‘Cria’ de Love, xodó do elenco e fã de sertanejo, Romero mira titularidade no Corinthians: ‘Sou importante’
Em entrevista ao L!, paraguaio que ‘abriu e fechou’ hexacampeonato do Corinthians conta detalhes de sua rotina paulistana e o porquê de merecer jogar na Libertadores de 2016
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Gringo. Promessa. Menudo. Restart. Driblador. Xodó. Reserva. Reserva do reserva. Esforçado. Craque improvável do 6 a 1. Ángel Romero já esteve de diversas formas na boca da Fiel. Dos exaltados com seu bom início aos impacientes com sua queda de rendimento. Curtindo a boa fase após brilhar contra o São Paulo no jogo da festa do hexa, o paraguaio concedeu entrevista ao LANCE! no CT Joaquim Grava.
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No bate-papo, falou sobre as expectativas da mãe María Lucia e da avó Dora, sua rotina paulistana com a namorada Gabriela, seu comportamento “nada quietinho” no vestiário do Corinthians, a paixão pelo sertanejo universitário, a realização de jogar ao lado de Vagner Love, a inspiração nos multicampeões Ralf e Danilo e o sonho de defender o Timão na Libertadores do ano que vem. Ele garante: também é importante!
Quem foi a primeira pessoa com quem você conversou por telefone depois da boa atuação no 6 a 1?
Foi minha família. Quando acabou o jogo, eu estava com meu telefone e minha família ligou. Ligou minha mãe, minha vó, minha tia... Todo mundo contente pelo jogo, falando que eu fiz um bom jogo, que estavam há muito tempo esperando eu fazer esse jogo. Ficaram todos felizes no Paraguai, assistiram ao jogo lá, porque foi transmitido já que era um clássico. Foi um jogo especial para mim porque fui titular.
No vestiário pós-6 a 1, quem foi a primeira pessoa do Corinthians que falou com você?
Foi o Tite, justamente quando eu estava saindo do gramado ele também estrava chegando no vestiário. Ele me abraçou. Foi um forte abraço. Me falou que eu sou um jogador que tem um potencial bom, que estou melhorando muita coisa. Me falou que eu tenho tudo merecido, fiz um jogaço e é para eu seguir nesse caminho.
Alguns dias antes, você apareceu para treinar com visual diferente, faixinha na cabeça... Parece que deu sorte, né?
A imprensa falou que era imitando o Neymar. Mas o Romero não pode usar faixa também? Romero que tem cabelo. Neymar não tem (risos). Encontrei uma faixa no armário, coloquei e ficou bom. Aí usei.
No gramado após o 6 a 1, você negou que aquele tenha sido sua melhor atuação na carreira. Qual foi a melhor atuação?*
Foi um clássico também, joguei pelo Cerro Porteño contra o Olímpia, marquei um gol, fiz jogadas, dribles também, fiz uma jogada e o zagueiro cometeu um pênalti em mim. Bem parecido com o jogo contra o São Paulo. Driblando, fiz dois jogadores do Olímpia serem expulsos. Falei para os jornalistas depois do Majestoso: "Foi um dos melhores jogos, mas não o melhor". Mas certamente este contra o São Paulo foi meu melhor aqui no Corinthians.
*Cerro Porteño 2 x 1 Olímpia, em 25/08/2013
Seu segundo jogo como titular do Corinthians, em julho de 2014, foi contra o Palmeiras. Você se destacou, apesar de não fazer gols, e a equipe bateu o rival por 2 a 0. Você gosta de clássicos?
É legal isso, jogar bem nos jogos importantes. Jogadores grandes aparecem em clássicos. Então é por isso que sempre quero e gosto de jogar clássicos.
Você abriu e "fechou" o Brasileirão do Corinthians, com gols contra o Cruzeiro, lá no começo, e contra o São Paulo. O que isso significa para você?
Isso é muito bom, mas eu queria ter participado ao longo do campeonato, jogando mais vezes. Mas foi importante também aquele começo de campeonato, jogo difícil contra o Cruzeiro, como visitantes, ganhamos de 1 a 0 e eu fiz o gol no fim do segundo tempo. Agora contra o São Paulo foi bom para fechar, porque nós comemoramos o título. Não joguei muito, mas foram dois jogos importantes para o Corinthians.
Com as saídas de Lodeiro, Guerrero e Mendoza você tornou-se o único gringo no elenco. Como foi para você perder esses colegas?
É verdade, foi a primeira vez que fiquei sozinho sem ninguém que fale espanhol. Sempre tentava me comunicar com um cara que fala espanhol. Mas agora que falo português, falo com todo mundo. Sou um cara que não tem problema de falar com todo mundo. Gosto de fazer brincadeiras e tal, me adaptei muito rápido. Pela linguagem, há dificuldade, mas os caras facilitaram tudo isso porque aqui é um elenco com muita experiência, isso faz com que eu aprenda rápido.
