Torcedor do Flamengo que sofreu com complicações da Covid-19 se emociona em conversa com Michael
Fã de Michael, Ronaldo precisou amputar uma parte da perna por complicações da Covid-19; jogador lhe mandou a camisa da vitória sobre o Palmeiras autografada
Nesta terça-feira, o programa "Flamengo Além do Esporte", da FlaTV, contou a história de Ronaldo, um torcedor do clube que é fã de Michael e que teve a perna amputada por complicações da Covid-19. O flamenguista revelou que precisou passar 70 dias no hospital e explicou como foi esse período de tempo internado.
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- Comecei a sentir uma dor na perna e, quando cheguei para fazer o exame, o médico disse que eu teria de ir para a urgência. Isso eram 9h, às 10h eu já estava na urgência. No final da tarde, eu já estava na mesa cirúrgica. A Covid me causou um trombo na perna, um trombo arterial e, também, obstruiu as veias. Os médicos tentaram de tudo, conseguiram desobstruir as artérias, algumas - disse Ronaldo, que ainda completou.
- No início era para amputar a perna toda, ainda passei 20 dias na UTI. Não teve jeito, quando eu sai de lá, tiveram que fazer uma cirurgia. A medicação fez um pouco de efeito, mas tive que amputar uma parte de meu membro inferior esquerdo. Procuro não lembrar, tentar voltar, nem que seja para jogar um futevôlei. Eu passei 20 dias na UTI, esperando um tratamento, uma aplicação de uma medicação na veia e sentindo muitas dores, o membro estava se deteriorando. Foi uma luta, passei 70 dias (no hospital): 50 dias de enfermaria e 20 de UTI - contou.
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Ronaldo também explicou porque é fã de Michael. Ele disse que, quando jogava futebol, tinha o mesmo jeito do camisa 19 do Flamengo e, emocionado, lembrou da história de superação de Michael.
- Eu joguei muito e, quando jogava, tinha esse jeito de Michael, sabe? Eu joguei futebol de salão e tinha muito o drible curto, partia para cima, não gostava de voltar a bola para trás. Partia para cima, brigava, corria, marcava... A história de Michael, ele passou por momentos muito difíceis. Ele foi muito guerreiro. Ele foi em vários clubes tentar e os caras diziam “você é pequeno, você é aquilo”, é muita luta, vontade de vencer.
Michael nasceu em Poxoréu, interior do Mato Grosso, cidade com cerca de 17 mil habitantes da cidade. No entanto foi em Goiânia, distante da terra natal por 702 km, que iniciou a trajetória amadora, com 16 anos.
Em entrevista ao canal do Goiás no YouTube, há pouco mais de dois anos, Michael revelou que chegou a ser dispensado de seis clubes, em peneiras, quando tentou se aventurar nas categorias de base. Enquanto aguardava uma chance para se profissionalizar, ele seguia no terrão. Ganhava R$ 20 a cada partida e, para pagar as contas em casa, chegou a jogar cinco jogos em um mesmo dia.
Vale lembrar que quando ainda não engrenava no mundo da bola, Michael passou a ser usuário de maconha e cocaína. Ele chegou a ser ameaçado de morte, inclusive com arma de fogo e na porta de casa, mais de uma vez por causa de dívidas.
Recentemente, em entrevista ao canal "Barbaridade", Michael revelou que teve depressão em 2020. Ele contou ainda que teve "pensamentos ruins" e quis cometer suicídio.
- Você é um cara que, pelo menos para mim, representa muita coisa. Essa luta sua me comove e me dá força, sempre que estou sozinho procuro ver alguns vídeos da sua história e isso me fortalece. Você é um cara muito dedicado - disse Ronaldo para Michael.
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Michael agradeceu a conversa e destacou que, a partir daquele dia, Ronaldo já era uma motivação para si. O camisa 19 afirmou que o torcedor irá cativar as pessoas e ainda lhe enviou a camisa autografada que usou na vitória do Flamengo sobre o Palmeiras, em partida válida pela 20ª rodada do Brasileirão (veja no vídeo abaixo).
- Quando eu falei um pouco da minha história, não foi para as pessoas sentirem pena, mas para isso, para as pessoas terem força, para verem que, no final desse túnel, por mais que esteja escuro, tem uma luz. Muitas vezes, não sei o que as pessoas estão sentindo, mas eu sei o que eu já senti. Foram pessoas como você me falando, contando que estou ajudando que me dá mais força para eu possa viver, trabalhar. Não é que eu vá ser exemplo, mas vou passar um pouqinho para as pessoas da minha história de vida, que viver o certo, fazer o certo e mostrar um pouquinho da nossa história pode, sim, ajudar as outras. Eu te agradeço por estar conversando com você. Muito obrigado - disse Michael, que completou.
- Hoje, você vai fazer aquilo que você quiser, aquilo que você tenha vontade, porque Deus te deu uma oportunidade de ser uma pessoa melhor. Todo dia, não melhor do que ninguém. Na vida, não existe ninguém melhor do que ninguém, existem pessoas com qualidades diferentes. Então, você, com a sua qualidade, com seu carinho, com seu carisma, com a sua alegria, com a sua energia, vai voltar a cativar as pessoas de uma forma diferente. Hoje, as pessoas vão olhar para você e falar: “cara, eu quero ser o herói da minha vida, assim como ele é da vida dele”. A partir de hoje, você serviu de motivação para mim - concluiu.