Vasco tem 2018 marcado por polêmicas políticas e judiciais
Eleição na Justiça, conversas de bastidor, viagem a fora do Brasil, reuniões e mais reuniões de Conselhos... LANCE! faz balanço extracampo do Cruz-Maltino no ano e projeta 2019
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Não foi só dentro de campo que o Vasco passou por períodos conturbados em 2018. Fora dele, o clube viveu a temporada com polêmicas políticas e jurídicas. Eleição na Justiça, conversas de bastidor, viagem a fora do Brasil, reuniões e mais reuniões de Conselhos... O LANCE! faz nesta reportagem especial de fim de ano um balanço extracampo do Cruz-Maltino no ano e projeta 2019.
ELEIÇÃO NA JUSTIÇA
A maior das polêmicas em 2018 do Vasco foi a eleição, que começou ainda em 2017. Depois da anulação da urna 7 da primeira parte do pleito cruz-maltino, em janeiro deste ano, Alexandre Campello desfez o acordo com Julio Brant, concorreu na segunda parte da eleição, entre os conselheiros, venceu e virou o presidente do Vasco para o triênio 2018-2020.
Até então, a polêmica urna 7 da eleição do Vasco era considerada como o movimento mais forte internamente. Membros ligados a Julio Brant, ainda com Alexandre Campello como aliado, conseguiram na 52ª Vara Cível do TJRJ que sócios suspeitos de terem participado de fraude votassem em uma urna em separada. Depois do pleito, com estes votos validados, a vitória seria da chapa de Eurico Miranda, que colocaria 120 conselheiros eleitos no Conselho Deliberativo, com a chapa Brant/Campello, em segundo lugar, colocando 30. Mas após perícia, a urna acabou sendo invalidada e o resultado se inverteu, com a chapa de Brant/Campello colocando 120 e a de Eurico, 30. Ex-presidente, Eurico Miranda chegou nesta ação a recorrer até o Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, mas não obteve êxito em nenhum dos pedidos.
Em junho, porém, a movimentação pela eleição do Vasco ganhou novos capítulos. Advogado ligado a Julio Brant, líder do grupo "Sempre Vasco" e ex-candidato no pleito, Alan Belaciano entrou com pedido em ação na 52ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) para anular toda a eleição, que culminou com a vitória de Alexandre Campello. O pedido foi de tutela provisória com alegações de fraude. Caberia a então juíza Maria Cecília Pinto Gonçalves, a mesma magistrada que anulou a polêmica urna 7 do pleito, decidir sobre o caso, o que foi extinto sem julgamento do mérito.
Dois meses mais tarde, Alan Belaciano entrou com novo pedido em ação distribuída na 28ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) para anular toda a eleição, que culminou com a vitória de Alexandre Campello. O pedido foi de tutela provisória com alegações de fraude. Primeiro magistrado a analisar o caso foi Daniel Vianna Vargas, que declarou impedimento. Em setembro, em decisão de tutela em 16 páginas pela juíza tabelar Gloria Heloiza Lima da Silva, a eleição acabou anulada e remarcada para dezembro.
Em outubro, após recursos do próprio Vasco, do conselheiro José Manuel Blanco Pereira, e dos beneméritos João Carlos Nóbrega de Almeida, Alexandre Lopes de Oliveira e Ney Moreira da Fonseca, a desembargadora relatora Márcia Ferreira Alvarenga, da 17ª Câmara Cível, viu conexão e mandou o caso para a 52ª Vara, a que julgou a urna 7. A juíza Maria Cecília Pinto Gonçalves declarou suspeição e o caso foi para o juiz vinculado André Pinto, que manteve a decisão de anular a eleição proferida pela juíza Gloria Heloiza. Dias após, a relatora Márcia Alvarenga concedeu o efeito suspensivo e a anulação da eleição foi cancelada, provisoriamente. Alan Belaciano entrou com novo recurso e em janeiro de 2019 a magistrada deve se manifestar se mantém a suspensão ou não da anulação.
BALANÇO PATRIMONIAL GERA ATRITOS
Em maio, nos bastidores, a divulgação do balanço patrimonial de 2017, acompanhado de uma carta escrita por Alexandre Campello, movimentou situação e oposição. O documento mostra a difícil situação financeira do Vasco e deixa explícito diversos problemas da gestão de Eurico Miranda. E assim começou o rompimento com o grupo Identidade Vasco, liderado por Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo do Vasco, que tinha membros em 13 das 16 vice-presidências do clube.
O primeiro vice-presidente a deixar o cargo foi Fred Lopes, que já não falava a mesma língua dos executivos de futebol, Paulo Pelaipe e Newton Drummon. Acabou exonerado por Campello. A venda do atacante Paulinho ao Bayer Leverkusen (ALE), que foi tocada pelo presidente juntamente com o empresário Carlos Leite, irritou Fred.
Dias depois, horas antes da partida entre Vasco e América-MG, o grupo Identidade Vasco soltou uma nota onde se defendia de algumas acusações de Campello. No mesmo dia, 12 membros que ocupavam vice-presidências no clube deixaram o cargo, se juntando a Fred Lopes, que já havia deixado a pasta do futebol.
TENTATIVA DE IMPEACHMENT
Presidente do Conselho Deliberativo do Vasco, Roberto Monteiro convocou em maio o órgão para deliberar sobre a abertura ou não de inquérito contra Alexandre Campello, presidente cruz-maltino. Monteiro, em documento enviado aos conselheiros, avisou que em caso de abertura de inquérito, na mesma reunião será composta a Comissão Especial de Inquérito e terá a deliberação sobre a adoção ou não de medidas liminares e/ou preventivas contra o mandatário. Uma abertura seria considerada como primeiro passo de um processo de impeachment contra Alexandre Campello. Após votação, entretanto, o pedido foi arquivado.
