Thomaz Bellucci: a trajetória em quadra do 2º maior tenista brasileiro
Conheça a carreira, as conquistas e os feitos de um dos maiores tenistas da história do Brasil
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O mundo do tênis definiu o aguerrido e dedicado espanhol David Ferrer como “número 1 entre os mortais” do esporte. Em uma adaptação para a realidade do tênis brasileiro, é possível afirmar o mesmo sobre o paulista Thomaz Bellucci, que se aposentou do esporte aos 35 anos.
Natural da cidade de Tietê, no interior paulista, Thomaz Bellucci começou a jogar tênis ainda criança com a família no clube da cidade. Filho de Ildebrando, um apaixonado pelo tênis, logo o canhoto percebeu que poderia fazer mais do que jogar recreativamente. Aos 11 anos, o paulista começou a competir e se destacar no cenário juvenil nacional, mas alcançou resultados internacionalmente apenas em 2004, quando disputou, como juvenil, três dos quatro torneios do Grand Slam (Roland Garros, Wimbledon e Us Open).
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Ainda em 2004, aos 16 anos, o brasileiro disputou seus primeiros torneios profissionais, disputando seis competições, todos ITFs realizados no Brasil, fechando o ano com duas vitórias. Em janeiro de 2005, Bellucci chegou a ser 15º do mundo no ranking juvenil, mesmo ano em que a ATP registrou sua entrada no circuito profissional. Nesta temporada, Bellucci jogou apenas no segundo semestre em razão de uma cirurgia no joelho direito. Em quadra, disputou 12 torneios, tendo como melhor resultado uma semifinal no ITF de Teerã, capital do Irã, onde foi derrotado pelo tunisiano Malek Jaziri.
No ano seguinte, Bellucci voltou a ter o início marcado por problemas físicos, mas o brasileiro jogou 2006 quase completo, de março em diante, e chegou a duas finais em nível ITF. Seu primeiro título profissional ocorreu no Brasil, em ITF disputado em maio de 2007.
A temporada 2008 foi um divisor de águas na carreira do brasileiro. Ele abriu como 183º do mundo, fechou a temporada como 85º e entrou de vez para o top 100 da ATP. Naquele ano, Bellucci venceu quatro torneios em nível Challenger – Santiago (Chile), Florianópolis (SC), Tunis (Tunísia) e Rabat (Marrocos).
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De 2008 a 2012, Thomaz Bellucci viveu os melhores anos de sua carreira. A entrada no top 100 possibilitou que ele disputasse mais torneios em nível ATP. Assim, venceu em 2009 pela primeira vez no ATP 250 de Gstaad, na Suíça, e no mesmo ano venceu mais dois Challenger: São Paulo e Rimini (Itália).
O ano de 2010 marcou uma mudança de patamar na carreira do brasileiro, que registrou sua melhor campanha em torneio do Grand Slam, quando fez um duelo de oitavas de final em Roland Garros e acabou derrotado por Rafael Nadal, que foi campeão daquela edição e acumula 14 títulos no torneio. É de julho de 2010 sua melhor colocação no ranking mundial, 21º do mundo. Apenas Gustavo Kurten teve um ranking superior (vale ressaltar que Guga foi número 1 do mundo por 45 semanas). O ano marcou seu 2º título ATP, em Santiago (Chile).
Em 2011 uma campanha histórica nas quadras do Masters de Madri. Bellucci alcançou neste torneio sua melhor vitória da carreira ao bater o escocês Andy Murray, então 4º, na 3ª rodada do torneio. Na sequência, Bellucci venceu o então 7º, o tcheco Tomas Berdych, e acabou derrotado na semifinal, num jogo emocionante contra o sérvio Novak Djokovic, então 2º. Naquela semi, Djokovic vinha de uma sequência de mais de 40 vitórias consecutivas e o brasileiro chegou a ter 6/4 4/2 no placar com quebra, mas levou a virada.
Em 2012, Bellucci voltou a vencer Gstaad, mas antes chegou a ter 5/0 contra Rafael Nadal na estreia de Wimbledon e levou a virada da partida ainda no primeiro set. Ainda naquela temporada, venceu o Challenger alemão de Braunschweig.
