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Comunidade do tênis se une para pressionar China sobre o paradeiro de Peng Shuai

Campanha ganha as redes sociais e tenta encontrar ex-Nº1 do mundo desaparecida desde 2 de novembro

Comunidade internacional do tênis busca por Peng Shuai, desaparecida na China
imagem cameraCampanha nas redes sociais procura por informações sobre Peng Shuai (Reprodução)
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Lance!
Porto (POR)
Dia 18/11/2021
20:22
Atualizado em 18/11/2021
20:42

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O desaparecimento da chinesa Peng Shuai, ex-número 1 nas duplas, tem preocupado e mobilizado a comunidade do tênis mundo afora. Utilizando uma foto da tenista de 35 anos sorrindo, fãs, jornalistas, atletas e ex-atletas perguntam "Onde Está Peng Shuai?".

A pergunta se tornou uma hastag em inglês, #WhereIsPengShuai, que tem o intuito de pressionar publicamente, através das redes sociais, em especial no Twitter, as autoridades da China para incentivarem a tenista a aparecer para o mundo ocidental e provar que está bem e em segurança.

A hastag surgiu no último domingo entre fãs de tênis asiáticos e logo foi adotada por tenistas do circuito WTA. As ex-números 1, Chris Evert e Martina Navratilova, foram os dois primeiros grandes nomes a pedirem por informações da chinesa e foram seguidas de jogadoras da atualidade.

Jéssica Pegula classificou a situação como "muito esquisita", enquanto Tara Moore classificou a história como "insana". A ex-número 1 Kim Clijsters afirmou que "Todos nós, jogadores, homens e mulheres, precisamos ficar atrás disso. Precisamos saber se ela está segura!".

O posicionamento da japonesa Naomi Osaka que se disse "chocada" com a situação foi censurado na China.

Durante a disputa do ATP Finals de Turim, os homens foram questionados se sabiam da situação. O número 1 do mundo, Novak Djokovic, se posicionou.

- Quando ouvi a história de Peng Shuai fiquei chocado. Espero que ela esteja bem e que possamos encontrá-la o mais rápido possível - disse o astro, que adotou linha parecida com a de outros nomes, como o francês Nicolas Mahut.

O circuito feminino está massivamente trabalhando com a hastag e a WTA afirmou ao "The New York Times" que pode repensar seu posicionamento e atividade profissional em território chinês em razão da situação de Peng Shuai.

A China é o mercado em que o tênis feminino mais cresceu na última década, com patamares que extrapolam os 40%. Atualmente, 11 torneios do calendário anual realizados no país.

Entre os homens, o apoio à busca de Peng Shuai cresceu nos últimos três dias e diversos tenistas têm compartilhado da preocupação com a chinesa, dentre eles: Marcelo Demoliner, Stan Warinka, Fabio Fognini, Jurgen Melzer, Marc Gicquel, Mahut, Gilles Simon, que chegou a trocar sua foto de perfil pela da chinesa, e outros. O britânico Liam Broady não conseguiu conter sua indignação:

- Eu não posso acreditar que isso está acontecendo em pleno século 21.

Além de atletas, a própria ATP se pronunciou no último dia 15 em apoio à WTA, pedindo pela segurança de Peng Shuai através de seu CEO, o italiano Andrea Gaudenzi:

- Não há nada mais importante para nós do que a segurança da comunidade do tênis. Estamos profundamente preocupados com incerteza em torno da segurança imediata e do paradeiro da jogadora Peng Shuai. Estamos encorajados pelas recentes informações recebidas pela WTA de que ela está segura e que seguirão monitorando a situação. Em uma segunda parte, apoiamos totalmente o pedido da WTA para uma completa, justa e transparente investigação a respeito da denuncia de violência sexual contra Peng Shuai.

O zagueiro do Barcelona e dono da Kosmos Tennis, empresa que organiza a Copa Davis, Gerard Píque, também entrou para a campanha.

Até o momento, mais de 40 mil publicações com a hastag foram feitas no Instagram. No Twitter, apenas nesta quinta-feira 30 mil tweets com a hastag "Where Is Peng Shuai" foram publicados, segundo estima a ferramenta online Global Web Index.

Entenda o caso

Há 12 dias, Peng Shuai, dona de dois títulos do Grand Slam nas duplas (Wimbledon 2013 e Roland Garros 2014), escreveu uma longa publicação em seu perfil oficial na rede social Weibo, a mais popular da China, na qual acusa um dos homens mais poderosos do país, o ex-vice-primeiro ministro Zhang Gaoli de violência sexual.

Na publicação, Peng Shuai também relatava ter sido amante do, agora, político aposentado. Peng diz que a relação amorosa foi consensual e que não tinha provas para confirmar a violência sexual que sofreu. Trinta minutos após a publicação, o texto de Peng Shuai foi censurado e excluído da rede social, bem como o nome da tenista passou a ser bloqueado em mecanismos de buscas na internet da China.

Desde então, a tenista está desaparecida e não responde contato de colegas do circuito e nem da própria WTA. No último domingo, através das autoridades de tênis da China, o CEO da WTA, Steve Simon, foi informado de que a tenista estaria "em segurança" e "saudável", porém, Simon não conseguiu contato pessoal com Peng Shuai.

Nesta quarta-feira, a tensão sobre o caso aumentou depois que a agência estatal chinesa de notícias, CGTN, divulgou um suposto e-mail que teria sido enviado por Peng Shuai repreendendo a WTA por sua posição de cobrança ao governo chinês sobre o caso e sua segurança. Na imagem do que seria o suposto e-mail enviado por Peng Shuai, é possível ver o cursos de digitação, o que não ocorreria com o "print" (registro de imagem) de um e-mail já enviado.

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