Luiz Gomes: Camisa 10 da Seleção merece ser ‘imortalizada de verdade’
Se estamos diante de um símbolo, como tal ele deveria ser tratado. Preservado, como defende PVC. Quantos clubes já aposentaram camisas de ídolos que fizeram história?
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Em um desses programas de debates no canal SporTV, o craque Petkovic e o jornalista Sérgio Xavier Filho protagonizaram há alguns dias um acalorado bate-boca até hoje reproduzido a rodo nas redes sociais. Sérgio afirmou que, desde Pelé, era Neymar o melhor jogador de todos os tempos no Brasil, provocando reação recheada de ironias do sérvio. "Melhor ouvir isso do que ser surdo", disparou ele, encerrando a discussão que se arrastava.
Em que pese a admiração que tenho por Serginho, desde os tempos em que foi editor de Placar, na quase finada editora Abril, dessa vez tendo a concordar com Pet. Sem pensar muito e sem voltar muito no tempo surgem na memória nomes como Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Romário, Zico, Falcão, Sócrates e outros tantos que, por seu talento genuíno ou pelo poder de decisão em uma partida superam - ou ao menos se equiparam - ao camisa 10 do PSG na lista dos "sucessores" (assim mesmo, entre aspas) do único e inigualável Pelé.
Essa discussão não tem fim. Vem de décadas e atravessará décadas, sempre que um novo fora de série surgir, seja nos gramados tupiniquins, seja lá fora, com Maradona, Messi e Cristiano Ronaldo, por exemplo, O reinado de Pelé e sua sucessão não são, contudo, o tema dessa coluna, servem apenas como uma introdução.
O que Pelé e Neymar têm em comum - e talvez seja mesmo apenas isso, como atletas e como homens - é que ambos vestem a camisa 10 da Seleção Brasileira. E um fato. Se o atacante-celebridade está a altura de honrá-la ou não é outra história.
A camisa 10 amarela, sem sombra de dúvidas, é um símbolo do futebol mundial, transcende em muito as nossas fronteiras, imortalizada nas telas do cinema, na música, em pinturas, esculturas e desenhos de artistas por todo o planeta. É o objeto de desejo de onze entre dez amantes do futebol.
Ontem, no amistoso, ou para ser mais preciso, na pelada internacional entre Brasil e Panamá na Cidade do Porto, Lucas Paquetá foi o usuário da camisa 10. Sinal de prestígio, sem dúvidas, ainda que num jogo sem a menor importância, sem o menor sentido de ter existido.
A escolha de Tite gerou um comentário do colunista Paulo Vinicius Coelho, em sua crônica diária na "Rádio CBN", sobre o peso que deveria ter a camisa 10 do Brasil. No entender de PVC, ela deveria ser poupada. Paquetá, uma estrela em ascensão, sem dúvida não é o que mais surpreendente apareceu em campo com o manto de Pelé. Foi apenas o início, a cria rubro-negra tem bola para voltar a usá-la por muito mais vezes. Mas nomes como o hoje treinador Cristóvão, Silas, Amoroso, Carlos Eduardo ou, apenas nessa década como mostrou esse LANCE!, Jadson, Lucas Lima e Ganso também já vestiram amarelinha com o um e o zero às costas. Em passagens fugazes, imerecidas, sem nenhuma relevância.
E este é o ponto. Se estamos diante de um símbolo, como tal ele deveria ser tratado. Preservado, como defende PVC. Quantos clubes já aposentaram camisas de ídolos que marcaram de forma definitiva suas histórias? Há uma boa dose de saudosismo nisso tudo? Certamente, que sim. Mas inspirar-se e reverenciar o passado em tempos bicudos como os de hoje pode ajudar manter o rumo, a resgatar valores e princípios, inclusive, que parecem perdidos. Talvez, quando Pelé se for - e tomara que isso ainda demore muitos e muitos anos mais para acontecer - a camisa 10 seja, enfim, tratada da forma como sempre mereceu. Quem sabe, imortalizada de verdade!
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