Willian resgata memórias da mãe e se vê pronto: ‘Hoje estou bem melhor’
Titular do Brasil na estreia, neste domingo, em Rostov, contra a Suíça, o meia superou a perda de dona Zezé em 2016 para se firmar: 'Quando a gente entende, consegue reagir'
No espaço de tempo de quatro anos entre a última Copa do Mundo e a atual edição, a vida de Willian mudou. Hoje um dos titulares do técnico Tite e prestes a entrar em campo pela Seleção Brasileira na estreia do Mundial da Rússia, neste domingo, às 15h, em Rostov, contra a Suíça, o meia teve de enfrentar a morte de sua mãe, em 2016. Regenerado e emocionalmente recuperado, o camisa 19 do Brasil carrega agora as lembranças de Maria José, conhecida como dona Zezé, e se vê preparado para ajudar a na busca pelo hexacampeonato.
- Hoje estou bem melhor, recuperado do que passei, foi um momento difícil emocionalmente, me emocional acabou afetando fisicamente, dentro de campo, às vezes a gente tenta, mas a cabeça acaba não indo. E aí, não acontecia. Foi difícil, mas hoje eu sinto muito bem, recuperado da morte, não quer dizer que não sinta falta ou saudade. Sinto muita saudade, muita falta. Mas estou bem recuperado, a gente vai entendendo de cada coisa, da morte... Deus sabe o melhor para cada um. Quando a gente entende, consegue seguir - fala, em entrevista ao LANCE!, e completa, relembrando a alegria de dona Zezé após a convocação para a Copa de 2014:
- Foi um momento legal, as lembranças boas permanecem. Procuro relembrar esses momentos bons. Desde quando era pequeno, quando me levava para os treinos, no Corinthians, quando fui para a Copa de 2014. Coisas que vão ficar guardadas. Ficou muito feliz. Ficaria muito feliz agora. Ela foi em alguns jogos, como na estreia em São Paulo (contra a Croácia, em Itaquera, na Copa de 2014). Mas sempre acompanhava em casa. Nas folgas, a gente podia ir para casa, encontrava a família, fazíamos almoço.
Se em relação à família Willian se mostra emotivo, dentro de campo é conhecido por um estilo mais frio e tranquilo. O meia admite tal personalidade, mas ressalta que isso é bem diferente de ser "sonolento". Para a Copa de 2018, se apresenta mais maduro, trazendo consigo uma cicatriz da dura derrota para a Alemanha em 2014.
- É meu estilo, não sou cara de brigar dentro de campo, gosto de jogar meu futebol, claro que a frieza não pode ser sonolento, tem que ser frio, mas não sono, é diferente. Por ser mais tranquilo, mais quieto, não fico gritando, aquelas orientações normais. Nunca atrapalhou, sempre procurei ser agressivo com a bola, fazer jogadas, pressionar os zagueiros. Tivemos tempo suficiente para esquecer 2014. A cicatriz permanece, foi uma derrota complicada, que ficará marcado na história de futebol. O bom é que sempre ter uma nova oportunidade de fazer diferente - pondera.
E justamente o estilo "agressivo com a bola" o coloca como uma das peças mais importantes da Seleção, comandada por Tite. Questionado sobre se tornar o protagonista do Brasil, Willian prefere desconversar.
- Chego bem, estou muito bem, em ótima fase, bem fisicamente, tecnicamente, tudo pronto para chegar 100% bem na Seleção. Eu não ligo para isso de protagonismo, acontece naturalmente. O importante é a gente ter um coletivo forte. Se a gente conseguir, as individualidades vão aparecer naturalmente. O que quero é o título - completa, não sem citar a importância de Tite no processo de amadurecimento:
- O amadurecimento veio no dia a dia. Tivemos as Eliminatórias, o dia a dia no trabalho, treinos, tanto com bola, como fora de campo. Vendo vídeos, estudando o time adversário, escutando as ideias do Tite, da comissão. Ele foi importantíssimo, sem dúvida, pra mim não é só treinador, é um gestor, uim cara diferenciado mesmo tanto dentro quanto fora de campo.
Confira outros pontos da entrevista com Willian:
Qual foi o período de maior amadurecimento na sua carreira até aqui?
Cada etapa da minha carreira tem algo importante, a gente vai aprendendo a cada ano, cada fase coisas novas. Mas sem dúvida a minha chegada no Chelsea. Venho amadurecendo bastante, aprendendo bastante.
Ter jogado na Rússia pode te ajudar de alguma forma na Copa?
Eu acho que é indiferente, agora vai estar calor, não vai estar aquele frio que costuma fazer no inverno. Está calor, não vai ter nenhum tipo de vantagem.
Você disse carregar a cicatriz de 2014. O que mais lembra? O que trouxe de lição?
Nós queremos conquistar o hexa para apagar o que houve em 2014. Queremos conquistar por merecimento, trabalho, pela nossa família, pelo povo brasileiro. Aquilo ficou para trás, é outra história. Não posso dizer que vai acabar, mas acho que vamos esquecer. O hoje acaba meio que cobrindo o que aconteceu.
Fica mais a experiência. Não só dos jogadores que estavam, mas a comissão, o futebol brasileiro aprendeu muito com aquela derrota.