Mineiro saiu de Yokohama, no Japão, em 18 de dezembro de 2005, com o sentimento de dever cumprido. Afinal, o gol solitário no primeiro tempo da partida contra o Liverpool (ING) garantiu ao São Paulo o terceiro título mundial de sua história. O ex-volante, no entanto, não quer louros pelo chute decisivo de uma década atrás. Para ele, todos os méritos do trimundial e de toda glória tricolor entre 2005 e 2008 é atribuída a Rogério Ceni, que nesta sexta-feira irá encerrar a carreira em partida festiva no Morumbi.
- Eu não me considero herói sozinho. Poder estar reunido por um evento de tamanha envergadura nos deixa contente, vamos poder rever os amigos, será uma oportunidade única e histórica. Alguns aparecem mais com gols, mas do meu ponto de vista, todos foram heróis. Aqueles anos mostraram que o Rogério é a própria cara do São Paulo. Era fácil identificar qual era o perfil do time e a maneira como deveríamos atuar em campo. Era só a gente se espelhar naquele profissional acima da média, o primeiro a chegar e o último a sair. A gente conseguiu reproduzir essa competência dentro de campo - disse o ídolo.
Mineiro se aposentou em 2011 e, desde então, vive na Alemanha para seguir um projeto estipulado em parceria com a família. De lá, tem observado a derrocada do São Paulo nos últimos anos, concluída nesta temporada com escândalos políticos e a renúncia do ex-presidente Carlos Miguel Aidar. O gaúcho ressalta que não é possível fazer comparações com as épocas sem ponderar as circunstâncias, mas lembra que todo o aprendizado da década passada pode ser aproveitado novamente pelo clube.
- A gente tem que entender que muitas vezes é preciso estar no lugar certo, na hora certa. Algumas vezes as coisas funcionam e, em outras, não. Naquela ocasião, tudo o que foi planejado e estruturado deu certo, os jogadores que chegaram entenderam o projeto rapidamente, mesmo sem ter nenhuma estrela. Uma equipe forte e competitiva foi montada. A gente não pode ficar comparando épocas e momentos. Só podemos tirar o que deu certo para aplicar em alguns momentos. O que fica para nós é torcer para o clube continuar conquistando títulos - declarou o ex-volante.
Confira bate-papo com Mineiro no Morumbi:
Ter noção do tamanho da conquista é algo que só se consegue com o passar dos anos?
Concordo! Principalmente depois que eu fui para a Europa, passei a pensar nisso. Só lá, vendo a complexidade do futebol internacional, o tamanho dos invenstimentos, as estruturas, aí cada ano que passa entendo mais a importância daquele título para o São Paulo. Fico feliz por ter tido parte desta conquista. A ida para a Europa foi um grande recomeço, porque nunca fui de fazer marketing ou lobby. Só quem pesquisava e buscava informações descobria o que eu havia feito, até minhas participações na Seleção Brasileira e o título do Mundial de Clubes.
Qual a sensação de voltar ao Morumbi e reencontrar os amigos?
É um momento muito gratificante. É algo que não foi planejado e que eu nunca imaginei que pudesse acontecer. Vamos tentar valorizar o evento, a grande festa que poderemos dividir com o Rogério. Será uma honra e prova o caráter dele, que não prioriza conquistas individuais, mas sim aquelas que ressaltam a grandeza do clube.
Imaginavam que chegariam tão longe quando aquele time foi montado?
Vivi um período bastante importante, que nem o maior dos otimistas esperava que chegássemos tão longe. Todos entenderam rapidamente o projeto do clube, apesar de todas as limitações e formamos uma equipe competitiva. E o Rogério era o líder disso tudo, com seu profissionalismo e caráter.