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Para Arnold, brasileiros desistem cedo na transição ao profissional

Ex-técnico de Orlando Luz aposta em volta por cima de jovem talento

Orlando Luz
Fotojump

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Patrício Arnold, diretor do tênis juvenil da Confederação Brasileira de Tênis, está em Salvador (BA) acompanhando o maior evento do Norte/Nordeste e terceiro mais valioso do país e comentou o processo difícil de transição dos nossos juvenis.

Com o corte de verbas de patrocínio em 2016, a entidade teve que voltar os investimentos entre os juniores focando nas viagens com treinadores para os eventos. Para ele o trabalho por exemplo do Brasil dá de 10 a 0 na Argentina, mas o motivo para que nossos jovens vinguem com menor frequência em relação aos nossos hermanos é cultural.

"O cenário hoje está bom, mas podemos melhorar com certeza. O programa está fazendo o que pode com o orçamento que é disponibilizado, é uma questão que varia a cada ano ou ciclo, tivemos uma queda de receita grande no último ano. É um desafio no ponto de vista financeiro e com os técnicos no relacionamento para entrar de forma legal em cada trabalho. O Brasil tem um bom programa de apoio ao tênis juvenil, certamente tem muita coisa de podemos melhorar e isso não depende só da CBT, mas dos técnicos de poder participar de forma eficiente e não de formas individuais e não ficar olhando para o próprio umbigo e querer que a CBT só banque o sonho individual de cada um", destacou.

"O tênis continua sendo muito caro, estou vendo isso mais porque agora meu filho joga, tem 12 anos, percebemos quanto é difícil, custo muito alto, são pontos que limitam o jogador de viajar, mas a queda do número de tenistas e técnicos não se deve somente à questão financeira, mas a responsabilidade de todos. Fica mais fácil criticar a CBT e eximir responsabilidade de clubes, técnicos e os jogadores", disse o ex-número 1 do mundo juvenil e que jogou Copa Davis pela Argentina: "Sou argentino, me formei como tenista na Argentina, o programa juvenil da CBT dá de 10 a 0 no da Argentina. O processo sofre na base, na formação, o tenista tem que passar por fases diferentes até se possível com técnicos diferentes, às vezes se faz um bom trabalho numa fase e se peca em outras, vejo o maior problema dos tenistas que se destaca é essa transição. O Brasil tem colocado um bom número de tenistas no nível alto e na transição o percentual com sucesso no profissional é baixo, a desistência é muito rápida. A resiliência dos tenistas brasileiros tem sido muito baixa nos últimos anos, desistir ou desviar da conduta. É questão cultural. Nossos jogadores chegam com 18 e 19 anos não fortes mentalmente para suportar essa transição", seguiu Arnold apontando que vem buscando fortalecer o trabalho na transição junto à CBT em propostas que se inserem não só em palestras, conversas com técnicos, jogadores e pais bem como tentar ampliar o calendário dos jovens tenistas na Europa.

"Queremos implantar um programa mais forte quando o jogador não é mais juvenil. É a questão que aqui no juvenil muitos vão bem e passam a ser estrelas para de repente não serem ninguém no profissional, daí vem a questão cultural, por serem destaques juvenil se cria muita expectativa, o entorno do tenista, nesse sentido os europeus e os americanos não existe uma mudança tão grande, não se vê um deles sendo tratado como ídolo já no juvenil, tem uma estrutura mais equilibrada. O argentino o processo é mais eficiente do que nossa cultura, lá com pouca idade se vai treinar sozinho, se precisar pegar um ônibus sozinho, se pega. Temos tentado organizar palestras nos eventos com pais, técnicos, jogadores, mas às vezes aparecem meia dúzia. Outra ideia que estamos debatendo é tentar tornar as giras mais longas na Europa um pouco mais cedo com 17 anos, esse processo pode fazer com que eles sofram um pouco mais e entendam com vai ser no futuro", seguiu Arnold comparando que tanto aqui quanto em no continente o processo é o mesmo pelo que passou Thiago Monteiro levando em torno de quatro anos até se atingir o top 100.

Até poucos meses ele treinava Orlando Luz, ex-número 1 do mundo juvenil, em sua academia, a ADK Tennis, em Itajaí (SC). Apesar da má fase do jovem tenista que faz uma temporada com diversas lesões, Patrício não acredita que ele vá ficar pelo caminho: " Orlandinho é um excelente competidor, talentoso, que talvez esteja sofrendo hoje pela grande expectativa em cima dele. E isso vem afetando sua cabeça em termos de trabalho, frustração. É a idade que ele tem opções, namorar, etc, se não tiver claro como administrar tudo isso, o menino tem uma queda. Tudo envolta, expectativa, contratos e se esquece dos detalhes fora da quadra, alimentação, dormir, quando juvenil não se tem maturidade para entender. Cada um tem sua realidade e se não administrar ele vai cair. Orlandinho tem bom perfil, vai continuar jogando, não acredito nele parando, ele está no momento de se encontrar internarmente, as priodidades e encontrar a carga de treinamento adequada para encarar essa transição. Acredito que vai se tornar um tenista de destaque. Ele está com o pai dele, esteve há dois dias conosco com o pai dele na ADK. Não mudou nada o apoio da CBT mesmo ele tendo saído da ADK, está sendo observada a entrega dele, está num momento complicado, queremos seguir apoiando, estamos esperando mais ele, fazer a leitura que ele está empenhado. Ele segue parte do programa, está passando por algumas lesões. A queda dele foi mental e o físico acaba caindo. Acredito que seja um momento que ele vai dar a volta por cima, mas basicamente vai depender dele".

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