Seria injusto dizer que a Inglaterra anulou Kylian Mbappé, principal estrela da França na Copa do Mundo. Contudo, os ajustes feitos por Gareth Southgareth e a marcação de Kyle Walker fizeram o camisa 10 ser menos brilhante nas quartas de final. Apesar disso, os Bleus mostraram sua força ao vencer por 2 a 1 e ir às semifinais, dando mais uma prova de que a atual campeã é mais do que a reunião de talentos individuais. Com méritos, segue como uma favorita ao bicampeonato mundial.
O confronto entre Mbappé e Kylian Walker era muito esperado, mas o sucesso inglês em minimizar os danos causados pelo camisa 10 francês também passou pela ótima atuação de Saka. Aberto pela ponta direita, o atacante "prendeu" Theo Hernández e Rabiot, os que mais dialogam com Mbappé pelo lado esquerdo. Assim, o craque muitas vezes recebeu a bola sozinho diante da marcação de Walker coberto por Stones e Henderson. Uma missão difícil, mas não impossível.
Kylian Mbappé foi o maior driblador do jogo e, em um destes dribles, conseguiu clarear a jogada para Dembélé, do lado esquerdo, que tocou para Griezmann. A conclusão da jogada foi com a finalização precisa de Tchouaméni para vencer o goleiro Pickford e abrir o placar no Estádio Al Bayt.
BLEUS MOSTRAM FORÇA DO LADO DIREITO
Com Mbappé muito visado pela Inglaterra, sobrou espaço para Griezmann e Dembélé explorarem no lado direito de ataque. Especialmente no primeiro tempo, os dois dialogaram muito bem e criaram bons lances, chegando com frequência à linha de fundo. O camisa 7, autor de duas assistências, foi quem comandou o ritmo do jogo nos melhores momentos da seleção francesa diante da Inglaterra.
Em comparação aos jogos que atuou com a equipe titular (Austrália, Dinamarca e Polônia), a partida contra a Inglaterra foi a que a França atuou e chegou com mais força pelo lado direito. O protagonismo e a fase de Mbappé, obviamente, fazem o jogo ficar concentrado na faixa esquerda - o que deve se repetir nas próximas partidas, mas os Bleus mostraram que possuem outro caminho.
DESCHAMPS 'MORRE' COM QUATRO SUBSTITUIÇÕES
Diante da seleção mais qualificada que enfrentou neste Mundial, a França, naturalmente, também encontrou maiores dificuldades defensivas e, especialmente na segunda etapa, deixou de ter o jogo controlado. A resposta da parte mental foi positiva, com o time reagindo após o gol sofrido e buscando o segundo gol. Porém, houve um sinal preocupante dado pelo técnico Didier Deschamps.
A Inglaterra tomou conta do meio de campo e, por vezes, pareceu dominar o jogo fisicamente. Neste cenário, eram aguardadas substituições na França para dar novo fôlego ao meio de campo, o que não aconteceu. O treinador dos Bleus fez apenas uma troca nas quartas de final - Coman no lugar de Dembélé aos 34 minutos do segundo tempo - mostrando pouca confiança nos reservas.
A sensação se restringe aos homens de meio de campo e ataque. Guendouzo, Fofana e Veretout não foram bem nas oportunidades que tiveram. Fechando os meias à disposição, Camavinga, de só 20 anos, só foi acionado na partida contra a Tunísia, quando atuou improvisado de lateral-esquerdo.
Para o ataque, os jovens Marcus Thuram e Kolo Muani, com quase nenhuma experiência pela seleção francesa, eram as demais opções, o que explica a resistência de Deschamps em colocá-los em um jogo tão difícil. As lesões de vários atletas, como Pogba, Kanté e Nkunku, explicam a pouca profundidade do elenco francês, o que pode ser um desafio para a seleção nos dois próximos jogos.