Técnico das causas ‘impossíveis’: Cuca busca nova façanha para sua coleção
Técnico conquistou títulos históricos com Atlético-MG e Palmeiras, salvou o Fluminense de um rebaixamento quase certo, fez o São Paulo se classificar no Allianz... Agora é Itaquera!
Sete derrotas e três empates. Esse é o retrospecto do São Paulo na Arena Corinthians, onde o título do Campeonato Paulista será decidido a partir das 16h do próximo domingo, após empate sem gols no Morumbi. O desafio é grande, não o suficiente para deixar Cuca assustado. Ele está acostumado às causas "impossíveis".
- É, sem dúvida nenhuma, um desafio muito grande. Mas são esses desafios que marcam a gente no futebol. Nós temos um time jovem, temos que preparar bem todos eles para esse desafio. É o grande desafio. Falta um jogo para o São Paulo ser campeão. Por que ele não pode ser campeão? Ele tinha uma vantagem de ter o torcedor do lado no jogo de ida. O torcedor foi fantástico e não foi suficiente. Pode ser que lá a vantagem de ter o torcedor também não seja suficiente para o Corinthians. Então nós vamos preparar bem durante toda a semana para fazer um grande jogo domingo - disse o treinador, após o jogo do fim de semana.
Abaixo, relembre algumas façanhas da carreira de Cuca, inclusive pelo Tricolor.
NO SÃO PAULO EM 2019
Cuca conseguiu uma façanha logo em sua primeira partida nesta passagem pelo São Paulo: depois de sete derrotas em sete jogos no Allianz Parque, o Tricolor arrancou um empate sem gols na semifinal do Paulistão e eliminou o rival nos pênaltis.
NO SÃO PAULO EM 2004
Cuca estava à frente do São Paulo em uma jornada épica na Libertadores de 2004. O time perdeu o jogo de ida das oitavas de final para o Rosario Central por 1 a 0, na Argentina, e saiu atrás logo no começo do jogo no Morumbi. Para piorar, Luis Fabiano teve a chance de empatar de pênalti e perdeu. Grafite, que saiu do banco ainda no primeiro tempo, fez 1 a 1 no último lance antes do intervalo. Com a torcida em polvorosa, Cuca manteve os jogadores no gramado e, no segundo tempo, Grafite marcou mais um. Nos pênaltis, Rogério Ceni defendeu duas cobranças e classificou o Tricolor, que cairia nas semifinais daquela competição para o Once Caldas.
NO GOIÁS EM 2003
O treinador assumiu o Goiás na reta final do primeiro turno do Brasileirão de 2003, com o time atolado na zona do rebaixamento. Com ele, o Esmeraldino chegou a ficar 16 partidas sem perder e ganhou até do campeão Cruzeiro, terminando em nono lugar e garantindo uma vaga na Sul-Americana. Foi esse trabalho que colocou Cuca no radar dos grandes clubes brasileiros, tanto que o São Paulo o contratou para 2004.
NO FLAMENGO EM 2009
Cuca foi vice-campeão carioca duas vezes seguidas, ambas dirigindo o Botafogo em finais contra o Flamengo, em 2007 e 2008. Em 2009, os mesmos clubes chegaram à decisão mais uma vez, mas dessa vez o treinador estava do lado rubro-negro e teve de ouvir a torcida alvinegra gritar que "vice é o Cuca". Após empate por 2 a 2 no primeiro jogo, o Fla abriu 2 a 0 na partida de volta e colocou uma mão na taça. Mas o Botafogo empatou no segundo tempo e despertou os fantasmas de Cuca. Os vices seriam mesmo culpa dele? Nos pênaltis, o Flamengo venceu. Foi o primeiro grande título da carreira do treinador.
NO FLUMINENSE EM 2009
Livrar o Fluminense do rebaixamento foi um dos maiores desafios da carreira de Cuca, se não o maior. Ele assumiu a equipe com o campeonato em andamento, substituindo Renato Gaúcho, e chegou a ver os matemáticos dizerem que a chance de queda era de 99%. Mas uma arrancada fulminante, com 19 pontos ganhos nas sete rodadas finais, livrou o Tricolor Carioca da queda. Paralelamente, a equipe ainda chegou à final da Copa Sul-Americana - perdeu a ida para a LDU por 5 a 1 e por pouco não se recuperou na volta, quando venceu por 3 a 0. Nascia ali o time de "guerreiros", como o Flu campeão nacional em 2010 e 2012, já sem Cuca, foi chamado.
NO CRUZEIRO EM 2011
O Cruzeiro de Cuca chegou ao segundo jogo da final mineira de 2011 em situação pior que a do São Paulo na decisão paulista de 2019: foi derrotado por 2 a 1 pelo Atlético-MG no jogo de ida. Na volta, porém, ganhou por 2 a 0 e foi campeão.
NO ATLÉTICO-MG EM 2013
Cuca conquistou o maior título da história do Galo em uma epopeia que teve Ronaldinho Gaúcho - indicação sua ao presidente Alexandre Kalil - como grande estrela. As quartas de final, a semifinal e a final foram decididas nos pênaltis. Contra o Tijuana (MEX), Victor defendeu um pênalti que classificaria os mexicanos no último minuto do segundo jogo. Contra o Newell's Old Boys (ARG), Guilherme marcou o gol que levou a disputa para as penalidades no fim do segundo tempo da partida de volta. Contra o Olimpia (PAR), na final, o Galo devolveu o placar de 2 a 0 da ida com muito sofrimento no Mineirão. A cada vez que as coisas pareciam ficar impossíveis, o Galo crescia ao som do "eu acredito" gritado pela galera.
NO PALMEIRAS EM 2016
Com Cuca, o Palmeiras conquistou em 2016 um título que já não vinha desde 1994. Como se não bastasse, o técnico ainda quebrou tabus importantes em sua primeira passagem pelo clube: o Verdão voltou a vencer o Corinthians no Pacaembu após 20 anos (no Paulista), bateu o Sport em Pernambuco depois de sete anos, superou o Atlético-PR em Curitiba depois de oito anos e venceu o Internacional no Beira-Rio depois de 19 anos.