Vários jogadores do Corinthians falam ser próximos de você. É isso mesmo? Você fala com todo mundo?
Vocês da imprensa falam que eu sou quietinho, não falo muito, mas no vestiário eu falo, brinco, solto palavrão em português... Gosto muito de brincar com os jogadores, falar da vida, dos jogos que jogamos, tudo isso. Sempre tem uma resenha para falar.
Quem são os jogadores de quem você é mais próximo no Corinthians?
Estou na concentração com Vagner Love, Elias e Renato Augusto. O Vagner, por exemplo, é um cara que me ajudou muito aqui quando chegou, porque jogamos na mesma posição, é um cara muito experiente, fala muito comigo. Me fala como tenho que ficar no campo... Me ajuda muito. O Felipe também, ele vai na minha casa. Quando eu não tinha carro ele me dava carona. Todo mundo está sempre me ajudando. Moro muito perto do Felipe. O Ralf também mora perto, então também me dava carona. Muito importante, porque assim você também se adapta. Se você não falar com ninguém e ninguém falar com você, fica difícil.
Muitos jogadores aqui no Corinthians gostam de sair, ir para a balada. Você curte?
Quando eu jogava no Paraguai, nunca saía para balada. Quando cheguei no Brasil, é tipo obrigatório sair. Se você não vai, os caras ficam bravos. Saí agora na semana passada porque fomos campeões e comemoramos na balada. Aí tem que ir, né? Mas não sou muito se sair... Fico mais na minha casa, cinema, shopping... Vou para todo lugar com minha namorada.
Há quanto tempo ela está aqui?
Faz oito meses que ela está aqui no Brasil morando comigo. Já facilitou bastante. Antes era difícil morar sozinho, tinha que me virar. Ela cozinha muito bem, e eu não sei muito. Estou com sorte por tê-la comigo.
Gosta das músicas brasileiras? E no cinema? O que gosta de ver?
Gosto muito das músicas. Já até esqueci das músicas do Paraguai. Aqui ouço muito sertanejo, Gusttavo Lima, Jorge e Matheus, Marcos e Belutti. Gosto muito de sertanejo. E filme não tenho problema, sempre assisto aos de ação, mas gosto de outros também. No começo eu não ia no cinema porque não entendia português. Agora que já trato de falar e entendo tudo, já vou com minha namorada. Gosto de aprender português. Tenho que aprender. É onde eu moro. Gosto de dar entrevista coletiva, por exemplo, porque é uma chance de eu falar em português.
E comida?
É bem parecido com o Paraguai. Aqui tem feijão, alguns peixes, tipo... Comida do mar que fala, né? Mas quase tudo é parecido. Gosto muito de massas aqui. Sempre você vai me ver comendo massas.
É muito diferente Assunção de São Paulo?
São Paulo é muito grande. Você vai em Assunção e em três dias você conhece tudo. É legal morar em Assunção porque fica tudo perto. Tem trânsito, mas não como aqui em São Paulo. Aqui em São Paulo é muito legal. Paraguaios falam que aqui tem trânsito, gente que trabalha muito, está sempre na correria. Mas, como jogador, é muito legal, é tranquilo, tem muita coisa para fazer, tem restaurante, shopping legais, cinemas...
Consegue ir em shoppings, restaurantes sem ser parado toda hora por torcedores?
Sim. Não tenho problema com isso. Gosto de tirar foto. O carinho do torcedor é importante para mim. Me dá muita força isso. Quando você parar de jogar, ninguém vai querer tirar foto com você. Então agora tenho que aproveitar. No Paraguai era ainda mais do que aqui. Aqui é menos, as pessoas respeitam mais. Se você está no cinema, eles olham para você mas vão tirar foto depois. Lá eles te param em qualquer lugar.
Você falou há pouco sobre o Love. Você já conhecia ele antes?
Já tinha ouvido falar muito nele, porque ele jogou na Seleção Brasileira. Ele é muito conhecido no Paraguai. Lembro um jogo que ele fez lá jogando pelo Flamengo, jogo contra o Olímpia, no Paraguai. Ele usava tranças azuis e vermelhas. E todo mundo ficava olhando e perguntando "Quem é esse?". É o Vagner Love. O sobrenome Love também é fácil de lembrar. É um grande jogador.
Você imaginava jogar ao lado dele? Como é treinar, jogar com ele hoje em dia?
No começo, eu não acreditava. Eu assistia aos jogos dele na televisão e agora estou jogando com ele. Ele é um cara muito humilde, que sempre me ajuda. O Guerrero também, concentrava com ele e outro dia via ele jogando pelo Peru. São pessoas experientes. É como Danilo, Ralf, que têm histórias impressionantes aqui no Corinthians. São caras que você tem que escutar. Você precisa aprender com essas pessoas, por isso têm os títulos que têm.
