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Ex-surfista da elite mundial critica CBSurf e circuito brasileiro. Presidente explica

Raoni Monteiro, surfista profissional, não concorda com taxa de inscrição e formato do campeonato nacional. Presidente diz que valor é para cobrir custos dos eventos

Raoni Monteiro e Adalvo Argolo
imagem cameraRaoni Monteiro disputou etapas da elite mundial entre 1999 e 2014. Adalvo Argolo é presidente da CBSurf desde a fundação da entidade, em 1998. (Fotos: Divulgação; Reprodução)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 23/01/2020
15:25
Atualizado em 23/01/2020
15:55

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Na última terça-feira, o surfista Raoni Monteiro, ex-integrante da elite mundial, publicou um vídeo em uma rede social no qual fez duas críticas à gestão de Adalvo Argolo, presidente da Confederação Brasileira de Surf (CBSurf). Segundo o atleta, o objetivo da publicação foi mostrar a realidade do surf brasileiro profissional. 

-  A CBSurf recebe uma verba do governo de mais de R$ 800 mil por ano para realizar um circuito profissional de alto nível. Só que isso não acontece. Muitos atletas deixaram de competir por conta do valor abusivo de inscrição em cada etapa: R$ 390,00. Eu mesmo fui um dos que não competiu nenhuma etapa. Isso é totalmente fora da realidade. Um circuito fraco, com apenas três etapas - disse o surfista natural de Saquarema, no Rio de Janeiro.

Raoni Monteiro também criticou as mudanças realizadas pela CBSurf no formato de disputa e no critério para obtenção de vaga do circuito brasileiro para 2020. De acordo com o regulamento, publicado na página oficial na internet da entidade, a partir desse ano, cada etapa do campeonato brasileiro será disputada por 48 atletas no masculino e 24 no feminino. 

No masculino, as vagas serão divididas da seguinte forma: os 22 melhores atletas do campeonato brasileiro de 2019, nove que disputaram o World Championship Tour (WCT, a elite mundial) e/ou o World Qualifying Series (WQS, a divisão de acesso), o campeão nacional sub-18, o melhor brasileiro junior no mundial, o campeão de 2019 do circuito da Federação local, dois convidados pela CBSurf e os doze melhores da triagem. 

- Eu até me enquadraria no novo formato, por ser ex-WCT, mas quero minha vaga por mérito, quero competir de igual para igual com todos. Não veria nada de errado se isso fosse comunicado um ano atrás. O que a CBSurf está fazendo é errado. Por isso, quero pedir união de todos os atletas que competem o circuito brasileiro, todo surfista profissional, para tirar essa galera do poder da Confederação - pediu o surfista. 

De acordo com Raoni Monteiro, a média de surfistas por etapa no brasileiro do ano passado foi de 55 atletas no masculino. Procurado pelo LANCE!, Adalvo Argolo, presidente da CBSurf, se manifestou e disse que os três eventos do circuito (Ceará, Santa Catarina e São Paulo) tiveram em média 24 mulheres e entre 70 e 80 homens cada. 

Segundo o dirigente, ele não pretende ''entrar em uma discussão com Raoni Monteiro, porque isso não seria salutar para o surfe, mas não tem como agradar 100%e que críticas são construtivas e o mais importante é encontrar soluções juntos''. 

Argolo confirmou que a Confederação recebe R$ 850 mil de verba pública anual e garantiu que 90% do dinheiro é investido no atleta, sendo 50% direcionado ao surfista profissional e o restante ao pagamento de operações, circuito junior e viagens. O presidente revelou que a CBSurf precisa de patrocinador e que o ano de 2020 é fundamental para o fomento à prática do esporte. 

- Todos os dados estão no site da Confederação, na parte de transparência. O dinheiro é gasto como pode, não como a gente quer. Nós trabalhamos para o surf brasileiro. Com patrocinadores, podemos ter uma janela maior nos eventos, que hoje é de um final de semana apenas. Não podemos perder o ano olímpico, com o esporte estreando nos Jogos. Essa é uma data que não será esquecida. 

Segundo Argolo, a Confederação reserva R$ 100 mil da verba pública por etapa. Desse montante, R$ 80 mil são distribuídos em premiação, R$ 10 mil são pagos à Federação local e R$ 10 mil são guardados para a premiação do campeão brasileiro, que em 2020 ganhará um carro de até R$ 40 mil. O dirigente afirmou que a taxa de inscrição, hoje R$ 400,00 por etapa, corresponde também à filiação anual do atleta e explicou a razão do valor.

- Eu sei que a taxa de inscrição é cara porque vários surfistas estão sem patrocinador, mas se não for assim, não viabilizamos os eventos. Esse valor vai para a estrutura, pagar o staff, hotel, alimentação, passagem. Não fica lucro. Eu considero relativamente barata comparada à premiação. O surfista brasileiro precisa de algo diferente, um circuito legal, com um carro de premiação. É o que temos de verba pública. 

Por fim, Adalvo Argolo disse que o circuito brasileiro da modalidade está aberto a todos os surfistas e que a entidade busca inspiração na World Surf League (WSL, a liga mundial de surf). 

- Não proibimos ninguém de participar. É um circuito bem democrático, benéfico para o Brasil inteiro, mas cada atleta tem uma estratégia. Um quer priorizar o WCT, outro o WQS, respeitamos isso. Nós prezamos pela qualidade e essas mudanças vão ser boas para os surfistas brasileiros. Estamos seguindo o exemplo da WSL e queremos fazer o surfe render, andar para frente. Não vou citar nomes, mas a maioria que competiu no WCT e WQS me ligou dando os parabéns, mostrando interesse. 

O campeonato brasileiro de surf, o CBSurf Pro Tour, tem início previsto para 24 de abril, em Torres, no Rio Grande do Sul. O circuito masculino terá quatro etapas, além da já citada, os homens competirão em Natal (junho), Fortaleza (agosto) e no estado de São Paulo (outubro), com cidade ainda a ser definida. O circuito feminino tem uma etapa a menos e não competirá na capital potiguar.

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