Já a temporada 2013 não começou nada boa para Bellucci, que teve uma eliminação dolorida nas oitavas de final do Brasil Open diante do italiano Filippo Volandri. Era a segunda vez consecutiva que o italiano eliminava o brasileiro no torneio paulista e o público não perdoou. A partida ficou marcada pelas vaias do público. Bellucci seguiu lutando e chegou a acumular cinco derrotas consecutivas, mas as vitórias voltaram nas quadras de Miami. Na temporada, Bellucci teve problemas físicos, viu seu ranking despencar de 33º para 125º, e fechou o ano com o título no Challenger de Montevideu e o vice em Bogotá.
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A temporada 2014 foi marcada pela tentativa do brasileiro de voltar ao top 100. Seu auge foi a disputa de Playoffs da Copa Davis diante da Espanha. Na disputa, no piso rápido do Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, Bellucci virou uma partida praticamente perdida contra Pablo Andújar na sexta-feira (3/6; 6/7 (6-8); 6/4; 7/5 e 6/3) e no domingo, no quarto duelo, que garantiu a classificação com vitória sobre Roberto Bautista Agut por 3 sets a 1 (6/4; 3/6; 6/3 e 6/2).
Bellucci voltou ao top 100 em 2014, de onde saiu em 2016 e nunca mais voltou. Ao todo são quatro títulos ATP, somando Genebra (Suíça), conquistado em 2015, e outros quatro vice-campeonatos: Brasil Open, no Sauípe (2009), Moscou (2012), Quito (2016) e Houston (2017).
Em toda a sua carreira, o brasileiro enfrentou tenistas do top 10 em 43 oportunidades e venceu 6 destes confrontos. Contra números 1, Bellucci tem o mérito de ser o único tenista a aplicar um 6/0 em Novak Djokovic como número 1, mas nunca venceu o sérvio. O único número 1 que o brasileiro enfrentou foi o sérvio, em 5 oportunidades.
Além de Murray e Berdych, já citados, Bellucci venceu o japonês Kei Nishikori, os espanhóis David Ferrer e Fernando Verdasco, além do sérvio Janko Tipsarevic enquanto tops 10.
REPRESENTANDO O PAÍS
Thomaz Bellucci disputou três jogos olímpicos defendendo a bandeira brasileira: Pequim 2008, Londres 2012 e Rio de Janeiro 2016. No Brasil, o tenista teve seu melhor resultado olímpico ao atingir as quartas de final, onde acabou derrotado pelo espanhol Rafael Nadal nas quartas de final.
No maior torneio entre nações do tênis masculino, a Copa Davis, Bellucci foi convocado para 19 disputas. Sua estreia foi em 2007, sob captania de Francisco Costa. Na ocasião, Bellucci perdeu do austríaco Juergen Melzer.
Em toda a sua trajetória na Davis, Bellucci venceu 22 jogos, sendo 21 deles em simples, e perdeu 15 partidas. Jogando os playoffs em 2011, Bellucci protagonizou uma verdadeira batalha de 5h diante do russo Mikhail Youzhny com placar de 2/6, 6/3, 5/7, 6/4 e 14/12, em que perdeu match-points. A partida é até hoje uma das mais longas da história do torneio.
DOPING
Em janeiro de 2018, Bellucci anunciou que havia sido pego e suspenso por testar positivo em exame antidoping realizado durante a disputa do ATP de Bastad, na Suécia, no mês de julho do ano anterior.
O canhoto testou positivo para hidroclorotiazide, um diurético proibido pela WADA (Agência Antidoping Internacional) por mascarar o uso de outras substâncias. O processo de suspensão do brasileiro começou em agosto de 2017. Em sua defesa, o tenista apontou para contaminação cruzada em polivitaminico. A acusação aceitou a argumentação e diminuiu o pedido de pena de dois anos para cinco meses. A decisão foi tomada em janeiro de 2018 e por retroceder da suspensão provisória, o liberou para competição já em fevereiro de 2018.
Após a situação, Bellucci revelou que passou por um processo depressivo durante todo o caso e que lutaria para retornar bem ao circuito.
O ADEUS
O último jogo como profissional de Thomaz Bellucci foi contra o argentino Sebastián Báez, no Rio Open, em 22 de fevereiro. O brasileiro se despediu com uma derrota por 2 sets a 0 (3/6 e 2/6). Nada que impacte o caminho construído pelo tenista paulista ao longo de sua carreira.
*Ariane Ferreira é repórter do Tênis News, parceiro do LANCE!
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