Enviado especial do L!Net relata bastidores do acidente de Bianchi
![Infográfico sobre o acidente de Jules Bianchi (Foto: Henrique Assale/Arte LANCE!)](https://lncimg.lance.com.br/cdn-cgi/image/width=1920,quality=75,fit=pad,format=webp/uploads/2015/10/21/562f96f12de60.jpeg)
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Assim que a prova foi encerrada com bandeira vermelha, desci para o paddock do circuito de Suzuka. Os pilotos que saíam do carro passavam desnorteados com as informações que recebiam sobre o acidente. A maioria quebrou o protocolo normal e foi primeiro para as instalações de suas equipes para se trocar e abaixar a adrenalina antes de ir ao local das entrevistas obrigatórias pós-corrida.
As pessoas zanzavam sem saber muito o que fazer, para onde ir. Quando um olhar encontrava outro olhar amigo, havia apenas um respirar fundo e um arregalar de olhos como um estafante “que coisa”. Não havia porque sorrir.
Na porta do centro médico concentrava-se uma multidão de jornalistas e membros da equipe Marussia, todos com o semblante extremamente carregado no aguardo de mais notícias. Em frente deles, o helicóptero era preparado para o transporte do piloto ao hospital. Mas acabou decolando vazio quando estava para estourar o limite de tempo antes de sua decolagem, que só pode ocorrer com luz natural de acordo com a lei japonesa.
Enquanto eu me dirigia para o local das entrevistas, Pastor Maldonado, que é muito amigo de Jules Bianchi, passou com o ar muito preocupado em direção ao centro médico. Felipe Massa já falava com os jornalistas e foi muito firme ao colocar sua consternação com o ocorrido.
Infográfico: Henrique Assale/Arte LANCE!
“Parece que o Jules (Bianchi) bateu em um trator, isso é muito complicado e até inaceitável. Tinha muita água na pista e era difícil enxergar, estava muito perigoso. A corrida começou muito antes e acabou muito depois do que deveria, já com um tardio Safety Car na pista. O que importa agora é que tudo esteja bem com o Jules, porque é um grande amigo e uma grande pessoa”.
Olhei para um aparelho de televisão ao lado e vi os três primeiros colocados no pódio, preocupados mas sorrindo forçado para os torcedores em uma cerimônia que não havia sentido de acontecer. “O show tem que continuar”, pensei.
Mas foi bonito demais ver que os pilotos se recusavam a entrar na roda-viva do “circo” da Fórmula 1. Pouco, quase nada mesmo, foi dito sobre o que viveram durante a corrida, todos sublinhando a preocupação com o estado do colega de pista. Sinal de que a turma sem voz ativa no paddock é muito mais madura do que os engravatados que tomam decisões.
Encerradas as entrevistas, vários nomes importantes do paddock como Massa, Maldonado, o chefe da Ferrari Marco Mattiacci e os diretores da Marussia foram imediatamente ao hospital. Se o “show deve continuar”, os atores querem primeiro se certificar qual o real estado do colega.
Há muitas lições que a categoria deve aprender deste episódio.
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