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Tricolor na final: Ceni pode liderar de vez o panteão de ídolos do São Paulo

Primeiro título como treinador vira obsessão para maior goleiro da história tricolor

montagem de Rogério Ceni com duas imagens
Multicampeão como jogador, Ceni tenta quebrar jejum no banco de reservas (Montagem LANCE!)

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O torcedor do São Paulo se acostumou nas últimas semanas a ver Rogério Ceni dizer, em todas as entrevistas, que só permanecerá no clube caso conquiste a Copa Sul-Americana. Com uma franqueza que chega a assustar, o ex-goleiro, um dos maiores ídolos da história tricolor, diz também que precisa ver ainda 'se o time terá condições de disputar a Copa Libertadores' e que promoveria 'uma reformulação no plantel'. Tudo a menos de 20 dias do duelo em Córdoba (Argentina) às 17h (de Brasília) do dia 1º de outubro, contra o Independente del Valle, do Equador.


+ Com Sul-Americana, São Paulo amplia recorde de time brasileiro finalista em torneios continentais


>>> De hoje até o dia da decisão da Copa Sul-Americana, o LANCE!  mostra o São Paulo que busca de encerrar o jejum de dez anos sem conquistas internacionais. Na série especial 'Tricolor na Final', a caminhada rumo ao título.

Entrevistas quase sempre recheadas de frases emblemáticas vêm sendo a tônica de Ceni, nesta sua segunda passagem pelo Morumbi, no banco de reservas. E, conforme pessoas próximas do treinador, ouvidas pelo LANCE!, é a forma como o eterno dono da camisa 1 encara a responsabilidade de ser o comandante. 

- Rogério aprendeu como as coisas funcionam, da pior maneira possível, na sua primeira passagem... Aprendeu que a vida de treinador é muito mais difícil que a de atleta. E que o tempo passa. O vestiário que já foi dele um dia, hoje é de outros jogadores - disse um ex-jogador são-paulino que pediu anonimato.

Contratado em 2017 para técnico - dois anos depois de pendurar as chuteiras -, Ceni sentiu na pele a força da desmistificação. Depois dez meses, com aproveitamento de 49,5% (14 vitórias, 13 empates e dez derrotas), foi demitido pelo presidente da ocasião, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.

O ex-goleiro foi atacado pela máquina de destruir reputações depois criticar a condição de saída: viu se tornar público o pagamento da multa rescisória de R$ 5 milhões e a cláusula de que não poderia fazer críticas públicas ao dirigente. Algo corriqueiro em contratos assinados no Tricolor.

- Criou-se uma baboseira de que são-paulino de verdade abriria mão do dinheiro. Uma ladainha tão suja quanto porca. A verdade é que usaram ele para o processo político e, depois de conquistarem seus reais objetivos, o descartaram. E ele sabe disso. Entendeu que não existe amor. Existe o Rogério Ceni treinador, profissional. E é isso que precisa bastar. Ninguém que tenha feito tanto pelo clube precisa sair por aí vomitando que é torcedor - disse um conselheiro ao L!.

Leco e Rogério Ceni - São Paulo
Leco e Ceni em 2017: relação terminou ruim (Rubens Chiri/SPFC)

OBSESSÃO, RECORDES, TRABALHO E TÍTULOS: O FATOR CENI 

O L! passou três dias falando com dirigentes, sócios, torcedores e ex-jogadores do São Paulo. Alguns muito próximos ao ex-goleiro. Outros mais distantes. Todos com uma opinião clara: Ceni é um homem que não sabe sorrir.

Obcecado, o eterno camisa 1 vê a conquista de um título pelo Tricolor como fator primordial para sua carreira como técnico, por mais que já tenha faturado um Carioca e um Brasileirão, pelo Flamengo. Não é pouco para muita gente. É para ele.

