Entenda o déficit do São Paulo e veja como impacta na montagem do time
Clube pode fechar 2019 com déficit de R$ 180 milhões, mas nem todo este valor já saiu ou sairá imediatamente do caixa. É preciso vender (Antony deve ir), mas será possível comprar
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O São Paulo fechará o ano com déficit de R$ 180 milhões se não vender um ou mais jogadores ainda neste mês. A informação, passada aos conselheiros na reunião da última quinta-feira à noite, deixou o torcedor assustado e se perguntando sobre os impactos que isso terá na montagem do elenco para 2020. O cenário é preocupante e a venda de Antony já nesta janela é considerada inevitável, mas não deve inviabilizar, por exemplo, a compra de Tiago Volpi.
O registro do déficit de R$ 180 milhões não significa que todo este dinheiro já saiu ou sairá em curto prazo do caixa do São Paulo.
Um exemplo disso é a dívida referente à contratação de Ricardinho, em 2002. Em novembro, o clube chegou a acordo com as empresas que auxiliaram na chegada do atleta naquela época, RES Empreendimentos e Participações e Time Traveller Turismo, se comprometendo a pagar R$ 30 milhões para encerrar a briga judicial. O valor será parcelado até 2023, mas já entrou no passivo do balanço de 2019, o que colaborou muito para o aumento no valor do déficit - em agosto, era de R$ 76,5 milhões.
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O clube também fez acordos recentes para dar fim a processos antigos movidos por ex-jogadores e pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Esses pagamentos serão parcelados, como no caso Ricardinho, mas os valores totais já constam no passivo, aumentando o déficit, que já era alto devido às eliminações precoces, altos investimentos no futebol e receitas que ficaram aquém do esperado.
Em suma, o clube não precisa desesperadamente de R$ 180 milhões, que fariam o ano fechar "no azul". A necessidade não é acabar com o déficit, mas melhorar o fluxo de caixa para não ter problemas ao longo do primeiro semestre de 2020. Calcula-se que R$ 80 milhões já ajudariam.
É por isso que a venda imediata de ao menos um jogador é considerada fundamental pelo clube. A saída de Antony já nesta janela, provavelmente para o Borussia Dortmund, já é dada como inevitável nos bastidores tanto pelo São Paulo quanto pelo jogador e sua equipe de trabalho. No meio do ano, o Tricolor recusou 20 milhões de euros (R$ 90 milhões na cotação atual) do Manchester City pelo jovem. Agora, negocia para receber algo próximo disso e ainda garantir ganhos futuros, seja nas próximas vendas dele ou com bônus por metas alcançadas.
Esse aperto financeiro do São Paulo fez com que o clube elaborasse um orçamento voltado para a contenção de despesas e aumento de receitas para 2020. A busca por redução de gastos inclui a diminuição da folha salarial do futebol profissional (o clube iniciou uma reformulação em sua área de saúde com quatro demissões e apenas uma chegada e vai tentar negociar atletas que têm salários robustos e jogam pouco) e também uma previsão de poucos gastos em compras de jogadores: o documento prevê apenas R$ 21,5 milhões em aquisição de direitos econômicos.
Como Igor Vinícius já foi comprado por R$ 2 milhões, que serão pagos ao longo de 2020, sobram R$ 19,5 milhões para contratações. Esse valor é menor do que a cláusula de compra de Tiago Volpi (cerca de R$ 20 milhões), mas isso não impede a renovação dele.
O motivo: em caso de contratação, duas parcelas da compra de Volpi (total de 1,25 milhão de dólares ou R$ 5 milhões) serão pagas em 2021. Dessa forma, esse valor não é abatido da verba de contratações de 2020.
A expectativa pela permanência do goleiro, uma prioridade do clube, segue alta, mas, de qualquer maneira, haverá pouco dinheiro para investir em atletas para a próxima temporada. Até por isso, o objetivo do clube é fazer os reforços contratados em 2019 renderem melhor (casos de Hernanes, Pato e Pablo, por exemplo) e fazer apenas contratações pontuais, se possível com gasto bem baixo e trocas.
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