Marrento, de personalidade forte, língua afiada, mulherengo, indisciplinado, mas também com invejável faro de gol, eficiência nos chutes e nas assistências. O gênio da grande área, como definiu Johan Cruijff, técnico dele nos tempos de Barcelona. Romário de Souza Faria, o Baixinho (tem 1,67m de altura), é tudo isso e tem um currículo para poucos: campeão mundial (1994) e da Copa América (1989 e 1997) pela Seleção Brasileira; campeão carioca (1987/1988) pelo Vasco; campeão holandês (1989 e 1991/1992) e da Copa da Holanda (1988/1989/1990) pelo PSV; campeão espanhol (1993/1994) pelo Barcelona; campeão carioca (1996 e 1999) pelo Flamengo; campeão da Copa Mercosul pelo Flamengo (1999) e pelo Vasco (2000); campeão da Copa João Havelange pelo Cruz-Maltino, em 2000. Um autêntico craque TIM 4G do passado e um dos homenageados pela TIM, patrocinadora dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro.
Como um artista do futebol, Romário pintou momentos inesquecíveis. Divertiu a plateia com dribles impossíveis, arrancadas fulminantes, subidas para cabecear que o transformavam num gigante e belos gols. Garoto pobre da Vila da Penha, subúrbio carioca, Romário surgiu no Vasco em 1985 para fazer dupla de ataque com Roberto Dinamite, outro ídolo sagrado de São Januário. Antes, nas categorias de base, conquistou os títulos estaduais de 1982, 1983 e 1984 e foi artilheiro em todos eles.
Apesar de ter sido ídolo também de Fluminense e Flamengo, foi em São Januário que Romário mais se identificou com a torcida. Foram quatro passagens pelo clube (1985 a 1988; 1999 a 2002; 2005 a 2006; e 2007 a 2008). O gol mil da carreira também foi marcado com a camisa do Vasco, no dia 20 de maio de 2007, contra o Sport. A maioria dos gols dele foi no clube de São Cristóvão: 324. Em 2000, ele marcou 67 vezes com a camisa vascaína, quebrando o recorde de Dinamite, até então o maior goleador do clube em uma temporada (62 gols em 1981).
Na Seleção, Romário construiu uma história de glórias, mas também de frustrações. Quem não se lembra de Brasil x Uruguai pelas Eliminatórias da Copa de 1994? O técnico Carlos Alberto Parreira relutou até o fim para convocá-lo. Ponderava se compensava levar o craque e o restante do pacote que continha rebeldia, indisciplina e irresponsabilidade. Mas Romário estava em excelente forma na Europa. Depois de conquistar títulos no PSV, da Holanda, fazia gols de todas as formas no Barcelona. Parreira, então, se rendeu.
E o gênio Romário baixou no Maracanã naquele Brasil x Uruguai. Parou no ar como um beija-flor para cabecear forte e marcar primeiro. Driblou para lá, para cá, deixou o goleiro para trás e tocou de leve para comemorar o segundo. Graças a ele, o Brasil entrou na rota do tetra. A Copa, ele faturou praticamente sozinho - marcou gols em cinco das sete partidas -, como já havia feito Garrincha em 1962 e Maradona, com a Argentina, em 1986. Fez um Mundial memorável, formando grande dupla com Bebeto, o melhor parceiro de ataque dele na carreira.
Em 1995, com o status de maior jogador do mundo, foi contratado pelo Flamengo, que comemorava o centenário, e apresentado com uma festa que parou o Rio de Janeiro. Na Gávea, viveu momentos de amor e ódio com a torcida. Foi artilheiro (é o terceiro maior goleador da história do clube, com 204 gols), mas acabou emprestado ao Valencia, da Espanha, por duas vezes. A saída do Rubro-Negro foi marcada por polêmica. Em 1999, antes da segunda partida da semifinal da Copa Mercosul, contra o Peñarol, ele e outros jogadores do clube estiveram em uma boate em Caxias do Sul após uma derrota diante do Juventude, pelo Brasileirão. Romário foi o único atleta punido, tendo o contrato rescindido pela diretoria. Sem clube, acaba acertando a volta ao Vasco para a temporada seguinte.
Na Copa de 1998, foi cortado às vésperas da competição, contundido. Deixou a França chorando, convencido de que teria tempo hábil de se recuperar e ajudar a Seleção. E o Brasil perdeu a final para os franceses por 3 a 0.
Dois anos depois, fez campanha para disputar a Olimpíada de Sydney, mas acabou preterido pelo técnico Vanderlei Luxemburgo.
Luiz Felipe Scolari deu nova chance a Romário em sua primeira partida como técnico da Seleção. Colocou o Baixinho como capitão no jogo contra o Uruguai, em Montevidéu, pelas Eliminatórias da Copa de 2002. Mas Romário foi mal em campo e, para piorar, envolveu-se com uma mulher no hotel da Seleção. Nunca mais foi chamado para defender o Brasil. De nada adiantou a pressão da imprensa, da torcida até do presidente Fernando Henrique Cardoso, pedindo a convocação dele para o Mundial. Felipão não cedeu e o Brasil foi pentacampeão do mundo sem ele.
Em 2002, Romário trocou o Vasco pelo Fluminense e no ano seguinte foi jogar no Qatar por um contrato milionário. Ele ganhou 1,7 milhão de dólares para atuar por 100 dias no Al Saad. No fim das contas, fez apenas uma partida, não marcou nenhum gol, mas teve de esperar cem dias para voltar ao Brasil. De volta ao Fluminense, comprou briga com um torcedor que jogou galinhas no gramado para protestar. Em 2004, recebeu o ex-desafeto Edmundo, com quem jogou e brigou no Flamengo e no Vasco, para ser novamente seu parceiro, desta vez nas Laranjeiras.
Já sem conseguir apresentar o mesmo futebol de sempre, com uma careca evidente e cabelos brancos, Romário seguiu perseguindo sua meta de, como Pelé, superar a marca de mil gols. E conseguiu no dia 20 de maio de 2007, de pênalti, em São Januário. Ganhou uma estátua no estádio cruz-maltino e chegou a acumular os cargos de treinador e jogador na Colina em 2008, durante o Campeonato Carioca, mas deixou o cargo depois de o então presidente Eurico Miranda tentar escalar o time.
O Baixinho tem ainda no currículo passagem por clubes como Valencia (ESP), Miami FC (EUA) e Adelaide United (EUA). Romário encerrou a carreira em 2009 no América-RJ, time do coração do pai e que, hoje, ele diz ser também seu time do coração. No mesmo ano, anunciou sua entrada na política, filiando-se ao PSB. Foi o sexto deputado federal mais votado nas eleições de 2010, pelo Rio de Janeiro. Em outubro de 2014, chegou ao senado com 4,684 milhões de votos.
Patrocinadora de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, a TIM homenageará até o fim de 2017 jogadores do passado dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro, que, de forma geral, apresentaram os atributos “G” (Garra, Gênio, Gigante, Grandeza) quando atuavam. Periodicamente, contaremos um pouco da história destes craques e o motivo deles terem sido escolhidos. Afinal, os quatro maiores times cariocas merecem a maior cobertura 4G do Rio e as melhores histórias para serem compartilhadas.