeiro. A luta contra as dores acaba se sobrepondo à percepção de que, daqui alguns dias, ele não será mais jogador do clube do coração pela primeira vez em 25 anos. A ficha ainda não caiu.


- Eu tento viver o dia a dia. Fico transtornado na fisioterapia, fico aqui sete horas por dia. Exceto aos domingos, que venho de manhã, mesmo assim dá três horas de tratamento. Aí você tenta voltar, dói demais. Perdi uma semana por isso, antes do jogo contra o Atlético-MG, também não consegui, tentei treinar na quarta-feira, isso vai frustrando você. A lesão vai demorando, você não cria uma perspectiva de que ela melhore em dois, três dias. Até hoje é o dia que mais me sinto bem, acordei bem. Sempre incha bastante o pé à noite, mas hoje fiquei contente quando amanheceu um pouco melhor o tornozelo. Eu gostaria de estar em campo atuando - lamentou o Mito.

Confira abaixo o relato de Rogério Ceni sobre sua situação de momento. Ele diz que, mesmo se não tiver condições de jogo, pode viajar com o grupo para Goiânia no domingo. Essa é a primeira parte de uma entrevista que será publicada durante os próximos dias. Haverá muito conteúdo especial e exclusivo sobre a carreira do capitão são-paulino, que está no fim. Ele relembrou as passagens mais marcantes dos 25 anos de glória no São Paulo e você vai conferir tudo aqui. 

'Fico transtornado na fisioterapia, fico aqui sete horas por dia. Exceto aos domingos, que venho de manhã, mesmo assim dá três horas de tratamento. Aí você tenta voltar, dói demais'


Curioso é que você teve poucas lesões na carreira, não é?
"É, pelos anos de atividade, foram poucas, mas aconteceram mais nesse último período, é natural. o corpo vai se desgastando cada vez mais, as chances de lesões vão aumentando, as lesões tendem a acontecer mais nessa reta final. Mas no período normal de um atleta, até os 35 anos, encerrando a carreira, quase não tive lesão grave, só três artroscopias. a partir dos 36, tive cirurgia de tornozelo, e aí vai atrapalhando. Para você melhorar aqui vai usando outras partes do corpo, para ter o equilíbrio. Teve a lesão do ombro, que foi muito séria, daí atingir o equilíbrio do corpo é o que mais dificulta

Está difícil para jogar?
"Estou há 32 dias parados, sem trabalhar com bola no campo, não consigo nem correr na esteira, pelo impacto me dói bastante. Até ontem diria que era praticamente zero a chance, hoje me animei mais pelo que eu vi. Mas o problema é que você tem de voltar, ganhar ritmo de jogo, não poderia dizer para você. Querer, adoraria poder ter jogado esses últimos cincos e esse último, mas eu também tenho que saber que tenho a responsabilidade de não comprometer um sistema todo, o time todo, para querer estar dentro de campo. Tenho que ter a mínima condição, como foi contra o Ceará (oitavas de final da Copa do Brasil), que tava uma situação difícil, com muita dor, mas que reuniu condição básica, mínima, de que preciso para estar com meus companheiros. Senão, estarei junto deles como no último jogo, tentando incentivar na torcida"

Viajaria para Goiânia, então?
"Para mim, não sei, por mim sem problema nenhum. Quero tentar ajudar, se é que vai ajudar de alguma maneira, sim. Caso contrário tenho algumas pessoas próprias para comandar o time, tudo. Quero sempre poder aproveitar ao máximo possível, essa foi minha última concentração aqui no CT, mesmo que a gente vá jogar em Goiânia, concentra lá, viaja no dia anterior. Conversamos bastante. Como sempre jogamos um baralhinho, para passar o tempo, é bom porque você bate papo, cria vínculos, consegue conversar, há uma cumplicidade que leva para o jogo também"

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