Trabalhando dobrado: ao L!, Valentim analisa ano e projeta títulos em 2019
Em entrevista exclusiva, técnico cruz-maltino relembra momentos tensos na fuga contra o rebaixamento e projeta um início de ano mais tranquilo no Vasco: 'Estamos mais fortes'
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Alberto Valentim chegou ao Vasco no olho do furacão. Estreou com quatro derrotas seguidas, penou para repetir escalação e foi um dos alvos de maior crítica da torcida, mas comandou a fuga do rebaixamento. Após um jogo dramático contra o Ceará, o treinador pôde, enfim pensar no futuro do Cruz-Maltino a médio prazo. Agora, com reforços, remontagem do elenco e olhos para as competições deste ano. Nesta entrevista exclusiva ao LANCE!, o treinador lembra as dificuldades de 2018 e avalia grandes possibilidades de um 2019 de sucesso para ele e para a equipe.
Assim como em 2018, a pré-temporada do futebol brasileiro será curta. Com isso, qual a avaliação do período que você teve com o grupo do Vasco?
A primeira coisa é que não tivemos o tempo ideal para condicionar os todos jogadores a estrear no campeonato. A temporada vai ser longa, pela Copa América. E estamos tomando mais cuidados, após testes que fizemos, em relação a alguns jogadores para não sofrermos lá na frente por possíveis lesões. Mas gostei muito da pré-temporada. É muito melhor você começar com uma base que já tinha ano passado. Eu os conheço bem melhor do que quando cheguei, no meio da temporada. Eles já conhecem o que eu cobro também, o que gosto nas fases ofensiva e defensiva. E aos jogadores que chegaram fica mais fácil pegar ritmo tendo uma base. A expectativa é muito boa de fazermos um trabalho de muito mais qualidade do que foi feito no ano passado.
O time que, em tese, é o titular, vai jogar na estreia?
Alguns atletas, provavelmente, não vão estrear pelos cuidados que estamos tendo no lado físico. Não tem como estrearmos com alguns atletas sem condição. Estamos tendo cuidados maiores, nenhum jogador estará 100%. As cinco primeiras rodadas serão em 15 dias. Um jogo atrás do outro. Estamos atentos para não termos problemas nem agora nem lá na frente.
Com os reforços, você vai conseguir implementar o seu estilo de jogo preferido? O elenco está fechado?
Vou lembrar só uma coisa: nunca tive à disposição todos os jogadores, além de ter tido pouco tempo para treinar. Não tive condições de repetir os 11 que entraram. Só uma vez, depois de dez jogos. Só para lembrar que em mais de 90% dos jogos eu mudei por obrigação, tive que improvisar. Numa semana, por exemplo, perdi três volantes. No campeonato, perdemos laterais-direitos. No final, não tinha nenhum lateral-esquerdo. O elenco não está fechado, estamos procurando qualificar. Estamos em janeiro e claro que é dentro da realidade do Vasco e da disponibilidade do mercado. Estou satisfeito com os reforços que chegaram. Jogadores com perfil de querer fazer um ano de muita qualidade. Objetivos diferentes do ano passado. O Vasco vai ficar mais forte do que no ano passado. Contratamos alguns jogadores que vão nos atender em relação a isso.
No que você, enquanto profissional, cresceu nessa temporada intensa que foi 2018?
Foi uma temporada muito intensa, muito trabalho. De coração, trabalhei muito ano passado. Cheguei num Botafogo em dificuldades. Desclassificado prematuramente na copa do Brasil. Emocionalmente no chão depois dessa desclassificação e depois da derrota por 3 a 1 para o Flamengo. Fui para o Egito e trabalhei muito. Quem trabalhou lá fora sabe que quem trabalhou lá fora sabe que é muito difícil começar trabalho do zero, totalmente do zero. Outra língua, outra cultura. Somente um jogador brasileiro sabia minha forma de trabalhar, o Keno. Eu os conhecendo também. Trabalhei dobrado a língua. Você tem que passar para o intérprete, que muitas vezes não passa todo o conteúdo que a gente quer. Vim para o Vasco, começo muito ruim. Existe essa loucura que é se falar sempre em rebaixamento aqui no Vasco. Foi um ano em que trabalhei e aprendi muito. É minha maior qualidade. Estar sempre procurando aprender, melhorar sempre.
