Seleção cria família própria, mas tem parentes ‘na cola’ durante Olimpíada
Jovens jogadores são acompanhados de perto por pessoas queridas. Apegado à mulher e às filhas, técnico Rogério Micale usa isso como motivação e espera cartas ao voltar para casa
A união é uma das armas da Seleção Brasileira para conquistar o inédito ouro olímpico. As adversidades enfrentadas no início da Rio-2016 serviram para fortalecer ainda mais os laços dos jogadores, que estão agora a duas vitórias do lugar mais alto do pódio. No entanto, esta “família” não substituiu as de sangue, que seguem na cola da equipe durante os Jogos.
Aproveitando o fato de a competição ser disputada no Brasil, familiares de jogadores estão muito próximos da Seleção. Antes e depois das partidas, os atletas têm recebido visitas de pais, irmãos e outros parentes nas concentrações, tudo com o aval do técnico Rogério Micale, que entende que a presença dos entes queridos pode ajudar o grupo, quase todo de jovens.
Em Brasília, Felipe Anderson reviu diversos familiares. Na Bahia, foi a vez de Wallace. Já em São Paulo, o atacante Luan encontrou parentes em hotel. Os casos são diversos e há até quem esteja “peregrinando” atrás da Seleção, caso dos pais de Gabigol, Neymar e Thiago Maia, por exemplo, que têm viajado por onde o Brasil joga.
Extremamente apegado à mulher Silvana e às três filhas, Carol, Natália e Amanda, o técnico Rogério Micale passou o Dia dos Pais, no último domingo, distante de quem mais gosta e também perderá outras datas importantes, mas tenta usar isso como motivação, como conta:
– Espero que a medalha seja presente do Dia dos Pais, de 25 anos de casamento, que vou fazer dia 16, e de aniversário da minha filha mais nova, que no dia 20 completa 17 anos. Não vou estar presente, mas depois vamos ter todo o tempo do mundo para comemorar. Tudo o que eu faço, penso em minhas filhas e na minha esposa. Nos momentos difíceis, sempre tem uma palavra de apoio, elas me escrevem para fortalecer. Sou muito grato pela família que tenho. Tudo o que faço é buscando o bem-estar da minha família, das minhas meninas. Sei que já tem três cartas feitas para o Dia dos Pais. Nenhuma delas está trabalhando, então o presente sai do meu bolso, prefiro que elas escrevam uma cartinha em vez de me dar presente (risos).
No papel chefe da “família” da Seleção, Micale preza pela felicidade de todos, tanto que chegou a pedir desculpas a Thiago Maia por tirá-lo do time.
- Não tenho como colocar 12. Ele fez duas partidas excepcionais. Confesso que se fosse em no Campeonato Brasileiro eu poderia retornar com ele, para não tirar a segurança dos meus jogadores. A gente sente tirar um jogador que vinha sendo um dos destaques, mas estamos com um grupo fantástico, jogadores que entenderam o objetivo maior. Conto com o Thiago, ele sabe disso - argumentou Micale.
O paizão, porém, não recebeu presentes neste domingo, mas não se importou. O que mais deseja é dourado e pode vir no sábado. O grupo demonstra estar "fechado" com o técnico neste objetivo, como fica claro nas palavras do goleiro Weverton:
- O Micale sempre fala da humildade dele, do quanto a família joga junto, sofre junto e sente quando vê alguém criticar o trabalho ou alguém do elenco, pois sabe que aqui tem gente honesta, trabalhadora, que passa horas sem dormir. Estamos há dias sem ver as pessoas que amamos em busca desse sonho. Ele sempre nos fala isso, para junto a gente buscar esse sonho que é possível. Vamos lutar porque o sonho do Micale é o de todo mundo!