Incêndio no Ninho: ao L!, deputado explica colaboração da CPI na denúncia do MP contra 11 pessoas

Alexandre Knoploch (PSL) preside a Comissão Parlamentar de Inquérito que apura os incêndios ocorridos no Rio, entre eles o que vitimou 10 atletas no CT do Flamengo

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Com as atividades suspensas por conta da pandemia do coronavírus, a CPI dos Incêndios não pôde votar o relatório final a respeito do incêndio que atingiu o alojamento do Flamengo e vitimou 10 atletas da de base, em 8 de fevereiro de 2019, mas as informações colhidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) foram utilizadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que denunciou 11 pessoas à Justiça, apontadas como responsáveis pela tragédia do Ninho do Urubu., no último dia 15 de janeiro.

O deputado Alexandre Knoploch (PSL), que preside a CPI dos Incêndios, falou sobre a colaboração dada ao MPRJ. Segundo o próprio, a CPI conseguiu chegar a informações que a Polícia Civil, responsável pelo inquérito entregue ao Ministério Público, não havia conseguido obter na sua própria investigação.

- O Ministério Público, a princípio, iria se basear apenas do inquérito da Polícia Civil, só que a Polícia Civil tem menos instrumentos de investigação que a CPI. Hoje em dia é fácil aquele que está sendo investigado pela Polícia Civil buscar diversos mecanismos de defesa que impossibilitam a própria Polícia Civil de alcançar mais informações. Mesmo alguns investigados sendo da gestão atual e outras da gestão antiga, o Flamengo é uma instituição muito grande e, por ser uma comissão da Alerj, a CPI conseguiu, por sua visibilidade, o alcance a novas informações - explicou o deputado, ao LANCE!, antes de complementar:

- A CPI ajuda de forma que consegue chegar a mais informações. Tudo o que conseguimos foi conversado com o MP. Não podemos entregar o relatório final, ainda, porque a CPI será retomada nas próximas semanas e votaremos (o relatório final), mas conversamos com o promotor do caso e tudo foi passado.

A CPI dos Incêndios foi instalada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro a fim de investigar os incêndios de grande proporção que atingiram o Estado. Além do Ninho do Urubu, a comissão apura os acontecimentos no Hospital Badim, Hospital Balbino e no Museu Nacional. Os deputados Rodrigo Amorim (PSL), Jorge Felippe Neto (PSD), Márcio Canella (MDB) e Subtenente Bernardo (PROS) compõem a comissão presidida por Alexandre Knoploch (PSL).

Outra medida da CPI será propor a proibição a utilização de contêineres para o alojamento das divisões de base nos Centros de Treinamento dos clubes.

- A CPI, além disso, vai propor leis que vão estar ser protocolizadas na semana que vem, proibindo que os alojamentos de base sejam contêineres. Todos terão que ser estruturar permanentes ou condizentes com a portaria do Corpo de Bombeiros. É uma ação da CPI para evitar que aconteça o que aconteceu no Ninho do Urubu. E vamos continuar acompanhando o processo na Justiça.

O INCÊNDIO NO NINHO: VÍTIMAS, ACORDOS E DENÚNCIA DO MP

O incêndio no alojamento das divisões de base do Flamengo, em 8 de fevereiro de 2019, vitimou Athila Paixão (14), Arthur Vinícius (14), Bernardo Pisetta (14), Christian Esmério (15), Gedson Santos (14), Jorge Eduardo Santos (15), Pablo Henrique (14), Rykelmo de Souza (16), Samuel Thomas Rosa (15), e Vitor Isaías (15). Outros 16 jovens estavam no CT, e três ficaram feridos (Cauan Emanuel, Francisco Dyogo e Jonatha Ventura), mas recuperam-se e seguem no clube.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, e outras dez pessoas - denúncia a qual foi aceita pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) no dia 20 de janeiro.

Em 23 de dezembro de 2020, o Flamengo anunciou - em nota publicada em seu site oficial - que fechou acordos com familiares de oito vítimas do Ninho: Arthur Vinicius, Athila Paixão, Bernardo Piseta, Gedson Santos, Jorge Eduardo, Samuel, Pablo Henrique, Vitor Isaías e o pai de Rykelmo. Além da mãe de Rykelmo, que acionou o clube na Justiça, resta o acerto com a família de Christian Esmério.

Confira outras respostas do deputado Alexandre Knoploch (PSL) ao LANCE!:

Acredita que a apresentação do relatório final da CPI pode vir a mudar a denúncia d Ministério Público?

Não acredito que mude em relação aos denunciados. Talvez, o que mude é só um entendimento e algumas provas a mais para abalizar a denúncia do Ministério Público.

A denúncia feita pelo MPRJ foi dentro do esperado pela comissão da Alerj?

Estava dentro do esperado. Tenho que fazer menção ao excelente trabalho do Ministério Público. Foi muito preciso na denúncia, consertou diversos erros que teve na própria investigação da Polícia Civil, juntou novos elementos e, também com as informações que levamos, fizeram a denúncia.

Por conta da pandemia do coronavírus, a Alerj suspendeu as CPIs, incluindo a que investiga os incêndios recentes no Rio de Janeiro. Existe uma previsão para que as atividades sejam retomadas?

A CPI será retomada na volta do recesso parlamentar. Teve que ser paralisada por conta de uma determinação da presidência da Casa, em função da pandemia.

Em relação ao caso do Ninho do Urubu, duas sessões já haviam sido realizadas com os deputados ouvindo uma série de representantes do Flamengo, peritos e outras partes interessadas. Em qual etapa está esse caso, no sentido de apresentar o relatório às autoridades com o entendimento da CPI?

A CPI encaminhará seu relatório e contribuição formal ao Ministério Público, mas já enviamos toda a nossa apuração ao promotor do caso. E o Ministério Público usou a nossa apuração para o indiciamento das 11 pessoas. Aproveito para elogiar a conclusão do MP sobre o caso, completamente consonante com o que apresentamos à promotoria.

Durante as sessôes na Alerj, os representantes do Flamengo, quase em sua totalidade, não souberam responder quem seriam os responsáveis pelas instalações e segurança na acomodação dos atletas, por exemplo. Como isso foi recebido pela CPI? Houve a colaboração esperada por parte dos dirigentes do clube?


O “Não sei” tornou-se estratégia de defesa consagrada, mas hoje já é possível saber os responsáveis e mais uma vez cito a felicidade do Ministério Público.

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