CASO HD
Paralelo ao caso da eleição, o TJRJ também decidiu sobre o polêmico HD do Vasco. O Pleno, com relatoria do desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, depois de seis meses de julgamento entre méritos e embargos, decidiu permitir que o disco rígido com dados do sócio da gestão anterior fosse utilizado como prova em ação criminal do Juizado Especial do Torcedor.
O caso parou no Pleno após conflito de jurisdição entre a 12ª Câmara Cível, que em 2017 vetou a perícia antes mesmo da primeira parte da eleição, e o Juizado Especial do Torcedor, criminal, que entrou na investigação após inquérito instaurado pela Delegacia de Defraudações da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, aliado ao Ministério Público também do Rio, que queria periciar. A perícia foi realizada e mais de 1000 sócios com fraudes foram constatados. Um ex-funcionário do Vasco já foi indiciado. Há a expectativa para outras pessoas ligadas ao Vasco serem denunciados e terem que responder criminalmente na Justiça.
O Vasco impetrou em outubro, contra a decisão do Pleno do TJRJ, recursos especial e extraordinário, tentando reverter a decisão no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal. Entretanto, até o início do recesso judiciário no último dia 20, o TJRJ ainda não tinha decidido pela admissibilidade ou não - a expectativa é que isto ocorra até fevereiro do próximo ano.
CONFUSÃO NA PARADA DA COPA DO MUNDO
No dia 25 de junho, o presidente Alexandre Campello apresentou em São Januário o novo diretor executivo de futebol do clube: Alexandre Faria. No dia seguinte, o mandatário se envolveu em uma crise política junto com Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo do Cruz-Maltino: viajou para Rússia, país da Copa do Mundo, e nomeou João Amorim, vice-presidente de finanças, como seu substituto no período de vacância. Entretanto, Monteiro nomeou Elói Ferreira, primeiro vice-geral do Vasco, também como substituto, gerando um conflito sobre quem seria o verdadeiro presidente interino. Caso se agravou com tentativa de entrada forçada na sala da presidência e acionamento da Polícia do Rio. Por conta do episódio, Campello antecipou o retorno ao Rio de Janeiro.
REUNIÕES POR EMPRÉSTIMO
Em agosto, o Conselho Deliberativo do Vasco foi alvo de mais polêmica. Por apenas um voto de diferença - 89 a 88 -, a votação do empréstimo de R$ 38 milhões junto ao Banco Daycoval foi adiada. Na saída da sede náutica do clube, onde ocorreu o encontro, o detalhe ficou por conta de o presidente Alexandre Campello e o presidente do Conselho de Beneméritos Eurico Miranda terem falado em fraude na apuração do resultado da votação. O empréstimo foi aprovado somente em uma segunda reunião no mês seguinte, mas até agora a totalidade do dinheiro ainda não caiu nos cofres do Vasco.
PACIFICAÇÃO NA LAGOA
O dia 8 de outubro foi considerado histórico por muitos nomes importantes da história do Vasco. Presidente do Conselho de Beneméritos, Eurico Miranda, ao lado do presidente Alexandre Campello e outros beneméritos e grandes beneméritos - Luiz Manuel, Sonia Andrade, Edmilson Valentim, Roberto Monteiro, Silvio Godoy, Olavo Monteiro de Carvalho, José Carlos Osório, Sérgio Frias, Eloi Ferreira, Peralta, João Nóbrega, Denis Carrega, José Luís Moreira e Jorge Salgado -, membros de diversas correntes políticas do clube, se uniram em prol de uma pacificação no clube. Não houveram representantes do grupo "Sempre Vasco", liderado pelo conselheiro Julio Brant, presentes na reunião.
DOIS BALANÇOS PARA UM ANO
Em novembro, o Conselho Deliberativo do Vasco aprovou o balanço de 2017 entregue por Eurico Miranda, atual presidente do Conselho de Beneméritos e presidente da Diretoria Administrativa do ano em questão. A polêmica surgiu por conta de que o presidente Alexandre Campello, em abril, já havia publicado o balanço de 2017 do Vasco e os números entre os dois foram diferentes em alguns pontos.
Em abril, cumprindo determinação da Autoridade Pública de Governança do Futebol (Apfut), órgão subordinado ao Ministério do Esporte, Alexandre Campello publicou o balanço de 2017, com os requesitos legais para a manutenção do clube no Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro). Mas em setembro, Eurico Miranda apresentou um balanço independente, com números diferentes, sendo o levado em consideração pelos conselheiros que optaram em desconsiderar o publicado por Campello.
Como exemplos destas diferenças entre os balanços, no entregue por Alexandre Campello, o Vasco no exercício de 2017 terminou com déficit de R$ 22.954.000,00. Já o déficit da conta entregue por Eurico, na conta aprovada pelo Code, apontou R$ 20.173.273,00 – uma diferença de R$ 2.780.727,00 entre as avaliações entregues pelo atual presidente do clube e o ex-mandatário referente ao mesmo período. No geral apresentado no balanço por Campello, em 2017 o Vasco teve R$ 192.554.000,00 de receita líquida. De despesa, o montante de R$ 215.510.000,00. Nestes mesmos moldes, no balanço apresentado por Eurico, o Vasco em 2017 teve R$ 192.446.594,00 de receita. De despesa, o valor de R$ 212.619.897,00.
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