Seleção Brasileira: CBF tenta despolitizar camisa amarela após manifestações

Forte símbolo durante o período eleitoral no Brasil, CBF tenta desatrelar imagem de políticos de tradicional uniforme da Seleção

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A camisa da Seleção Brasileira, nas tradicionais cores verde e amarela, já não é vista por muitas pessoas da mesma forma. Símbolo das glórias da Canarinho, o uniforme virou uma personificação da polarização política do país nos últimos anos. Pior para CBF e Nike, que tentam contornar a situação na Copa do Mundo.

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Durante o período eleitoral e o governo de Jair Bolsonaro, presidente em exercício desde 2018, o mandatário sempre fez questão de ter a camisa do Brasil como um dos símbolos de campanha. Em eleições muito equilibradas - em 2018, com Fernando Haddad, e 2022, com Lula -, a "marca registrada" gerou antipatia de parte dos brasileiros pela camisa. 

Manifestações de eleitores de direita desde 2015 são marcados por camisas da Seleção. Protestos recentes de apoiadores bolsonaristas, inclusive, também têm vários uniformes da Canarinho.

Coincidência ou não, a camisa azul foi a primeira a esgotar no site da Nike, fornecedora do Brasil, durante as vendas dos novos uniformes da Seleção Brasileira para o Qatar. 

A CBF usa o marketing para tentar afastar qualquer relação com a política da camisa da Seleção desde o lançamento dos novos uniformes para o Mundial. A campanha "Brasilidade", que estampou as camisas, teve a presença do cantor Djonga, conhecido por seu posicionamento político crítico a Jair Bolsonaro.

Djonga em propaganda da Seleção Brasileira (Foto: Divulgação/CBF)

Ednaldo Rodrigues, presidente da entidade, faz parte como figura pública e, desde que assumiu o cargo, não se encontrou com Jair Bolsonaro, que é presença frequente em vários jogos do futebol brasileiro. O mandatário também não se manifestou sobre a vitória de Lula - e nem pretende fazê-lo.

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A Nike é outra grande interessada no fim desta "divisão". Por contrato, a CBF não ganha royalties por camisas vendidas - e sim um valor fixo por ano. A marca norte-americana é que ganha dinheiro a cada peça vendida. A companhia se mostra a favor às campanhas da Seleção em ser progressista com a diversidade.

Seja por Bolsonaro, Lula ou qualquer outro político, a posição da CBF é em recuperar a torcida brasileira pela camisa da Seleção. Dos dirigentes dos mais altos postos às campanhas de marketing, a entidade parece ter um longo trabalho pela frente.

Como surgiu a camisa amarela da Seleção 

A camisa da Seleção Brasileira é, originalmente, de cor branca e com detalhes azuis. Essa foi a combinação predominante na equipe até 1950, quando o Brasil foi derrotado pelo Uruguai na final da Copa do Mundo no Brasil.

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Após o "Maracanazo", porém, foi colocado que o uniforme de cor branca estava dando azar para a Seleção. A partir disto, o jornal "Correio da Manhã", em parceria com a Confederação Brasileira de Desportos (CDB), criou um concurso para escolher o novo uniforme. O vencedor foi Aldyr Garcia Schlle, um gaúcho de 19 anos, que sugeriu a escolha de um uniforme amarelo com detalhes verdes, seguindo a lógica da bandeira.

O Brasil estreia na Copa do Mundo contra a Sérvia na próxima quinta-feira às 16h (de Brasília), no Estádio Lusail. A equipe comandada por Tite entrará em campo com o uniforme amarelo.

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