CAMPO NEUTRO: O espetacular gol contra do Qatar
José Inácio Werneck opina sobre diversos assuntos ligados ao mundo dos esportes<br>
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A imprensa americana e a inglesa, que já viam com maus olhos a escolha do Qatar para sediar a Copa do Mundo deste ano, estão positivamente exultantes com o totalmente desnecessário gol contra que os xeques (êpa) do deserto acabam de marcar.
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A três meses do ponta-pé inicial, o mesmo foi antecipado em um dia.
Por que? Porque os organizadores decidiram fazer aquilo que já é tradicional e o bom senso impõe: que o país anfitrião dispute a partida inaugural.
Recordemos que antes de 2006 a tradição exigia que a partida inicial tivesse o time campeão. A partir dali porém passou a ser o país anfitrião.
Quer dizer: não era uma tradição tão grande assim, mas a verdade é que os organizadores da Copa no Qatar desrespeitaram tanto a tradição inicial quanto a mais recente: tinham simplesmente escalado Senegal x Holanda para a partida inicial.
Por que? Não faço ideia.
Creio que os organizadores também não. O fato é que, no momento em que escrevo, a FIFA está para anunciar, ou acaba de anunciar, que a Copa do Mundo vai começar um dia mais cedo, para que o Qatar dispute a partida inicial, contra o Equador.
A propósito, cumpre lembrar que o Chile ainda está esperneando, junto à própria FIFA, dizendo que um jogador equatoriano na verdade é colombiano e ele, Chile, não Equador, deveria estar na Copa do Mundo.
Imaginem agora o deboche, por exemplo, em Londres, onde táxis já circulavam anunciando a data oficial de estreia da Copa do Mundo. Agora as empresas de publicidade terão que pintar os táxis de novo e mandar a conta para o Qatar.
Ou para a FIFA, não estou bem certo.
Meus caros leitores devem lembrar que a Inglaterra e os Estados Unidos tinham pleiteado sediar a Copa de 2018 e a de 2022, respectivamente. Perderam. No caso da Inglaterra, para a
Rússia. No caso dos Estados Unidos, para o Qatar.
As duas nações não ficaram satisfeitas e desde então seus jornais e televisões refletiram seu desagrado. Primeiro, com a Copa que já passou. Segundo, com a Copa que virá.
No caso do Qatar, além das costumeiras acusações de corrupção, houve uma campanha contra o calor excessivo - o que levou à transferência do evento para novembro/dezembro - e depois contra o tratamento dispensado aos trabalhadores temporários, muitos dos quais, alega-se, eram submetidos a condições desumanas que os levavam à morte.
A “lei seca” que impera em países muçulmanos e a pouca simpatia dispensada a gays, lésbicas e transsexuais em nada contribuiu para apaziguar a imprensa ocidental.
Agora, o Qatar antecipa a Copa em um dia.
Pode parecer pouco, mas vai acarretar imensos problemas de acomodações em hotéis, ingressos para compras para jogos que não poderão se utilizados por causa de incompatibilidade de horários (o New York Times já tem uma história a respeito), datas de viagens e assim por diante.
Não se porque só agora o Qatar descobriu que precisa fazer o jogo inaugural.
Mas antes mesmo da bola rolar, já marcou um espetacular gol contra.
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