Paciente, artilheiro da base do São Paulo espera chance no profissional

Joanderson marcou 13 gols nesta temporada e foi artilheiro do título da Copa do Brasil Sub-20.  Em 2016, metas são ganhar chances com o time principal e ser campeão

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Joanderson de Jesus Assis não escolheu esperar. Precisou aprender a ter paciência sozinho, na marra. Foi assim quando aguardou um ano para reencontrar o pai, que trocou a caatinga baiana pelo interior de São Paulo há mais de uma década. Quando dependia de caronas para treinar no primeiro e único clube da carreira. Quando ansiou por um quarto no CFA Laudo Natel. E promete seguir assim em 2016.

Aos 19 anos, o atacante canhoto acredita que sua hora de subir ao profissional chegou. O garoto que já cruzou mais de 1,6 mil quilômetros entre Jequié, na Bahia, e o município paulista de Limeira, agora quer percorrer distância bem menor. A meta é trocar as instalações da base em Cotia pela casa do time profissional do Tricolor em 2016: o CT da Barra Funda. Para isso, é claro, terá de esperar mais uma vez.

No início deste ano, foi preciso paciência de Jó (ou Jô) para manter tal sonho vivo. Seu contrato com o São Paulo esteve perto do fim e o clube decidiu tirá-lo da disputa da Copa São Paulo de Juniores. O movimento travou o processo de renovação e colocou até o rival Corinthians no meio do caminho.
No último mês, no entanto, Joanderson teve a calma recompensada. Foi artilheiro e campeão da Copa do Brasil Sub-20, inclusive anotando um dos seis gols da campanha na final do torneio.


Agora, é artilheiro também da Copa Ipiranga Sub-20 – antigo Campeonato Brasileiro da categoria – e está a dois passos de faturar mais um título: encara semifinal contra o Palmeiras nesta sexta, no Rio Grande do Sul. Uma trajetória de paciência, desde os primeiros toques na escolinha dos Metalúrgicos de
Limeira ainda em 2004 e que em 2016 pode chegar à disputa com Kieza, que negocia, pelo posto de substituto de Alan Kardec;

Como resume seus 19 anos?
Nasci na Bahia, em uma cidadezinha chamada Jequié. Quanto fiz sete anos, viajei para São Paulo e encontrei meu pai, que um ano antes tinha viajado para Limeira. Fui com minha mãe e meus irmãos. Aos oito, entrei na escolinha de futebol dos Metalúrgicos, onde tudo começou para minha carreira no futebol. No ano seguinte, um olheiro da cidade me aprovou e passei a treinar no São Paulo. Já são dez anos neste clube.

O que pode contar sobre sua família? Por que seu pai decidiu sair da Bahia para São Paulo?
Um dos meus irmãos, o Joabson, também joga. Está no Portimonense (POR). Minha mãe não gosta muito que fale sobre eles (os irmãos), nem o nome, mas meu pai já era motorista e buscou uma oportunidade de trabalho. Morei o tempo todo em Limeira, assim como meus pais e avós maternos. Meus avós paternos moram na Bahia.

Como foi o início no São Paulo?
Passei pelo processo de treinar duas vezes por semana na capital, não era nem em Cotia ainda. O problema é que só conseguia ir em um dos treinos. Não tinha condição de viajar sempre e, para piorar, meu amigo com quem ia de carona não pôde ir mais. Na categoria seguinte, passava uma semana em Cotia e melhorou a situação. Só com 13 anos é que comecei a ficar alojado.

Quando percebeu que sua vida seria realmente no futebol?
Desde que entrei na escolinha tinha esse sonho, mas a ficha caiu quando fui aprovado pelo São Paulo. Ali vi que meu sonho poderia ser realizado. Agora quero chegar ao profissional no ano que vem e fazer história no clube, no mundo e com a Seleção Brasileira. Já consegui jogar nas categorias de base, mas a meta é a principal. Para isso, o caminho parece ser mesmo sair para a Europa um dia. Por isso tantos garotos têm pensado em sair cada vez mais cedo.

Mas o que falta para seu sonho se completar no São Paulo?
Falta apenas a oportunidade. Todo o time sub-20 faz um grande trabalho, conquistou a Copa do Brasil e sei que no momento certo o São Paulo vai valorizar todos, como sempre. Desde que voltei, tenho trabalhado muito forte e com o pensamento de ir para o profissional. A oportunidade não chegou ainda, mas sei que chegará.

E como foi aquele período em que ficou fora do clube pelos problemas na renovação? Ficou alguma mágoa?
Encarei de forma tranquila, todos estão sujeitos a isso. Procurei resolver da melhor maneira possível, sabia que a coisa iria se encaminhar. Estou de volta e fazendo um bom trabalho pelo clube. Eu consegui ter paciência e fiquei feliz com a decisão que tomei. Estou no caminho certo. Não ficou mágoa nenhuma.

Qual o balanço deste ano (13 gols em 25 jogos de competição e o título da Copa do Brasil)?
Fomos campeões e agora estamos com tudo na Copa Ipiranga. Torço também para que 2016 seja de vitórias pessoais e para o clube, que passou por momento difíceis em 2015. Vai ser tudo diferente! O São Paulo é grande e tem tudo para ganhar um título. E espero participar dessa conquista. Estou pronto.
Acha que um clube deve priorizar títulos ou formação nas categorias de base?
A formação de jogadores é o mais importante, porque só assim o atleta terá condições de render títulos para o profissional no futuro. Claro que títulos para um time grande são importantes nas categorias de base, mas percebo que o São Paulo prioriza a formação mesmo entrando forte nos torneios.

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