A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em conjunto com a comissão técnica da Seleção Brasileira e a Fifa, preparou um esquema para garantir aos jogadores privacidade na concentração em Sochi, mas o planejamento tem tido furos desde que o Brasil desembarcou na cidade onde se prepara para a Copa do Mundo na Rússia.
Antes da viagem, a CBF já sabia que não teria como blindar totalmente os jogadores de contato externo ao grupo mesmo na concentração porque não conseguiu reservar todo o hotel Swissotel Resort Sochi Kamelia, onde está hospedada, apenas uma parte. Assim, o convívio diário dos atletas se dá em meio a hóspedes comuns do local.
Na segunda-feira, dia de chegada do Brasil a Sochi, e de folga para os atletas, o fluxo de pessoas foi intenso no hotel da Seleção. Era possível entrar no resort de luxo com facilidade, seja mostrando uma credencial qualquer da Fifa ou apenas dizendo que gostaria de visitar o spa do hotel. A segurança era branda. Diversos jornalistas fizeram plantão no espaço, esbarrando com jogadores. Alguns saíram da concentração para curtir a folga, o que é permitido.
Na terça, a CBF apertou o cerco. A segurança ficou mais firme e dificultou acesso de jornalistas, embora não totalmente. A posição para a imprensa, aliás, foi um aspecto importante abordado na hora de montar o planejamento de logística e também sofreu furos.
Quando fez a reserva do hotel, a CBF combinou com a Fifa de não permitir que equipes de imprensa se hospedassem no local. A entidade máxima do futebol controla esse fluxo nos hotéis da cidade-sede e aceitou o pedido. No entanto, por conta da baixa procura de hóspedes comuns pelas vagas abertas no resort da Seleção, veículos conseguiram fazer reservas e depois de a Seleção chegar. Assim, desfrutam do mesmo espaço dos jogadores e podem cruzar com eles na recepção, por exemplo.
Tite e sua comissão são bastante flexíveis no que diz respeito à relação dos jogadores com a imprensa, mas ultimante tem optado por mais privacidade. As atividades fechadas passaram a ser mais frequentes. Ele sempre costuma revelar o time que vai jogar, mas não quer que divididas mais ríspidas ou qualquer reclamação mais acentuada no treino, por exemplo, virem notícia.
Nos treinos, preocupação também com espiões. Nesta quarta, três pessoas disponibilizadas pela Fifa faziam vigilância do espaço aéreo de onde a Seleção treina. Com binóculos, eles tinham a missão de detectar possíveis drones e com ordem para abatê-los. Assim, evitar que a atividade brasileira seja filmada.
Há também a questão da presença dos familiares dos jogadores. Nesta quarta, por exemplo, parentes e amigos do atacante Gabriel Jesus acompanharam o treino na arquibancada. Um amigo, depois de a imprensa ser impedida de ver o treino, fez um vídeo em que a possível formação de ataque do Brasil aparece treinando finalizações.
Até o momento, tem sido considerada tranquila a passagem do Brasil pela cidade litorânea. Na terça, houve o primeiro treino aberto ao público e teve uma invasão ao campo, mas o russo praticamente não teve contato com os jogadores. Até domingo, quando a Seleção estreia na Copa, também chegarão os demais familiares dos atletas. Será preciso aumentar ainda mais o cerco se quiser a privacidade pretendida por Tite.