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Zebra? Técnico quer chegar nas quartas. E Japão tem planos para alcançar final da Copa até 2050

L!<span style="font-weight: normal;"> </span>explica porque a ascensão nipônica e a vitória sobre a Alemanha não são meros acasos

Alemanha x Japão - japoneses comemoram
imagem cameraO zagueiro alemão Süle sai de campo desolado em meio à festa dos japoneses (Foto: EFE/EPA/Tolga Bozoglu)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 23/11/2022
23:20
Atualizado em 24/11/2022
06:00

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Oito jogadores do elenco que disputa a Copa do Mundo na Bundesliga, a liga alemã. No total, 19 atletas desse elenco no futebol europeu. O mundo pode ter ficado chocado com a vitória por 2 a 1, de virada, do Japão sobre a Alemanha, na estreia de ambos pelo Grupo E. Mas não deveria. Os 'samurais azuis', como são chamados vem em constante evolução. E possuem planos audaciosos para um futuro próximo.


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Alcançar dois feitos históricos (primeira reversão de placar adverso na mesma partida em uma Copa e a primeira vitória sobre um campeão mundial) já era algo previsto pelo técnico Hajime Moriyasu.

Não. Moriyasu não deu falas soberbas ou coisas do tipo. Mas após o sorteio dos grupos, quando viu os nipônicos caírem em uma chave considerada uma das mais complicadas, disse que não se sentia inconfortável. E que o Japão precisava passar por esses tipos de desafios.

- Ter a oportunidade de enfrentar Alemanha e Espanha será muito proveitoso. Jogar em uma chave com dois campeões do mundo fará o elenco ter mais atenção e preparação. Todos se sentem ainda mais motivados para duelar com adversários desse nível.

Durante toda a preparação japonesa para o Qatar, Moriyasu foi taxativo: o objetivo é chegar nas quartas de final. Objetivo que soa muito mais plausível depois da vitória sobre os alemães.

- Não é um sonho, é um objetivo. Deixo claro aqui minha posição. A meta é chegar nas quartas de final. É o que queremos, é o que entenderei como sucesso. Em um grupo como o nosso, se classificarmos, o caminho é perfeitamente possível pelo nível de maturidade e eficiência que alcançaremos - disse o comandante japonês em novembro.

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Festa japonesa em Tóquio
Japoneses festejam vitória em Tóquio (Foto: EFE/EPA/JIJI PRESS)

PARA O FUTURO, DEGRAUS MAIS ACIMA

Se o técnico quer apenas ver o Japão entre os oito primeiros, o presidente da Federação Japonesa, Kozo Tashima, vai além. Desde o início do ano, em uma série de entrevistas a jornais locais ou ao próprio sítio da entidade, ele revelou detalhes do projeto que visa levar o Japão a uma final até a Copa de 2050.

- Os jogadores estão realmente pensando: 'Vamos mostrar nosso futebol', 'mirar no topo' e 'novo cenário'. Se queremos ganhar a Copa do Mundo no futuro, temos que lutar contra times como estes (Alemanha e Espanha). Se acontecer, será um grande passo para o futebol japonês e ficará para a história.

Em setembro, à rede estatal 'NHK', Tashima foi protagonista de uma reportagem de mais de 30 minutos em que abre a sede da federação, exibe tabelas, detalhes e como é desenvolvido o projeto de desenvolvimento do futebol do Japão, onde ele enfrenta concorrência desleal de outros esportes, como beisebol, badminton e artes marciais em geral.

Em uma das perguntas, relembrado que promessas de sucesso no país são constantes. Em 2006, Zico, responsável pela popularização do esporte, prometia também as quartas de final. Quatro anos depois, a conversa era de se chegar à semifinal. Em ambos os casos já haviam, atletas nipônicos na Europa em times de destaque. Em ambos os casos os resultados práticos foram bem abaixo do alardeado.

Tashima teve, acima de tudo, coragem para cobrar mudanças mais efusivas. Chamou o próprio campeonato local, a J-League, oásis de brasileiros durante os anos 1990, de chato.

- Fui informado pela federação brasileira de que os jogadores de seu país têm a marca de cerca de 300 mil chutes a gol antes de se profissionalizarem. Aqui no Japão, é cerca de 5 mil. Isso é 60 vezes menos. Nas categorias juvenis, os jogadores não costumam chutar a gol. É por isso que a J-League é chata: não há chutes a gol.

Desde 2014 houve redução gradual na importação de técnicos e mudanças profundas nas teorias ensinadas no curso de novos treinadores. Diante da resistência dos times em seguir as novas normativas, o dirigente prometeu e cumpriu: limitou a entrada de atlets estrangeiros e colocou cláusulas obrigando a inscrição de jogadores jovens. Mudou também o regulamento da J-League e adotou os pontos corridos.

Não parou por aí. Com apoio do Comitê Olímpico do país - já de olho nas Jogos de Tóquio, em 2020 -, conseguiu no governo a facilitação da saída de adolescentes para a Europa. E intensificou então o intercâmbio de talentos.

O principal destino dos jovens foi, pasmem, a Alemanha, com quem os japoneses já estreitaram laços quando se trata de futebol entre os anos 1950 e 1970, com a ida de treinadores e atletas germânicos ao país oriental, que ainda não tinha uma liga profissional. E com quem a Bundesliga e seus integrantes possuem diversos convênios assinados. Somente há dois, por exemplo, a audiência da Premier League, do Japão, disparou na liderança em comparativo com o torneio alemão.

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Japão x Iraque - 1993
A 'agonia de Doha' de 1993: símbolo do fracasso (Foto: Acervo Fifa)

REMANESCENTE DA TRAGÉDIA, MORIYASU É O NOME CERTO

O nome para comandar esse projeto de crescimento do futebol japonês já estava escolhido quase que por unanimidade: Moriyasu. Com três títulos da liga nacional e dois da copa como treinador do Sanfrecce Hiroshima, não é só o mais bem sucedido treinador japonês, mas também tem ligações íntimas com o esporte. A começar que ele e seus dois irmãos atuaram na época desde que o futebol era amador. Herança do pai, militar que conhecer o esporte no Velho Continente. E paixão que passou aos filhos. Os dois atuam profissionalmente.

Mas é na carreira com as chuteiras que Moriyasu se destacou de concorrentes ao cargo. É o primeiro treinador do Japão que defendeu o país em uma Copa como jogador. Justamente a primeira dos nipônicos, em 1998, na França.

Mas foi exatamente cinco anos antes da glória máxima que o hoje técnico sentiu o declínio. No episódio conhecido como 'Agonia de Doha', no mesmo estádio em que ele venceu a Alemanha, em 28 de outubro de 1993 subiu ao gramado para enfrentar o Iraque pelas Eliminatórias Asiáticas para a Copa de 1994, dos EUA. Os 'samurais azuis' precisavam vencer. Assim o faziam, por 1 a 0. Mas sofreram o gol de empate nos acréscimos e foram eliminados da disputa, em episódio traumático (pelo menos até esta semana).

- Não me lembro do vestiário depois do jogo, nem de falar com a mídia depois, nem da viagem de ônibus de volta ao hotel. Dediquei-me ao meu sonho da Copa do Mundo. Tivemos tantos campos de treinamento que passei mais tempo com meus companheiros de equipe do que com minha família. Eu podia ver a Copa do Mundo bem na minha frente, mas quando fui agarrá-la, ela desapareceu no ar - declarou Moriyasu ao site da Fifa em uma reportagem sobre o tema, de 2017.

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