São quatro jogos do Vasco em 2020, sendo três deles com o time titular. Dentre várias conclusões tiradas em cada uma das partidas, uma é comum: os principais jogadores do elenco ainda não renderam aquilo que era esperado. Mais do que isso, o trio de ataque formado por Marrony, Germán Cano e Talles Magno, que era fruto da esperança dos torcedores, é o sintoma do restante da equipe: sem entrosamento, os jogadores ainda não se entenderam no posicionamento em campo.
Contra a Cabofriense, na derrota por 1 a 0 em São Januário, Talles flutuou por todo campo, na direita, na esquerda e na faixa central, mas fez uma partida ruim, sem os lampejos de talento que o Vasco ainda precisa. Marrony ficou mais pela direita, mas errou muito nas tomadas de decisão e ainda não conseguiu mostrar o futebol que o deixou em alta no fim de 2019. Já Cano, um dos destaques da partida, ficou mais centralizado, mas também apareceu na esquerda. O mapa de calor dele mostra, inclusive, participações no setor defensivo. Com isso, o trio acaba se atropelando em muitos momentos.
Dos que entraram, Vinicius foi o grande nome do Vasco e ajudou a transformar chances sem brilho em chutes perigosos. Ele atuou principalmente pela direita, jogando como um ponta, mas apareceu bem na esquerda também. Chama a atenção que, mesmo que boa parte dos jogadores tenha atuado junto em 2019, a aparente falta de entrosamento pese para que as ideias de Abel Braga ainda não tenham saído do papel.
- Ano passado, se reparar, jogava o Marrony, Rossi e Ribamar. Em alguns jogos, o Marrony por dentro. São jogadores que temos uma esperança, mas a coisa não está fluindo. Nos três jogos dessa equipe, só mudei um jogador, Pec e Juninho. Não estamos conseguindo criar. Não pode se reclamar de chance. O que temos é isso. Hoje se deu mais profundidade quando recorri ao Vinicius, que é muito bom. Temos que buscar soluções, mas é aqui dentro. O Cano é oportunista, a bola tem que chegar mais vezes nele e melhor. A profundidade de campo está muito pouca, temos que mudar isso e buscar a solução no plantel - afirmou Abel.
Como o treinador observou durante a entrevista coletiva, a criação é o outro principal problema do time vascaíno. Gabriel Pec não se mostrou ser o camisa 10 que Abel esperava e, portanto, o Vasco não tem um atleta que, de origem, seja o criador. Pec, inclusive, jogou mais como ponta pela direita do que como meia. Pesam as escolhas do técnico e a falta de atletas.
- É preciso ter lucidez para entender as partidas que temos feito. É nosso quarto jogo no ano, já deveríamos apresentar um estilo de jogo um pouco mais seguro, um futebol mais envolvente, com transições mais rápidas, como é característica do Vasco nos últimos anos. Temos jogadores para isso, precisamos colocar em prática. Nossa equipe precisa amadurecer, não pelas críticas, mas pelo futebol. É assim que convencemos o torcedor e avançamos, tendo a consciência que eles dizem que temos que ter - disse Fernando Miguel.
Com os reservas, o Vasco fará o clássico contra o Botafogo no próximo domingo, às 16h. O time titular já começa a pensar no duelo contra o Oriente Petrolero (BOL), pela Copa Sul-Americana, na quarta-feira. Em um momento de instabilidade da equipe, este será o principal teste em uma competição que o Cruz-Maltino trata como prioridade e tem pouca margem de erro.