Você tem contrato com o Corinthians até 2019. Se espelha nesses "supercampeões" para ganhar mais pelo Corinthians?
Quero também fazer parte do bom momento do Corinthians. Não só na reserva, jogando um jogo, entrando no segundo tempo... Isso é ser conformista, é fugir de responsabilidade. Eu quero assumir a responsabilidade de ser o atacante do Corinthians, jogar Libertadores, fazer gol, dar alegria ao torcedor. É isso que eu sonho. Jogos do Corinthians na Libertadores todo mundo assiste. Foi um paraguaio que eliminou o Corinthians nesta última, então o Corinthians é muito conhecido por lá. Seria muito legal ser titular do Corinthians numa Libertadores, num Brasileirão, num Paulista. Mas para isso preciso trabalhar. Fiquei seis meses sem jogar, só treinando ou jogando dez, quinze minutos. É difícil. É diferente treinar e jogar. E também quero jogar na seleção paraguaia. Era chamado toda hora quando estava no Cerro. Como não jogo aqui, não me chamam. Meu sonho é ser titular do Corinthians e voltar para a Seleção.
'Tem jogadores muito importantes aqui no Corinthians, mas eu também sou importante. Vou trabalhar, mostrar isso e virar titular', Romero
Você é sempre um dos últimos a deixar o treino do Corinthians. Por que isso?
Alguns me cobram isso. Dizem: "Por que você treina treina e treina se não joga?". Não é para jogar. É para aprender, para melhorar. Se você está jogando, é fácil, você melhora no jogo. Se você não joga, tem que treinar mais, finalizar bastante, cruzar... Aqui no Corinthians tem cara que gosta de fazer isso, tem o Fábio Carille, o Cleber Xavier. Eles sempre falam pra eu fazer algo a mais. E os caras brincam comigo, falam que eu gosto de ficar chutando. Já ouvi dos jogadores "Para, Romero! Vai descansar que amanhã tem jogo". Mas gosto disso, quero sempre melhorar e por isso gosto muito de treinar.
Tem algum apelido aqui no Corinthians?
Me chamam de gringo, mas não é bem um apelido (risos). É o único gringo que sobrou, né?
Tite, outro dia, viu que você era o último jogador treinando e se recusou a ir para o vestiário, ficou assistindo à sua atividade até o fim. O que acha disso?
Ele gosta também de ensinar. O Tite, quando ninguém está no campo, ele vai embora. Se tem um cara no campo treinando, ele fica até o fim, porque ele gosta dessas pessoas que buscam melhorar. Eu gosto de ficar treinando, peço para ele para que eu fique treinando. O Matheus (Bachi) me ajudou com virada de corpo, porque eu pedi para ele. E o Tite elogiou depois, disse que era um bom trabalho pra mim, porque sou um atacante, jogo virado de costas para o defensor. Quero melhorar sempre, nunca vou falar que já sei tudo.
Você citou sua família. Como é sua relação com sua família? Imagino que o papo com seu irmão seja diferente, já que ele também é jogador...
Converso todo dia com minha família. Com meu irmão (Óscar Romero, jogador do Racing, da Argentina), sempre por Whatsapp. Minha família está sempre ligando para mim e eu ligando para eles. Isso não significa que eu não consiga viver aqui em São Paulo sem eles. Mas é que sempre fomos muito unidos. Isso é legal. Ter o apoio da família é muito bom para o jogador. Eu não estava jogando aqui, e isso é muito difícil, cara. No Cerro, fui campeão invicto e joguei os 90 minutos de todas as 22 rodadas. É difícil não jogar... Você fica pensando: "Por que vim aqui?". Então esse jogo contra o São Paulo foi muito importante, ali soltei tudo o que eu tinha, deu para fazer tudo o que eu fazia no Cerro, tive uma oportunidade. Eu faço tudo isso no treino, mas no treino ninguém olha, você não é reconhecido pela torcida pelo o que faz no treino.
Qual seu grande sonho como jogador?
A curto prazo, meu sonho é jogar como titular do Corinthians em 2016. Se surgir uma proposta boa da Europa agora, decido com meu empresário, com a diretoria. Mas agora mesmo minha cabeça está em seguir no Corinthians e ser titular e fazer um bom Paulistão, uma boa Libertadores, um bom Brasileirão e um dia jogar na Europa. E retornar para a Seleção também!
Futebol à parte, qual seu grande sonho?
Estar sempre bem com minha família, dar uma casa para minha mãe, que minha avó também fique contente. Que eles sempre estejam felizes comigo.
Quais motivos te fazem acreditar que você é capaz de ser titular do Corinthians?
Acredito muito no meu trabalho. É trabalhando que você melhora. E é melhorando que vou conseguir ser titular. Tem jogadores muito importantes aqui no Corinthians, mas eu também sou importante. Vou trabalhar, mostrar isso e virar titular.
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