Eric Dier, meio-campista do Tottenham e da seleção inglesa, tem apenas 24 anos. Nasceu em 15 de janeiro de 1994, na cidade de Cheltenham. Dier entrou no lugar de Dele Alli na decisão contra a Colômbia, na última terça, e teve em seus pés um pênalti que carregava tanta história quanto a sua idade. Pois o chute firme, de perna direita, no canto direito de Ospina, fechando a série, libertou os ingleses. Dier nem viveu os tantos fracassos acumulados pela Inglaterra, mas os erros das outras gerações colocaram pressão na atual, algo que os atletas, hoje nas quartas de final da Copa do Mundo, reconhecem.
Ashley Young, titular da seleção de 2018, Ashley Cole, Lampard, Gerrard, Carragher, David Beckham, Darius Vassel, Ince, David Batty, Gareth Southgate, hoje treinador da Inglaterra, Stuart Pearce e Chris Waddle têm em comum pênaltis perdidos em decisões de 1990 a 2012. Henderson, que parou em Ospina na terça, entrou na lista, mas será esquecido por conta da classificação. Foram 13 erros até Dier colocar um ponto final das eliminações.
Os ingleses vinham de seis quedas seguidas em disputas por pênaltis, entre Copas e Euro, desde 1996, quando Eric Dier tinha apenas dois anos e nem se lembra que a Inglaterra bateu a Espanha nas penalidades, nas quartas de final da Eurocopa. Nos últimos 22 anos, as quedas vieram contra a Alemanha (Euro-96), Argentina (Copa-98), Portugal (Euro-04 e Copa-06) e Itália (Euro-12). Em Mundiais, some a eliminação na semifinal de 1990, para a Alemanha: até Dier converter o pênalti na noite de 3 de julho em Moscou, os ingleses jamais haviam vencido uma disputa de penalidades no torneio.
- Estamos muito satisfeitos com o resultado. Vencer uma disputa de pênaltis é uma sensação incrível, estou muito feliz - afirmou Dier, que passou 11 anos no Sporting (POR), entre categorias de base e profissionais, e fala português.
A tal sensação incrível, em Copas, ingleses de todas as gerações viveram pela primeira vez na última terça. Kane, Rashford e Trippier foram os outros que converteram na vitória por 4 a 3, após o empate em 1 a 1 nos 120 minutos.
- Obviamente, sabíamos que a história da Inglaterra com os pênaltis não era boa. Foi legal tirar isso das costas, uma grande noite para nosso país, estamos muito orgulhosos - destacou Harry Kane, artilheiro da Copa com seis gols.
O gol de Mina nos acréscimos, que adiou a classificação, colocou outros fantasmas de novo à frente dos ingleses. Eram 12 anos sem vencer um mata-mata, seja de Euro ou Copa, desde o triunfo contra o Equador nas oitavas de final de 2006, na Alemanha. Maguire, que perdeu no alto para o colombiano, colocou a mão no rosto como quem lamenta mais de uma década de frustrações, ao apito final da prorrogação, antes das penalidades.
Southgate, hoje no banco de reservas, é um dos que sabe o que é ser vilão. Na semifinal da Eurocopa de 1996, o então jogador parou nas mãos do goleiro alemão Andreas Köpke no pênalti e deu adeus à competição com a Inglaterra.
- Essas memórias sempre estarão comigo. Mas esse é um momento especial para essa seleção, que eles deem fé para futuras gerações. Não podemos nos sentir carregados pela história. São jovens, estão desfrutando o Mundial. Estamos já pensando na preparação das quartas de final - disse o treinador.
Southgate afirmou ainda que "gostaria de ter uma semana para desfrutar". Daí é possível dimensionar o tamanho que o triunfo teve para os ingleses. Dier, com seu pé direito, mudou a história de uma seleção. Mas não há muito tempo para festa: sábado a Suécia é a rival das quartas, valendo uma vaga na semifinal da Copa do Mundo, algo que Dier e tantos outros do grupo de 2018 nunca viram acontecer. A última vez foi em 1990, naquela derrota nos pênaltis para a Alemanha com erros de Stuart Pearce e Chris Waddle...
- Ainda não posso dizer que estamos preparados para sermos campeões. O nosso próximo foco é a Suécia, um adversário complicado e vamos precisar estar atentos para seguir avançando - destacou Eric Dier.