Em rede social, Michel Bastos desabafa: ‘Não sou mau caráter’
Meia do São Paulo se pronunciou neste sábado, após ser cortado do jogo deste domingo. Ele negou desavença com Lugano, mas admitiu discordância em pacto de silêncio
Figura central na crise que assola o elenco do São Paulo, o meia Michel Bastos desabafou por meio de uma rede social neste sábado, logo após ser barrado da partida deste domingo, contra o Rio Claro, pelo Campeonato Paulista. Em longo texto publicado no Instagram, o meia rebateu quem diz que ele tem jogado sem vontade, negou qualquer desavença com Lugano, mas admitiu que o uruguaio discordou da maioria do grupo no pacto de silêncio feito para protestar contra o atraso de pagamento de direito de imagem.
Capitão do time até a reestreia do uruguaio, Michel disse que tomou a decisão de apoiar o pacto porque era a vontade da maioria do grupo e negou que tenha iniciado o movimento.
"A questão do pacto de silêncio foi algo decidido pelo GRUPO, sem nenhuma liderança específica. Como capitão, achei que tinha o dever de tomar a posição que a maioria acreditava ser a certa e foi isso o que fiz. Teria falado se não houvesse esse comprometimento, como aconteceu quando estive na coletiva no dia seguinte da derrota para o Corinthians, sem ter recebido nenhum elogio e reconhecimento por isso", escreveu Michel.
O pacto foi decidido logo após a entrevista a que Michel se refere e na terça-feira, o técnico Edgardo Bauza teve de conceder entrevista coletiva porque nenhum jogador que seria escalado para a partida se prontificou a falar. Após a derrota por 1 a 0 para o The Strongest (BOL), na quarta, porém, Lugano, Denis, Alan Kardec e Calleri falaram com a imprensa, o que irritou aqueles que fizeram o pacto.
Michel também tem sido o principal alvo da torcida após os dois últimos maus resultados. Ele foi xingado em coro logo que o Strongest fez o gol no Pacaembu e tem sido perseguido nas redes sociais, inclusive por uma das organizadas do clube. Ele acredita que esse movimento ainda é motivado pelo gesto de silêncio que fez dirigido às arquibancadas do Morumbi ao marcar um gol na vitória por 3 a 0 sobre o Sport, no Brasileiro do ano passado. Ele pediu desculpas à torcida e tem digo aos mais próximos que vai trabalhar para reverter o quadro.
"Algo que também tem me incomodado é estarem insinuando que estou jogando de má vontade. Por mais que alguns estejam fazendo um esforço enorme para tentar mostrar o contrário, não sou mau caráter ao ponto de descontar no torcedor qualquer tipo de insatisfação que eu venha a ter. Isso seria ir contra as milhares de pessoas que abrem mão do pouco que tem para ir aos jogos prestigiar o São Paulo e essa atitude não faz parte da minha índole. Se as críticas tiverem que recair somente sobre mim para que meus companheiros tenham mais tranquilidade para trabalhar, não tem problema", afirmou.
O jogador tem recebido apoio da diretoria, pelo menos publicamente. Na última sexta, o vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro veio a público para dizer que a cúpula está do lado do elenco e da comissão técnica e eximiu os atletas de culpa, dizendo que era dever do clube deixar os salários em dia.
Confira abaixo o comunicado de Michel na íntegra:
"Iria me pronunciar apenas na hora certa sobre tudo o que tem sido falado nos últimos dias, mas, como estou sendo alvo de inúmeras acusações e especulações que não são verdadeiras, prefiro esclarecer logo o que tem acontecido para que isso não tome uma proporção maior. Em primeiro lugar, eu não fui o idealizador de movimento nenhum dentro do São Paulo e nunca fiz uso da minha posição de capitão para colocar meus companheiros contra a diretoria ou quem quer que seja. A questão do pacto de silêncio foi algo decidido pelo GRUPO, sem nenhuma liderança específica. Como capitão, achei que tinha o dever de tomar a posição que a maioria acreditava ser a certa e foi isso o que fiz. Teria falado se não houvesse esse comprometimento, como aconteceu quando estive na coletiva no dia seguinte da derrota para o Corinthians, sem ter recebido nenhum elogio e reconhecimento por isso. Seguindo na linha de desmentir algumas coisas que estão sendo faladas, não tenho nenhum tipo de rivalidade pessoal com o Lugano, muito menos sou chefe de "panela" dentro do São Paulo. O que houve foi uma divergência de opiniões dele em relação ao que o GRUPO, não o Michel Bastos, decidiu, mas isso foi um assunto que tratamos internamente, assim como estamos tratando a questão dos salários. Algo que também tem me incomodado é estarem insinuando que estou jogando de má vontade. Por mais que alguns estejam fazendo um esforço enorme para tentar mostrar o contrário, não sou mau caráter ao ponto de descontar no torcedor qualquer tipo de insatisfação que eu venha a ter. Isso seria ir contra as milhares de pessoas que abrem mão do pouco que tem para ir aos jogos prestigiar o São Paulo e essa atitude não faz parte da minha índole. Se as críticas tiverem que recair somente sobre mim para que meus companheiros tenham mais tranquilidade para trabalhar, não tem problema. Só não vou tolerar mentiras e as coisas que eu vejo que são ditas apenas para me colocar contra o torcedor. Dito tudo isso, eu acho que agora é a hora de nos fecharmos ainda mais, de buscar solucionar os problemas aqui dentro, para que o São Paulo volte a conquistar resultados do tamanho de sua grandeza. @saopaulofc".