Racismo: Miranda, do sub-20 Vasco, presta queixa contra injúria
Zagueiro relatou ter sido chamado de 'macaco' e 'negro imundo' por dois jogadores do Independiente-ARG, durante a partida válida pela Copa RS, nesta quarta-feira
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Para não ficar impune. O zagueiro Miranda, do time sub-20 do Vasco, foi à oitava Delegacia de Polícia Civil em Flores da Cunha (RS) e prestou queixa pela injúria sofrida no jogo contra o Independiente, da Argentina, na noite desta quarta-feira. O zagueiro já havia denunciado o ato de racismo ocorrido após marcar o gol que garantiu a vitória e a classificação do Cruz-Maltino à semifinal da Copa RS.
- Macaco, não. Eu tenho orgulho da minha pele. Respeito - bradou o defensor.
O LANCE! teve acesso ao boletim de ocorrência. O zagueiro do Vasco relatou ter sido ofendido por dois jogadores da equipe argentina. Um teria lhe chamado de "macaco", o outro de "negro imundo". Como foi eliminado, o Independiente retornou à Argentina logo após a partida.
Miranda informou o ocorrido também ao árbitro da partida. Roger Goulart relatou na súmula a denúncia. Ele afirma que Miranda "iria cobrar o pênalti, não executou a cobrança e se dirigiu até o árbitro", relatando que sofreu as injúrias raciais. Assim como no Boletim de Ocorrência, o documento do jogo também especifica quais foram as ofensas. Roger diz que a "equipe de arbitragem não pode tomar nenhuma medida disciplinar, pois o fato não foi observado, visualizado e executado por nenhum membro da equipe de arbitragem". E que Miranda e o treinador do Vasco comunicaram a ele que fariam o registro na delegacia.
Os atletas acusados são Ayrton Enrique Costa, camisa 6, e Tomas Agustin Pozzo, camisa 10. De acordo com o site do Independiente, eles tem 20 e 19 anos, respectivamente.
Notas oficiais
Miranda e o Vasco se manifestaram através das redes sociais. O clube afirmou que "a luta contra o racismo tem que ser implacável. É inacreditável, inaceitável e incabível esse tipo de coisa no esporte e na sociedade. Estamos contigo". No site oficial, o Cruz-Maltino fez uma nota mais extensa:
"Na manhã desta quinta-feira-feira (12/12) o zagueiro Miranda foi até a 8ª Delegacia de Polícia de Flores da Cunha (RS) para prestar queixa por injúria discriminatória após o episódio da partida da última quarta-feira (11), diante do Independiente-ARG, pela Copa RS. O atleta recebeu total apoio do Clube e esteve acompanhado do Gerente Geral de Futebol de Base, Carlos Brazil. O covarde ato de discriminação racial, praticado por dois atletas da equipe argentina, também foi relatado na súmula pelo árbitro da partida. Comprometido com a luta incansável contra o racismo, o Club de Regatas Vasco da Gama lamenta profundamente o ocorrido e se mantém ao lado do atleta em busca de um desfecho justo e correto para o ocorrido, por parte da organização da competição e por parte da Justiça", escreveu o clube.
Já Miranda se manifestou através das redes sociais:
"Ontem aconteceu um fato que eu jamais esperava dentro de campo, me pego emocionado sempre quando lembro. Quando pequeno minha mãe sempre dizia que haveria atos de racismo contra mim, me ensinou a lidar com isso desde cedo, com sabedoria e inteligência. Ontem não foi diferente, naquele momento só estava concentrado em fazer o pênalti e nada mais. Triste demais, ainda em dias como hoje, infelizmente tem pessoas muito ruins nesse mundo e precisamos lidar com elas sempre com sabedoria, não se resolve nada com violência. RESILIÊNCIA", escreveu.
O episódio aconteceu no fim do segundo tempo, quando Miranda se preparava para a cobrança de pênalti que daria a vitória ao Vasco. Ele ouviu as ofensas dos jogadores que estavam próximos à meia-lua da grande área. O zagueiro parou a preparação para a batida e foi ao árbitro da partida. Após alguns minutos, ele converteu a penalidade e foi até a câmera fazer o desabafo.
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