Despedida Rogério Ceni - São Paulo
Ceni em sua despedida dos gramados, em 2015 (Divulgação)


Dono de 1.237 jogos com a camisa são-paulina (recorde do clube), 648 vitórias (recorde do clube) e 131 gols marcados (recorde do futebol mundial), a meta é alcançar o panteão da idolatria tricolor em outra frente.

- O Rogério não curte a vida. É meu amigo, mas eu digo, não aproveita, não desfruta. O cara é o maior jogador da história do São Paulo. O que você estaria fazendo? Se arriscando como técnico? Não existe nada mais difícil do que ser treinador de futebol. Nos dias de hoje, o cara precisa comer, viver futebol 24 horas por dia para dar certo. E fazer isso dez vezes mais no Brasil - disse o jornalista da 'ESPN', André Plihal, são-paulino confesso, ao podcast 'Futeboteco'.

Com a vitória do São Paulo sobre o Ceará, por 2 a 0, no domingo (18), Ceni completou 114 partidas no comando da equipe tricolor. A marca o deixa empatado com Paulo César Carpegiani, na décima posição do ranking histórico de treinadores com mais partidas na história do clube.

Ainda está longe do primeiro colocado, Vicente Feola, com 555 jogos. Mas alguém ainda duvida de sua persistência? Não deveria. Ao todo na história, o São Paulo teve 29 ex-jogadores como técnicos efetivos. Apenas três deles foram campeões: Muricy Ramalho, Nelsinho Baptista e José Poy. A pressão que se coloca tem certa razão, afinal para um ídolo absoluto, quanto mais listas de recordes figurar, melhor.

- É o cara mais sério com quem eu trabalhei no futebol. Era o primeiro a chegar e o último a ir embora. Tem a excelência como premissa, não se contenta com pouco. As pessoas tem uma imagem de coitadinho de jogador de futebol. E o Rogério foge disso. É um cara que estuda muito, sabe falar outros idiomas, está antenado no que acontece no futebol. E não desiste enquanto não alcançar seus objetivos - disse o ex-volante Renan, campeão Paulista, da Libertadores e Mundial ao lado do ex-goleiro, em 2005.

Rogério Ceni - Gol 100
A festa pelo centésimo gol: marca mundial (Foto: Paulo Whitaker)

NÚMEROS

EX-JOGADORES QUE FORAM TÉCNICOS DO SÃO PAULO

Alfredo Ramos
Armando Renganeschi
Zarzur
Caxambu
Clodô
Darío Pereyra
Diego Aguirre
Doriva
Formiga
Jair Rosa Pinto
João Leal Neto
José Carlos Serrão
Jose Poy
Leônidas da Silva
Márcio Araújo
Mário Sérgio
Milton Cruz
Muricy Ramalho
Nelsinho Baptista
Pablo Forlán
Pintado
Pita
Ponzoníbio
Remo Januzzi
Roberto Rojas
Rogério Ceni
Sérgio Baresi
Silva
Vizolli

EX-JOGADORES QUE FORAM CAMPEÕES COMO TÉCNICO

Muricy Ramalho
5 títulos: Copa Conmebol (1994), Copa Masters Conmebol (1996) e Brasileirão (2006,2007 e 2008)

Nelsinho Baptista
1 título: Campeonato Paulista (1998)

José Poy
1 título: Campeonato Paulista (1975)

*Os dados desconsideram Rubens Minelli, que passou pelas categorias de base do Tricolor

TÉCNICOS COM MAIS JOGOS NO COMANDO DO SÃO PAULO

1 - Vicente Feola - 555 jogos
2 - Muricy Ramalho - 474 jogos
3 - José Poy - 422 jogos
4 - Telê Santana - 410 jogos
5 - Cilinho - 249 jogos
6 - Joreca - 172 jogos
7 - Rubens Minelli - 166 jogos
8 - Carlos Alberto Silva - 154 jogos
9 - Osvaldo Brandão - 141 jogos
10 - Paulo César Carpegiani e Rogério Ceni - 114 jogos

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