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Em paz com a Globo, CBF prevê data para vender direitos da Seleção

Rogério Caboclo, diretor executivo de gestão, prevê fechamento do processo de licitação ao final de setembro. Ele justifica contratação de agência para processo

Brasil x Argentina
imagem camera(Foto: Thomas Santos/Mowa Press)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 21/08/2017
23:27
Atualizado em 22/08/2017
07:30

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A CBF fez uma experiência de transmitir por meios próprios, na internet e em TV pública, os últimos dois amistosos da Seleção Brasileira. Passado o experimente, considerado um sucesso pela entidade, já foi dado o pontapé inicial para a comercialização dos direitos de transmissão dos jogos da Seleção até a Copa de 2022. Segundo o diretor executivo de gestão da entidade, Rogério Caboclo, que conversou com o LANCE!, a previsão é que o processo termine ao final de setembro. 

Caboclo ainda ressalta que a relação com a Globo não ficou abalada pelo fato de a emissora não ter transmitido os jogos do Brasil contra Argentina e Austrália. Além desse tema, o diretor da CBF aborda os planos relacionados à internacionalização do futebol brasileiro e como os clubes se enquadram nisso.

"A CBF tem um profundo respeito e conhecimento pela TV Globo, pelo papel que exerce na evolução do futebol brasileiro".

A CBF agora já deu o pontapé inicial, ao contratar a agência Synergy, no processo de licitação para venda dos direitos da Seleção. Qual o cronograma para o projeto?
O projeto é para que tudo esteja concluído ao término do mês de setembro. Ele tem feito contato com as emissoras, caminhado para dar independência e transparência ao trabalho. Não é a CBF tratando de algo do seu interesse direto, ela contratou aquele que reuniu melhores credenciais, que já teve atuações importante em processo de concorrência e valorização de produtos importantes, como a Champions League.

Por que essa empresa foi a escolhida?
A CBF tem conversado com emissoras e agências de âmbito mundial e procurado conhecer de cada uma a perspectiva do mercado doméstico e internacional. Uma pessoa que reuniu boa parte das recomendações foi o Patrick Murphy. A agência se mostrou com qualidade e foi escolhida. Não tem relação com a Conmebol, a indicação não veio dela. Mas o fato de ele estar na Conmebol também mostra que estávamos certos nas nossas percepções.

Qual a avaliação da CBF sobre as transmissões via web e TV Brasil dos últimos amistosos da Seleção Brasileira? Sem a Globo...
A CBF tem um profundo respeito e conhecimento pela TV Globo, pelo papel que exerce na evolução do futebol brasileiro. Mas, dentro do processo de transformação, chegou o momento de a CBF escolher caminhos, como é a concorrência e a transmissão própria, que começou com os jogos da Seleção e pode, a médio prazo, caminhar para competições, independentemente de a Globo vir a ter os direitos. É uma coisa de propensão mundial, que as entidades possam concentrar os direitos de transmissão e potencializar o seu produto. A experiência da CBF, ao nosso ver, foi positiva. Os resultados, tanto em termos de audiência quanto de qualidade de transmissão, se mostram muito elevados.

Mesmo com a concorrência, vocês podem manter o direito de transmitir algum jogo da principal no Facebook? Ou não?
Isso vai depender da conclusão do projeto de concorrência, das regras que vão ser mostradas ao mercado. É uma das variáveis que estão sendo consideradas.

Então não é coisa para nunca mais...
Acho que é o momento em que esse momento híbrido pode funcionar.

A venda dos direitos vai ser mesmo em três vias: TV aberta, fechada e internet?
É um assunto que está em discussão. Patrick tem ido ao mercado para ouvir opiniões de potenciais candidatos para que ele possa nos trazer para a decisão da montagem de uma engrenagem que será apresentada ao mercado.

Essa questão abrange também a iniciativa da CBF de, no projeto de internacionalização, juntar os clubes para dar à entidade o poder de vender os direitos internacionais do Brasileirão. Mas, pelo que ouvi, tem gente com pé atrás...
A maioria já apresentou. Eu não diria um pé atrás, mas os mecanismos internos de aprovação variam de clube a clube. Entendemos isso. Vai haver uma concorrência desses direitos também. Os que estiverem interesse, já estão convidados. Os direitos domésticos já foram entregues, estamos tratando de
direitos internacionais para as competições.

"Por muito tempo, as pessoas falavam que os clubes brasileiros tinham que atuar fora do Brasil para internacionalizar a marca. Entendemos que é o contrário"

O futebol brasileiro é visto lá fora. A informação chega lá. Mas que tipo de discussão existe na CBF para que esse fenômeno gere receita para as entidades e clubes daqui e não para outro eventual intermediário?
Por muito tempo, as pessoas falavam que os clubes brasileiros tinham que atuar fora do Brasil para internacionalizar a marca. Nós entendemos que é o contrário. Sem prejuízo para os clubes atuarem lá fora, o que precisamos é que o produto Campeonato Brasileiro, que é premium, chegue a todos os países do mundo. Essa é a missão que a CBF tomou para si. Os clubes consentiram de bom grado, compreendendo que, diferentemente dos direitos domésticos de transmissão, os direitos internacionais funcionam bem de forma conjunta, não existe um mercado específico para clubes. Então, o conjunto permite que a competição chegue ao patamar de algumas das mais relevantes do mundo.

E como gerar mais receita, além dos direitos de transmissão? Hoje, a realidade vista nos balanços financeiros é de uma dependência muito grande do dinheiro da TV...
Tem uma série de atividades que a CBF tem feito para tentar qualificar as competições: padronização dos gramados, melhora da qualidade, o projeto de licença dos clubes, que vai trazer qualificação, e, ao mesmo tempo, percebemos que a gestão dos clubes têm evoluindo muito. Há dirigentes mais preparados, gestão mais qualificada. O futebol brasileiro teve um salto de receitas muito grande nos últimos 15 anos. E não só concentrada em direitos de transmissão, mas em patrocínios, tíquete médio dos jogos, uma série de cenários inexplorados antigamente. A CBF procura, ao mesmo tempo, valorizar os produtos. Um exemplo é a Copa do Brasil.

A partir do ano que vem, o valor das cotas da Copa do Brasil alcançam um valor jamais visto, totalizando cerca de R$ 300 milhões, ao todo, por edição. Como foi essa negociação?
Há uma conjunção de fatores comuns. Uma competição se mostra eletrizante, toma o interesse da população, todo mundo acompanha e traz retornos importantes em termos de lotação de estádios, audiências, retorno financeiro e comercial para todas as partes. O valor que alcançamos foi mais do que o triplo que vinha sendo praticado.

Voltando ao assunto imagem, o quanto ajuda ter na Seleção Brasileira um profissional como Tite?
Tite tem qualidades, características pessoais, que ajudam em qualquer situação. É um ótimo gestor de grupo, excelente em campo e um ótimo porta-voz. É uma pessoa preparada, que está no lugar certo, no momento certo. O presidente Marco Polo não poupa esforços para acolher todas as necessidades e conferir à comissão técnica toda estrutura que precisa.

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