Ausência de Ceni pode agravar problemas da defesa são-paulina

Experiência, qualidade com os pés, posicionamento, currículo vitorioso... O São Paulo sentirá falta de tudo isso com o fim da carreira de Rogério Ceni, mas há uma característica do Mito que tem tirado ainda mais o sono do clube e sua torcida: a liderança.

Candidatos a capitão já foram apresentados, como Rodrigo Caio, Michel Bastos e PH Ganso, mas até quem vê de fora sabe que o time custará a se adaptar sem as orientações do ídolo no setor defensivo.

– Rogério nunca foi um cara de dar muita bronca. Ele sempre adotou o método da conversa e foi assim que as coisas deram certo. Sempre organizou a defesa e nós ouvíamos porque era a voz da experiência. Pude aprender muito na minha carreira e levei muita coisa para minha vida. Sou muito grato a ele, é um marco para mim – contou o zagueiro Edcarlos, campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes de 2005 com o Tricolor.

O beque hoje tem 30 anos e foi vice-campeão brasileiro com o Atlético-MG nesta temporada. Há 11 anos, porém, quando dava os primeiros passos da carreira no São Paulo, sofreu para emplacar entre os profissionais e precisou muito da ajuda de Ceni. A situação é semelhante à que vive o garoto Lucão, perseguido pela torcida nos últimos jogos da equipe em 2015.

– Isso é passageiro. O Lucão vem de uma escola ótima e que prepara os jovens para a pressão. Ele sabe que isso vai existir. Um novo ano vai se iniciar e uma boa preparação com os profissionais de qualidade do clube trará resultados. Tenho certeza que ele vai dar muita alegria para o torcedor, pois é de muita qualidade – apostou Edcarlos.

A solução, para a torcida e até para Ceni, é repatriar Diego Lugano para ser o líder do time e, principalmente, da defesa em 2016. Aos 35 anos e idolatrado no São Paulo, o uruguaio poderia minimizar a juventude da zaga (ver abaixo) e o efeito das perdas do adeus do Mito.

VEJA OS ZAGUEIROS GARANTIDOS NO ELENCO PARA 2016:

Rodrigo Caio
Único que terminou 2015 em alta. Criado na base do clube, foi promovido em 2011 e já soma 153 partidas. Em tempo de clube e número de jogos, será o segundo mais velho do elenco na próxima temporada e é cotado para ser capitão.

Lucão
Mais uma revelação das categorias de base em Cotia. Subiu para o profissional em 2013 com Paulo Autuori e era muito bem quisto por Muricy Ramalho e Juan Carlos Osorio. Relação com a torcida é ruim e o garoto chegou a chorar em campo. Tem 68 jogos.

Breno
Voltou a jogar após quatro anos de drama por prisão na Alemanha e problemas físicos. Ainda custa para se livrar de lesões e recuperar o ritmo de jogo, mas tecnicamente traz esperanças ao clube. Fez somente seis jogos no ano.

Lyanco
É o mais jovem do setor, com 18 anos (Rodrigo tem 22, Lucão tem 19 e Breno, 26). Foi contratado do Botafogo em janeiro para jogar na base e acabou promovido em junho por Osorio. Já disputou 11 partidas como profissional e agrada pela velocidade.