Julio Cesar se despede: ‘O que mais quero é ter deixado algo de positivo’
Goleiro detalha proposta de renovação do contrato pelo Flamengo, explica a recusa e avalia como positiva sua participação com o elenco nos últimos meses: 'saio pela porta da frente'
Desde o dia 30 de janeiro, o elenco do Flamengo ganhou a companhia de Julio Cesar. O goleiro, mais do que um reforço para os jogos oficiais, logo tornou-se líder e uma das vozes mais importantes do vestiário. O "DNA rubro-negro" e a carreira vitoriosa o credenciaram para tal posto e o camisa 12, quando assinou contrato de três meses, sabia que sua maior colaboração seria fora de campo.
Diante de um elenco formado por vários jovens revelados nas categorias de base do clube, assim como ele, Julio Cesar destacou a boa experiência que viveu em 2018 e revelou o pedido dos garotos para ele adiar a aposentadoria.
- Desde quando vim para o Flamengo, com o time sem estar precisando de goleiros, sabia que minha participação seria mais fora de campo do que dentro. Durante esses três meses eu pude ajudar com a minha experiência. Tive bons e maus momentos na carreira. Foi uma participação bacana e saio pela porta da frente sabendo que dei o meu melhor. Você se sentir uma pessoa querida e amiga, é o que mais vale. Ver o Vinicius, Paquetá, Jean Lucas, Klebinho e Lincoln pedindo para eu ficar mais tempo foi incrível. Vale mais que título - afirmou.
Não foram apenas os garotos que procuraram Julio Cesar. A direção do clube ofereceu ao goleiro a extensão de contrato, mas o camisa 12 recusou. De acordo com Julio, os problemas físicos foram determinantes para a decisão.
- O Flamengo apresentou uma ideia de extensão de contrato. Mas vim com a ideia fixa. Quero agradecer ao presidente e ao Lomba pela oportunidade. Por problemas físicos escolhi por não continuar. Foi uma escolha que fiz há três meses. Desde o início a situação ficou muito bem definida - explicou Julio.
'Quando o livro fechar e olhar toda história que construí no futebol, o que mais quero é ter deixado algo de positivo. Saio na rua e algumas pessoas falam que colocaram o nome do filho de Julio Cesar por causa de mim. Isso não tem preço', declarou.
Apesar de dizer que a aposentadoria foi planejada, Julio Cesar já sabe qual será o "lado ruim" da decisão, mas reforçou o tempo que passará a ter para curtir a família e filhos.
- O lado ruim é você acordar no outro dia, olha para o teto e dizer: "acabou". Não vai mais ter aquele clima de vestiário, com jogadores. Vai ser um situação complicada desligar de uma hora para outra. A parte boa é ter mais tempo para a família e para os filhos - afirmou o camisa 12 da Gávea.
Confira outras respostas do goleiro e ídolo Julio Cesar, do Flamengo:
Desempenho do time na Copa Libertadores e classificação
O Flamengo tem muita coisa para melhorar? Tem. Foi um jogo difícil? Foi. O grupo do Flamengo na Libertadores é difícil. Jogar em um Maracanã vazio também complica, a gente sabe o que significa a torcida do Flamengo, é um 12º jogador. Não é desculpa, mas não vi o Flamengo fazer um péssimo jogo. Teve momentos bons e momentos ruins. Se ganhasse o jogo poderia acabar mascarando as partes ruins. Tive a oportunidade de conversar com eles e disse que todos têm que se apoiar, olhar para o companheiro em campo. Infelizmente a bola não entrou. Por esses três meses que passei aqui com esse grupo, posso falar que com certeza o Flamengo vai se classificar na Libertadores. Ainda tem três jogos.
Críticas da torcida após o empate com o Santa Fe
Sei que o torcedor não está feliz com o empate, mas nós também não estamos felizes. Espero que o torcedor vá nos apoiar. Com o torcedor ao nosso lado, nos tornamos ainda mais fortes. Acho que estão fazendo uma tempestade em um copo de água. Temos muito a melhorar. Mas sabemos que é um grupo difícil. Não é desculpa, mas não vi o Flamengo fazer um péssimo jogo. Tivemos momentos bons e ruins na partida.
Retorno ao Flamengo no futuro
Vou voltar como vice de futebol (gargalhadas). Estou brincado Ricardo (Lomba, VP de futebol, acompanhou a coletiva). Já falei tantas coisas no passado que me arrependo. Aprendi a não falar sobre o futuro. O futuro a Deus pertence, mas tenho outros projetos. Um cargo de diretor hoje é algo que não penso. Se surgir algo, é claro que vou analisar. Mas no momento eu não penso.
Diferenças do clube na primeira e na segunda passagem
O Flamengo, na minha primeira passagem, foi difícil. As coisas eram inflamadas. Difícil treinar e jogar com tranquilidade. Pressão muito grande. Os resultados não condiziam com as equipes formadas. Foram quatro anos que o Flamengo brigava para não ser rebaixado.
Esse Flamengo novo é o Flamengo certo e justo. Mas é claro que futebol é resultado. O clube bem estruturado, que paga em dia e é sério, tem que chegar sempre. Se vai ganhar são outros 500. O Flamengo hoje, ao lado de outros poucos clubes no Brasil, é modelo.