Apresentado, Antônio Lopes rejeita possíveis dificuldades dos 78 anos: ‘Melhor do que muito garotão’
Novo coordenador-técnico do Vasco participou de transmissão da Vasco TV e explicou como será a função, pregou calma sobre reforços e minimizou problemas da idade
Nos mesmos moldes do que foi feito com o novo técnico, Ramon Menezes, na última sexta-feira, o coordenador-técnico Antônio Lopes foi apresentado oficialmente à imprensa e à torcida do Vasco nesta terça. Diante do necessário isolamento por conta da pandemia de COVID-19, uma transmissão na Vasco TV foi o formato. Jornalistas e torcedores mandaram perguntas, e o novo integrante da comissão técnica respondeu a temas como a formação do elenco para a sequência da temporada, a divisão de tarefas e até sobre os preconceitos que encara por estar com 78 anos.
- Acho que idade não é um problema. Pode ser ruim quando o ser humano quando chega numa idade dessa e só fica em casa de pijama. Eu não sou desse tipo, todo dia faço minha atividade física. Tenho parte física melhor do que muito garotão. Hoje, fiz uma atividade de 60 minutos, subi as escadas do meu prédio que tem, 12 andares. Depois peguei o elevador, desci e voltei a subir. Estou bem, a idade não me atrapalha em nada. Minha condição física é melhor do que a de muito garotão de 50, 40 anos. Minha condição mental também, estou sempre lendo jornal, assisto a jogos de vários países mesmo com 78 anos - revelou Lopes, um dos maiores vencedores da história do clube.
Antônio Lopes lembrou também do início do ciclo mais vitorioso que teve no clube, que teve o Campeonato Brasileiro de 1997 e a Copa Libertadores de 1998. Antes daqueles times históricos, porém, o elenco anterior tinha mais problemas do que o atual, de acordo com o então comandante.
- O time de 1996, quando eu assumi, não estava bem. Estava com problemas. Tinha um grupo de jogadores grande, alguns de qualidade baixa. tanto que liberamos muitos. Esse ano, não. Bons jogadores, jovens também. Totalmente diferente - garante.
Confira outras respostas de Antônio Lopes:
O seu cargo, no time profissional, não existia até então. Como será a divisão de tarefas entre você, o André Mazzuco (diretor executivo de futebol) e o José Luís Moreira (novo vice-presidente de futebol)?
- Eu, como coordenador, vou trabalhar mais com os jogadores e com a comissão técnica. Esse vai ser o meu papel. O Mazzuco tem um papel específico para desempenhar e o José Luís é meu chefe, vou estar sempre dando muita satisfação a ele.
De que maneira a pandemia do novo coronavírus está atrapalhando este início de trabalho?
- Estamos um pouco encolhidos ainda em razão desse problema. Mesmo assim estamos nos reunindo, fazemos reuniões por vídeo e por telefone também. Temos conversado muito com o Ramon, com o José Luís, com o Júnior Lopes. Como ainda não podemos nos reunir pessoalmente para arregaçar as mangas fica difícil. Esse início de trabalho está muito difícil.
Até a paralisação no calendário, o time estava em má fase. O que é mais importante à esta altura: dar confiança a quem já está no elenco, contratar bem ou gerir as insatisfações por atrasos salariais?
- Eu conheço o plantel do Vasco da Gama de ver os jogos. Não estou observando os treinamentos e jogos do Vasco. Só à distância. Conheço, mas não o plantel todo. Nós vamos fazer uma avaliação com a comissão e diretoria para apurar. O Vasco tem um bom plantel muito bom. Vamos ver depois. Se precisar, pode ser que ocorra (contratações) dependendo do que estudarmos.
Como se deu a contratação do Júnior Lopes, seu filho, para ser auxiliar-técnico do Ramon?
- Não fui eu quem contratei o Júnior, não tive participação nenhuma. Não fui eu quem contratou, mas ele está sempre atualizado, vê tudo quanto é jogo de campeonato da Inglaterra, da Espanha. Jogos de time pequeno ele vê, ele está sempre acompanhando. Vale destacar que ele foi campeão também na categoria mirim, foi auxiliar do sub-20 do Vasco também.
Você foi coordenador em outras oportunidades, como no pentacampeonato mundial da Seleção Brasileira. Quando há uma divergência, de quem é a palavra final: do treinador ou do coordenador?
- Trabalhamos junto do Felipe (Scolari) em 2002, tínhamos uma comissão técnica muito boa. Todo mundo junto, problema nenhum, tinha o Murtosa, auxiliar, e uma equipe muito boa, coesa. Nos dávamos muito bem. Mas é o próprio treinador quem decide. Sempre falo: "minha sugestão é essa", mas tudo é o treinador. A maneira como tem que ser implementada é o treinador quem diz.
Como é voltar a trabalhar com o Ramon?
- É ótimo voltar a trabalhar com o Ramon, jogador que participou das grandes conquistas do Vasco naquele período áureo. O Ramon foi protagonista daquela equipe de 1997, 1998, do Rio-São Paulo... Foi um jogador extraordinário. Tecnicamente muito bom, muito inteligente. Já foi treinador do Joinville, do Guarani (MG) também. Excelente escolha e acho que vai dar certo. Fez os cursos da CBF... tenho certeza que o Ramon vai se dar bem e vai ajudar. Já conhece os garotos todos e o restante do elenco também. Está bem capacitado para fazer um grande trabalho.
Como você faz para se atualizar às mudanças do futebol?
- Eu estou bastante atualizado porque estou sempre acompanhando futebol brasileiro, sul-americano, argentino, campeonato da Espanha, da Inglaterra, Liga dos Campeões. Estou bastante atualizado.
Você acredita que o sucesso vai passar pelo uso da base?
- O Vasco tem jogadores egressos da base de boa técnica, o Vasco faz um bom trabalho na base. Vários jogadores estão se destacando. Sempre fui adepto do uso dos jogadores da base para mesclar com os experientes. O Vasco tem vários jogadores experientes que podem comandar a equipe. O Ramon conhece bem, vai fazer essa mescla. Os que estão despontando com aqueles mais experientes. Sempre fiz isso e aproveitando isso. Felipe, Pedrinho, Geder, Fabiano Eller... montamos grandes times aproveitando jogadores da base.