São Paulo perde coordenador da base multicampeã: ‘Deixamos legados’
Diego Cabrera pediu para sair por conta de uma questão familiar. Gaúcho, profissional vai assumir as categorias de base do Internacional para ficar próximo à família
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O São Paulo sofreu uma baixa importante na sua categoria de base, que tem impressionado pela vasta quantidade de títulos conquistados ultimamente. Por conta de uma questão familiar, o coordenador Diego Cabrera se desligou do clube. Gaúcho, ele deixa Cotia para chefiar a base do Internacional.
Cabrera já trabalhou no Inter, onde teve passagem de destaque antes de chegar ao Tricolor, mas o que pesou foi a questão pessoal. A família do profissional é toda de Porto Alegre e sua esposa está grávida de oito meses.
- Foi uma decisão muito triste, muito difícil, dura, por tudo que o São Paulo me proporcionou. Tive de tomar a decisão em conjunto. O clube foi exemplar comigo, me deu toda a oportunidade. Não à toa conseguimos todos os resultados possíveis. Montamos uma equipe maravilhosa, em todos os sentidos. Mas tem algumas questões familiares hoje que são bem importantes para a minha vida - explicou Cabrera, em entrevista ao LANCE!.
O coordenador chegou ao clube no início de 2015, com o antigo gerente Júnior Chávare, atualmente no Grêmio. A dupla, que trabalhou junta no clube gaúcho, foi responsável por implementar boa parte das mudanças que elevaram a base do São Paulo a outro patamar.
O São Paulo passou a contratar jogadores promissores de outros clubes para finalizar a formação e implementou um modelo de jogo em todas as categorias. O zagueiro Lyanco, o lateral-esquerdo Júnior Tavarez e o meia Shaylon são destaques neste tipo de filosofia.
Agora, a base que tem o diretor Marcos Francisco de Almeida e o gerente Rodolfo Canavesi precisará buscar outro profissional para a coordenação. A próxima competição mais importante das inferiores é a Copa São Paulo de Futebol Júnior, no início de janeiro. O time sub-20, comandado pelo técnico André Jardine conquistou cinco títulos este ano: Libertadores, Copa Ouro, Campeonato Paulista, Copa do Brasil e Copa RS. O Sub-17 também conquistou dois, incluindo o Paulista da categoria.
Confira uma entrevista exclusiva com Diego Cabrera, ex-coordenador da base do São Paulo:
Por que optou pela saída do São Paulo?
Tive outros contatos, mas minha saída não tem a ver com os outros convites, meu primeiro motivo e o grande é a questão familiar. Por minha filha está nascendo daqui uns dias. E nesse contexto veio a calhar o convite do Inter, que me ofereceu um comando da categoria de base, uma confiança. E me propuseram esse retorno.
Qual legado deixa na base do São Paulo?
Deixamos muitos legados. Modestamente, deixamos um legado principalmente da estrutura toda. Falo em equipe. A gente criou um modelo de trabalho muito interessante, em todas as categorias. Criamos um modelo de jogo muito interessante, como referência no país.
Qual é esse modelo?
O modelo é que privilegia a qualidade técnica dos jogadores, nossa principal qualidade é a posse, envolvendo o adversário com muita variação de posicionamento. Criamos um comportamento sem a bola muito ofensivo, para retomar o mais rápido possível. E a gente tem um comportamento bem agressivo sem a bola. A gente conseguiu aliar com e sem a bola, de retomar o mais rápido possível, deixando o time inquieto. E com a bola essa versatilidade de posicionamento e a qualidade técnica muita grande para envolver o adversário. Grande segredo que conseguimos padronizar em todas as categorias, maiores feitos nossos.
O que ainda poderia fazer?
A gente nunca está satisfeito, como o futebol está cada vez em construção, estamos tentando sempre se reinventar. E com certeza para 2017 estamos em evolução maior, em fase defensiva e ofensiva. Eu trabalharia muito mais os fundamentos dos jogadores, aprimoraríamos com cada jogador, faríamos uma reavaliação do que foi bom, do que não foi, sempre mirando na formação dos atletas. A ideia de todo mundo é a mesma, a forma que se coloca e a maneira é o que estão os segredos.
Quais garotos poderia apontar como mais promissores?
A gente tem uma safra de meninos sub-20 muito interessante, dos 96 muito forte. Do Foguete, lateral-direito, do Lucas Kal, o Júnior que é um talento absurdo. Os dois volantes que são de uma qualidade e intensidade muito boa, Artur e Araruna, temos o Auro. Pensamos coisas diferentes para ele, aceitou e foi bem. Temos o Pedro, centroavante acima da média. Temos o Gabriel Rodrigues, que chegou por último e tem um talento muito bom. O Eder Militão também. Uma capacidade imensa. Parte técnica absurda. As próximas safras, essa 96 é talentosíssima, depois 97. 98.
O que esperar do time da Copinha? Algum outro talento surgirá?
Esse time que vai para a Copinha é um time coletivamente muito forte, como todo o trabalho na base do São Paulo. Automaticamente, os grandes talentos vão aparecendo. Gostaria de frisar a parte coletiva.
Como foi o contato com o Rogério Ceni?
A forma que o Rogério começou o trabalho dele é muito promissora, a forma que ele viu a base, não só os garotos, mas os profissionais. Eu me sinto um privilegiado de ter trabalhado com ele, a educação, o respeito que ele trata as pessoas. E ele tem tratado todos bem. O São Paulo começa muito bem com ele como técnico.
Teve contato com o Michael Beale, inglês que chefiava o sub-23 do Liverpool e agora será auxiliar do técnico?
Infelizmente não tive contato com ele, porque o Rogério passou ótimas referências. Tivemos oportunidade de ver a literatura dele, que o Ceni passou. O São Paulo acerta de novo na contratação dele. O São Paulo tem tudo para fazer um excelente 2017.
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