O clima de tensão por um novo rebaixamento atrapalhou?
O que falei e bati na tecla quase todos os dias. Lógico que tem pressão enorme pelo tamanho do Vasco e serve para este ano, ano que vem. Elenco, comissão, presidente de hoje não podem carregar peso de rebaixamento de anos anteriores. Não pode. Do mesmo jeito que nunca ganhamos premiações pelos títulos do passado. Nunca ganhei quando foi campeão brasileiro, da Libertadores. O que eu queria dizer com isso: passar tranquilidade e coragem para fazer o nosso jogo. Se você pegar o jogo contra o Ceará, exemplo de um jogo. Decisivo. Não teria outra oportunidade. Nosso time tentou jogar o tempo todo, mesmo sob pressão enorme. Se for ver o jogo friamente, sem aquela loucura de saber que não pode errar. Saída de bola, tentamos várias vezes. Foi um grupo muito forte, falei lá atrás e não falei da boca para fora que o Vasco não cairia.
Como você reagiu ao ver o time se afundando na competição e depois recuperando pontos na reta final do Brasileirão?
Ter quatro primeiro jogos com derrota é muito ruim. Você chega implantando coisas novas, posicioanmento, treinamentos diferentes. Não tem melhor ou pior, mas cada um pensa de um jeito e com quatro derrotas seguidas fica difícil. Além das derrotas tinha o problema de não poder repetir o time. Lesão, suspensão. Eu não conseguia ter o elenco todo à disposição. O time jogava bem contra o Grêmio, mas toma gol no fim do jogo. Outra boa contra o Athletico, toma gol no fim. Ducha d'água muito fria. Nesses momentos você ve que o grupo reagiu bem. Muito forte. É uma preocupação nossa, do torcedor, gera muita insegurança. Eles foram muito fortes. Conseguiram se fechar, grupo muito unido buscando o único objetivo de ficar na Série A. E falo de coração, o torcedor foi muito importante. Quando falo para assistir com calma o jogo de hoje, o torcedor vascaíno procurou apoiar até o final. Teve uma cobrança durante a semana, teve cobrança com poucos torcedores no aeroporto, mas o apoio nos jogos foi muito importante. Cantaram o jogo todo enquanto o jogo estava em andamento.
Você acha que a partida contra o Ceará foi a mais difícil da sua carreira?
Jogo de muita pressão. Talvez o mais dramático, nos últimos minutos, da minha carreira. O treinador, por mais que esteja preocupado, tenha pressão, preocupação, tem que fazer leitura de jogo, passar tranquilidade, orientar jogadores. Tinha estádio lotado, tem dificuldade de passar coisas para o jogador mais perto, até pelo barulho. Ouço jogadores que estão há mais tempo dizendo que estão aprendendo a cada dia, imagina eu, novo e passando por essas emoções fortes, partidas decisivas com pouco tempo de carreira.
Você vê hoje o Vasco calejado e fortalecido para disputar os títulos nesta temporada?
Vamos lutar pelo título carioca, pelo título da Copa do Brasil. No Brasileiro é muito difícil lutar pelo título nos pontos corridos contra times com saúde financeira melhor, elenco mais forte pelo lado financeiro, em relação à contratações, sendo muito sincero. Em relação a Brasileiro, vamos tentar classificar na melhor posição possível. Sem tentar enganar ninguém. Mas os torneios com mata-mata, que são o Carioca e Copa do Brasil, vamos muito fortes mesmo. Assim que penso. Assim que enxergo um campeonato que, quando não se tem elenco recheado de jogadores renomados, você tem possibilidade grande de ser campeão. Tenho lembrado diariamente os jogadores e temos que cobrar e se comportar diariamente para que aconteça.
Você levou muitos garotos para pré-temporada. Sinal que quer utilizá-los neste ano..
Sempre gostei de conceder oportunidades. Fiz no Palmeiras, no Botafogo e estou fazendo aqui desde o ano passado. Uma cobrança que a gente tem é no sentido de estejam prontos: a qualquer momento vocês podem jogar. Se está presente no profissional comigo, vendo o que cobro, o porquê das regras dos treinos. Não estão só para completar. Tem que estar com a mentalidade de que se está treinando com os profissionais, tem que estar pronto para quando a oportunidade surgir.
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