‘A reaproximação com o São Paulo foi um presente’, diz Richarlyson
Afastado dos eventos do clube desde a despedida de Rogério Ceni, no fim de 2015, campeão do mundo vai disputar a Legends Cup e se diz emocionado com o reconhecimento
Richarlyson não era visto em um evento ligado ao São Paulo desde a despedida de Rogério Ceni, no fim de 2015. No ano passado, ele admitiu ter ficado chateado por não ter sido um dos 99 ídolos escolhidos para integrarem uma espécie de calçada da fama que o clube inaugurou no Morumbi. Este hiato foi quebrado agora, com o convite de Diego Lugano para que ele dispute a Legends Cup.
A competição, que reunirá nomes históricos de São Paulo, Barcelona, Bayern de Munique e Borussia Dortmund, será disputada neste domingo, no Morumbi, mas algumas lendas estiveram no estádio nesse sábado para um almoço de confraternização em que Richarlyson não tirou o sorriso do rosto. Ele se divertiu ao reencontrar antigos companheiros, como Aloísio, Cicinho e Roger, e disse estar emocionado com o reconhecimento.
- Essa reaproximação para mim foi um presente, porque tudo o que eu sou e tudo o que tenho na minha vida eu devo ao São Paulo. A história começou aqui, os títulos, a minha visibilidade para o futebol brasileiro e mundial. Eu me sinto um privilegiado por estar podendo retornar aqui, nesse evento tão grandioso. Quando as pessoas falam que é um evento das lendas eu penso: "caramba, estou representando as lendas do São Paulo". A ficha não cai. Tenho recebido muito carinho nas redes sociais, o pessoal falando: "que legal, você é ídolo, você é craque". Não tenho como mensurar isso na minha vida, me sinto lisonjeado. Sei que vou ser cobrado, como sempre fui, principalmente pela carência que o São Paulo está de um título. Estamos brincando nas nossas conversas, dizendo que vamos para ganhar. Chegamos aqui, vimos os caras do Barcelona e eles estão todos sequinhos, fininhos. Assusta, claro, mas sou sempre competitivo e vou entrar para ganhar. Agradeço ao Lugano por me dar essa oportunidade de vestir novamente esse manto sagrado que me fez feliz. É botar a bunda no chão, ser o mesmo Richarlyson de sempre, dar o meu melhor pelo São Paulo - disse o ex-são-paulino.
Richarlysoni chegou ao São Paulo em 2005, uma das temporadas mais gloriosas da história tricolor, vindo do Santo André. Ele já estava no clube na época do tri da Libertadores, mas não chegou a ser inscrito na competição. Sua galeria de títulos começou com o Mundial de Clubes (não jogou, mas estava no grupo que foi ao Japão) e seguiu com o tri do Brasileirão em 2006, 2007 e 2008. Ele saiu em 2010, desgastado com parte da torcida, principalmente a organizada, que pulava seu nome na hora de cantar a escalação devido a boatos sobre sua opção sexual. A maioria, no entanto, o apoiava.
- É engraçado que muitos pedem para eu voltar. "Pô, Richarlyson, volta, mostra para esses caras aquela raça, aquela vontade, você estava sempre dando sangue". Eu me sinto lisonjeado por ser sempre lembrado por essa raça, por essa vontade. Já tem gente me cobrando carrinho na Legends e eu falo que com certeza isso não vai faltar.
Fora do futebol desde a metade do ano, quando deixou o Campinense com apenas duas partidas disputadas, Richarlyson não descarta continuar jogando, desde que apareça uma oferta que o atraia.
- Sempre deixei a vida me levar e continuo assim. Tenho feito crossfit, tenho competido. É uma modalidade que me chamou muito a atenção, uma coisa que tem muito a ver comigo, com a minha característica de sempre buscar desafios. Tenho jogado vôlei masculino e tenho feito parte de uma comissão técnica do vôlei feminino de Bauru e ainda estou esperando alguma coisa boa no futebol. Eu não estou jogando porque as coisas não têm acontecido da forma que eu quero. Eu tenho uma história muito bacana no futebol, títulos de expressão, então eu quero alguma coisa que me dê prazer. Não é estar no futebol por estar. Acho que no comecinho de 2020 vocês vão ter a notícia do que o futuro me reserva - prometeu.
Veja outras declarações de Richarlyson:
Volta ao Morumbi
Estou muito feliz pelo convite do São Paulo, por reviver tudo aqui. Estava passando ali na Giovanni Gronchi e relembrando de 2005 a 2010, do que aquilo representou para mim, para a minha história. Foram cinco anos maravilhosos os que eu tive aqui. O que fez com que eu me reaproximasse realmente foi a presença do Lugano. Um cara que teve as conquistas junto comigo aqui no clube e se tornou meu amigo, sempre que a gente pode a gente se fala, se encontra. Nos encontramos pela última vez na despedida do Rogério Ceni, ficamos conversando bastante por mensagens.
Por que a Legends Cup é importante?
A importância é ser lembrado. É muito importante ser lembrado em vida, não adianta nada você fazer uma homenagem quando a pessoa já faleceu. Para a gente isso é motivo de orgulho. Pela nossa conversa, isso vai ser uma rotina, eles querem fazer isso como os times europeus fazem, levando o nome do São Paulo para outros lugares, com um time fixo de lendas. É um início de algo, espero que a gente possa estar sempre fazendo torneios como esse.
É ídolo no São Paulo?
Eu não consigo mensurar. Esse orgulho fica maior para a minha família, para os meus pais, meus primos, do que propriamente para mim. O que mais me dá alegria hoje é reencontrar os caras que fizeram parte da minha história. E amanhã, na hora que eu entrar em campo, volta tudo à tona, a cobrança, a responsabilidade. Eu fico feliz, porque se eu estou aqui é porque representei e represento muito bem o São Paulo.
Faltou jogar na Europa?
Eu tive várias propostas. Em 2007, depois do Mundial e dos dois primeiros títulos brasileiros, apareceram várias coisas. Mas eu tinha uma identidade tão grande com o São Paulo que nada me fazia mudar de pensamento. Não me arrependo de nada, porque fiz minha história aqui. Foram cinco anos, quatro títulos, sendo três Brasileiros consecutivos. Será que se eu tivesse ido para a Europa eu teria o mesmo êxito? Fico muito feliz de ter tomado essa decisão. E não falta nada para mim, cara. Eu cheguei à Seleção Brasileira pelo São Paulo, pude representar a minha pátria, o que era meu sonho, e estar aqui podendo representar o São Paulo não tem Europa que fale.
Vai jogar em que posição?
Mais fácil perguntar para o Muricy (risos). Eu sempre fui coringa e isso não vai mudar. Talvez eu vá cobrir o Lugano, que está um pouquinho fora de forma (risos). Brincadeira! Ou ali no meio junto com Josué e MIneiro. Onde me colocar estou preparado, tenho treinado, não paro, sou esportista nato. O importante é fazer uma grande festa e retribuir o carinho que venho recebendo desde que começou esse projeto e se Deus quiser conquistar mais um título com a camisa do São Paulo.