A péssima atuação da Espanha contra Marrocos, na terceira rodada da fase de grupos da Copa do Mundo, ligou um sinal de alerta. Antes considerada uma das principais favoritas ao título, a seleção espanhola entra no mata-mata com dúvidas e questões a serem resolvidas. A principal delas é o setor defensivo, alvo de críticas e de maior preocupação por parte do técnico Fernando Hierro.
A Espanha tem a quinta defesa mais vazada desta edição de Copa do Mundo, tendo sofrido cinco gols em três partidas na fase de grupos. Por comparação, quando a seleção espanhola conquistou o título do Mundial em 2010, sofreu apenas seis durante toda a competição. É um dado que incomoda o técnico Hierro, que começa a pensar em mudanças para as oitavas de final.
- Não podemos continuar dando gols. Temos que colocar nossa marcação. Mais uma vez, nós fomos para o campo um pouco hesitantes, não pode continuar acontecendo, a partir de agora os jogos começam a vida ou a morte, não podemos continuar dando gols, temos que focar. É para controlar o jogo.
A Espanha é conhecida por ser uma equipe ofensiva e que gosta de ter a posse de bola. O problema é que o esquema de 4-1-4-1 tem deixado o sistema defensivo expostos aos contra-ataques. Levando em conta os gols sofridos nesta Copa do Mundo, três fatores têm incomodado: erros individuais, problemas na recomposição e falta de intensidade de alguns jogadores.
Um dos motivos de Thiago Alcântara ter perdido a titularidade contra Portugal para Koke foi a sua falta de intensidade na marcação. Contra Marrocos, ganhou uma nova oportunidade e deixou a desejar. Foi o mais explorado pelo ataque marroquino e seu setor de marcação ficou exposto. Os pedidos pelo retorno de Koke, ou até pela entrada de Saúl, ganharam força. O brasileiro naturalizado tem qualidade no passe, mas peca na marcação.
Outro que está tendo sua titularidade ameaçada é o lateral-direito Daniel Carvajal. Retornando de lesão, ainda não encontrou seu bom futebol e - apesar da assistência para Iago Aspas contra Marrocos - não tem agradado. Está tendo dificuldades para conter o corredor que se abre em suas costas e vê a possibilidade de perder a vaga para Nacho - zagueiro de origem, mas improvisado na lateral - que marcou contra Portugal na primeira rodada.
As falhas individuais ficam por conta de De Gea, Sergio Ramos e Gerard Piqué, mas são lances capitais que Hierro mantém a sua postura que de dar confiança aos seus jogadores - o goleiro é o que corre mais risco de perder a vaga, vendo Kepa Arrizabalaga na concorrência. Nas coletivas, a posição é de não comentar sobre esse tipo de erro e manter o grupo unido.
A Espanha pode lembrar que na Copa de 2010, quando conquistou o título mundial, uma mudança importante fez a escalação encaixar: a saída do centroavante Fernando Torres para entrada do ponta Pedro, centralizando David Villa. Em 2018, Hierro se vê na necessidade de modificar a equipe, mas precisando corrigir a defesa e não o ataque.