Dedé, problemas na gestão, gastos e mais: Campello explica situação do Vasco
Presidente apareceu em vídeo na Vasco TV e, entre outros assuntos, comentou a negociação com Guarín, saída de Rossi e penhoras do Vasco
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Em vídeo publicado na Vasco TV nesta quinta-feira, o presidente Alexandre Campello fez um pronunciamento direcionado aos torcedores vascaínos. Durante a mensagem, o mandatário comentou questões como o interesse no zagueiro Dedé, do Cruzeiro, as negociações com o colombiano Fredy Guarín, a saída de Rossi e as recentes saídas que aconteceram na diretoria. Veja a seguir todos os itens tratados por Campello:
Dedé
A gente sabe qual é o valor do salário do Dedé. Existe uma diferença grande entre aquilo que ele recebia nesse contrato e o que a gente pode pagar. Uma vez que ele esteja livre, rescindindo o contrato com o seu atual clube (Cruzeiro), existe o interesse claro do Vasco, mas sempre dentro desse nosso planejamento de manutenção de folha salarial enxuta.
Fredy Guarín
É um atleta que caiu nas graças da torcida, é qualificado, se identificou muito com o clube. O Vasco tem total interesse na sua manutenção. Mas ainda temos uma diferença entre aquilo que o clube propõe e o que o atleta entende como sendo o necessário para que ele renove o contrato. Obviamente a gente ainda nutre a expectativa de renovar com o jogador. Estamos mantendo conversas com o seu procurador. Quem sabe com um pouco mais de flexibilidade de lá e de cá a gente consegue chegar a um denominador comum.
Divergência na gestão
Queria deixar bem claro que são divergências, ao meu ver, pequenas. Acho que em 95% de tudo que se faz no clube, havia uma convergência entre as minhas ideias e de toda a equipe de gestão. Essas divergências giram em torno do orçamento do futebol. Uma das coisas que fizemos nesses dois anos foi controlar o custo do futebol, nós conseguimos reduzir o custo em 2018. Em 2019, iniciamos a temporada com a ideia de manter a folha ali por volta dos R$ 4,2 milhões líquidos. E aí no meio do campeonato, com as dificuldades que o time apresentou, a gente foi obrigado a investir um pouquinho mais até para preservar o clube na Primeira Divisão, entendendo que a queda do Vasco seria extremamente prejudicial ao nosso projeto de recuperação financeira.
Como o futebol implica na maior parte do custo do clube, há um entendimento por parte das pessoas que estão no financeiro que deveria haver um corte radical no futebol. Até concordo que a gente mantenha um orçamento baixo com o futebol, mas esse orçamento não pode ser tão baixo que comprometa a manutenção do clube na Primeira Divisão. Isso eu não abro mão.
Havia uma proposta para que a gente baixasse a folha para R$ 3,3 milhões, eu insisti que deveria ser em torno de R$ 4 milhões. Entendo que essa diferença não deve ser encarada como gasto, mas como investimento. Com uma equipe mais qualificada, você tem premiações maiores no Brasileiro, na Copa do Brasil, na Sul-Americana. Você consegue uma fidelidade maior do sócio-torcedor, que também vai trazer recursos. Então acho que essa diferença facilmente se paga a partir dessas receitas.
Temos que pesar até onde e quanto se pode arriscar. E sinceramente eu acho que um investimento de R$ 4 milhões ou R$ 4,3 milhões para o futebol não é um grande investimento, mas é suficiente para você ter uma certa garantia da manutenção do clube na Série A e brigando do meio da tabela para cima. Investimento de R$ 3,3 milhões significaria não renovar nenhum dos contratos daqueles que venceram e não trazer nenhum reforço. Ou seja jogar basicamente com aqueles que ficaram e as divisões de base. Eu concordo que temos que usar a nossa base, que é forte, mas a gente não pode colocar toda a expectativa em cima dos meninos, porque eles precisam de tempo para amadurecer e dar a resposta.
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Redução do elenco e da folha
Tenho trabalhado. Nós dispensamos vários jogadores no fim do ano, trabalhamos para emprestar alguns que não seriam utilizados. Eu tenho o compromisso de manter essa austeridade, mas acho que deveríamos contratar de maneira pontual, como foi o Germán Cano, talvez trazer mais um jogador de meio, mais um zagueiro. De maneira pontual, sem extrapolar. Mas sempre preservando aquilo que é mais caro, a manutenção do Vasco na Série A.
Rossi
Nós tínhamos a intenção de renovar com o Rossi, mas, até em linha com essa austeridade financeira, nós propusemos ao atleta a renovação do contrato pelo mesmo valor que ele recebia no contrato anterior. Depois de algumas conversas, o seu empresário disse para o (André) Mazzuco que eles tinham uma proposta para receber o dobro do que recebia no Vasco e mais luvas. E o Vasco lamentavelmente não tem condições de cobrir essa oferta. Por isso não renovamos.
