‘Bolsonaro está com uma bomba nas costas e não me arrependo do voto’, diz campeão olímpico Ricardinho
Ouro nos Jogos de Atenas, ex-levantador vê presidente 'no caminho certo', critica medidas rigorosas de restrição contra novo coronavírus e torce por solução de projeto em Maringá
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Campeão olímpico nos Jogos de Atenas-2004 e prata em Londres-2012, o ex-levantador Ricardinho manifestou apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e defendeu que o país adote medidas menos restritivas no combate ao novo coronavírus, ainda que mantenha os cuidados para evitar uma propagação acelerada. As declarações foram dadas em entrevista à jornalista Patrícia Calderón, da "Jovem Pan News Fortaleza".
Dentre uma série de nomes apresentados para o ex-jogador responder se ele "levantaria uma bola ou não", estava o de Bolsonaro. A resposta foi positiva. Questionado sobre sua avaliação do mandato do presidente, o paranaense reforçou sua visão favorável ao político que ele ajudou a eleger em 2018.
- Um cara que está assumindo muitas broncas, infelizmente em um período em que vazam muitas notícias e coisas inesperadas. Eu não gostaria de viver o que ele tem passado. O cara está com uma bomba nas costas dele. Não me arrependo do voto nele de forma nenhuma - afirmou o ex-jogador.
Em outro trecho da entrevista, Ricardinho também se posicionou a favor do discurso do governo federal no combate à COVID-19 e criticou o isolamento social rigoroso. Usou como exemplo seu estado, o Paraná, onde serviços não essenciais foram reabertos.
O coronavírus não causou estragos tão significativos por lá como em outras regiões até o momento. Até sexta-feira, foram registradas 173 mortes e 4.236 casos confirmados. Mas a curva de contaminação ainda está no início. Os números crescem a cada dia.
- Acredito que ele (Bolsonaro) tem de tentar ajudar as duas partes. Temos de trabalhar e fazer nossas coisas, mas respeitando certos limites, pois a saúde humana tem de prevalecer. O perigo do contágio é muito grande, mas os empresários e cidadãos precisam trabalhar. Acho que tem de haver limites, como vem acontecendo aqui (no Paraná). Houve bloqueios, mas foram sendo liberados, aos poucos. Foram averiguando semanalmente o crescimento do vírus. Quando alguém exagerou, os políticos deram uma segurada. Mas também não pode bloquear tudo e deixar as pessoas dentro de casa. Respeito, segurança e uso de mascara são primordiais.
O ex-levantador vive um momento delicado como dirigente do time que idealizou e que dirige há anos em Maringá. A equipe perdeu jogadores no decorrer da última temporada, cancelada antes dos playoffs por causa da pandemia, após acumular mais de quatro meses sem pagamento.
O principal patrocinador não honrou os compromissos, e Ricardinho até entrou em quadra, aos 44 anos, para motivar o grupo. A crise fechou também o projeto social do atleta, que mantinha mais de 400 crianças no esporte. O caso está na Justiça, e ele espera levar o projeto para o eixo Rio-São Paulo.
O ex-capitão da Seleção tem passado os dias de quarentena entre treinos e exercícios físicos dentro de casa e desempenhado a sua mais nova função: avô do Lorenzo, filho da primogênita Júlia.
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Confira outros trechos da entrevista
MATURIDADE APÓS TEMPERAMENTO EXPLOSIVO
Faria tudo de novo. Foi sempre por uma boa causa, sempre buscando um bem comum. Não me imagino com outra característica, como por exemplo do André Nascimento, com estilo do André Heller, do próprio Giba que sabiam lidar melhor com as derrotas. Eu sempre fui muito estressado, quando eu entrava em quadra eu me transformava para ir para cima do adversário. Fui treinado para isso.
FATÍDICO CORTE EM 2007
Foram muitos anos de convivência (com Bernardinho), muito tempo juntos. A gente sempre discutia bastante. Ocorreu o desgaste da relação que resultou no meu corte. Fiquei muito magoado e chateado. O tempo passou, a história virou lenda, não há nenhum segredo de estado que não tenha sido revelado, e hoje dou até boas risadas de tudo o que foi falado e da situação.
RELAÇÃO COM GIBA
O Giba era um cara que sabia lidar muito bem com a derrota e com a vitória com a mesma postura. Guerreiro, lutador e gostava de ganhar, também. Mas em toda história tem o mocinho que é sempre o que dá entrevistas, que se destaca. E tem o maluco, descontrolado, nervoso, descabelado, como eu que passava direto e não queria papo com ninguém. Essa é minha personalidade e tive que assumir o ônus e bônus para seguir em frente, assumir ser o vilão.
CRISE EM MARINGÁ
Foi um baque. A situação está nas mãos dos advogados. O contrato acaba este mês e vamos definir o que fazer agora. Existe a possibilidade de levar o Maringá para o eixo Rio-São Paulo. Não vou desistir. Voltei às quadras (como jogador, durante a última Superliga) para dar uma força moral aos meninos.
CRISE NO VÔLEI BRASILEIRO
A falta de categorias de base no Brasil é uma realidade no vôlei, o que dificulta o encontro de novos talentos no país. Eu comecei aos nove anos. A busca de patrocinadores, então, nem se fala. A gente já sofria na saúde, na educação e no esporte. Imagine após a pandemia.
ISOLAMENTO SOCIAL
Não concordo em bloquear tudo e deixar todo mundo trancado dentro de casa. Repito, sempre com segurança, sempre respeitando o uso de máscaras, o limite de pessoas e a distância. O cidadão precisa trabalhar.
A VIDA DE AVÔ
Somos muito apegados. Montei uma pequena academia na varanda do meu apartamento, e ele me acompanha sempre. Ele me segue, me leva pra academia do prédio, cópia os meus gestos de exercícios, é meu amigão, meu parceirinho fiel. Fazemos muitas brincadeiras juntos, é sensacional, não tem como explicar. São momentos que ficaram eternizados. Momento muito feliz da minha vida.
FÉ E PREOCUPAÇÃO PÓS-PANDEMIA
Tenho medo que após a pandemia, as pessoas ainda fiquem presas nas suas casas, esquecendo do outro. Não vejo a hora de tudo isso acabar para voltar a frequentar com a minha família, os cultos de encontro com Deus e todos unidos na fé. Momento difícil, não quero me acostumar com o novo mundo.
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