Redução da dívida e controle de custos
Desde que assumimos o clube em 2018, nós procuramos manter uma austeridade muito grande no que diz respeito à recuperação financeira do clube. Desde o início buscamos reduzir os custos, e eles foram muito bem controlados nos anos de 2018 e 2019. Isso não é suficiente, porque existe um endividamento muito grande, que era da ordem de R$ 680 milhões em 2018, conseguimos baixar para algo em torno de R$ 580 milhões ao final do ano. E essa dívida bate à porta todo dia, ela compromete o nosso caixa. Por mais que a gente produza, por mais que a gente consiga aumentar as receitas, essa dívida consome esses recursos.
Impacto das dívidas e salários
Nós tivemos um ano de 2019 ainda muito difícil, isso era esperado por conta do tamanho da nossa dívida. Especialmente porque é uma dívida de curto prazo. É aquele credor que está há muito tempo esperando para receber, que já está via judicial cobrando o clube quer seja por penhora ou por bloqueio de bens.
Por outro lado, não tivemos venda de nenhum ativo em 2019, de nenhum jogador. O marketing não respondeu da maneira que nós esperávamos muito em função das condições do país. Além disso, por conta de penhoras e comprometimento dos nossos recebíveis junto à TV. Só para que tenham uma ideia, entre janeiro e outubro, não tivemos entrada de nenhum recurso oriundo da televisão. Só em outubro que entrou alguma coisa, mas que não foi nem suficiente para o pagamento de uma folha salarial.
Existia uma expectativa de em dezembro, com o pagamento de uma parcela maior que faz parte da premiação do Campeonato Brasileiro, que recebêssemos algo em torno de R$ 22 milhões. Ocorre que existiam 15 penhoras incidindo diretamente em cima da Globo (da cota de TV). Já vínhamos trabalhando desde o meio do ano uma operação com a Globo para que pudéssemos tratar essas penhoras. Ou seja, pegar um recurso e com ele conseguir pagar essas penhoras com um deságio, com um desconto na ordem de 40%. Aí a PGFN penhorou todos os R$ 22 milhões, nós conseguimos negociar, ao meu ver, muito bem com a PGFN. Mas tivemos que disponibilizar desses recursos algo em torno de R$ 8 milhões.
Com essa operação e a retirada desses penhoras, não sobrou praticamente nenhum recurso oriundo da TV. Com isso, não conseguimos honrar com os compromissos de folha salarial de funcionários e atletas. Agora estamos trabalhando em um novo contrato de publicidade, de patrocínio, mais o patrocínio da Havan, para saldar esses compromissos.
Negociação das penhoras e redução das dívidas
A cada hora surgia uma penhora nova, a última delas quando fechamos o acordo com a Globo. E não tinha como fechar isso se não colocássemos todas as penhoras. Era preciso que tudo fosse resolvido para que os recursos fossem fechados. Isso totalizava algo em torno de R$ 63 milhões. Através dessas negociações nós conseguimos um desconto, abaixando para R$ 45 milhões, pagando R$ 24 milhões a vista e parcelamos o restante pelos próximos dois anos. Acho que isso foi uma conquista. Parte de um trabalho que temos feito ao longo do ano para dar tratamento ao endividamento do clube cível e trabalhista, que sufoca. A ideia é uma outra operação em sequência para pagarmos a outra parte com um desconto grande. É o que vai aliviar o fluxo de caixa para o clube honrar com os compromissos. Não é um trabalho fácil. Esses acordos são de dívidas antigas.
Relacionamento com os atletas
O meu tratamento com os atletas e a comissão técnica sempre foi muito transparente. Dizer para eles e mostrar qual era a dificuldade e o que o clube está fazendo. Sempre houve um ótimo diálogo e os atletas sempre foram parceiros. Vestiram de fato a camisa. Em 2019 tivemos esse exemplo. Com todos os atrasos e dificuldades, eles se dedicaram. Óbvio, fazendo as cobranças quando tinham que fazer, mas sempre entendendo o lado do clube e abraçando. Especialmente através do Castan, uma pessoa firme e reta. De outras lideranças do grupo também, como Fernando Miguel, Yago Pikachu, Ramon. Sempre houve um diálogo franco entre direção e atletas.
2020
No ponto de vista financeiro e esportivo, acho que ainda será um ano difícil para o clube. Ainda temos um impacto grande do endividamento e precisaremos manter os cintos apertados, controlando as despesas. Mas é um ano de muita expectativa. Pretendemos colocar de pé o nosso CT, inaugurar o CT em Jacarepaguá. Por outro lado, a obra de ampliação e modernização de São Januário também é uma expectativa, com possibilidade de se colocar de pé no segundo semestre. É um ano de desafios, mas de muita expectativa. Estamos otimistas em conseguir passar por mais esse ano em direção à reestruturação do clube e o equilíbrio para voltarmos às grandes conquistas.
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