Desumano. Foi como o técnico Abel Braga definiu as condições de jogo do Fluminense contra o Nacional Potosí, nesta quinta-feira. Com mais de quatro mil metros de altitude, a cidade boliviana é uma das mais altas do mundo e os jogadores tricolores sofreram até o fim do duelo. Após a partida, o comandante do Flu exaltou sua equipe, mas criticou o local.
- Nunca tinha vindo em um lugar assim em 50 anos no futebol. Não tem critério. É como se colocasse outra equipe. Tivemos por acaso três ou quatro oportunidades. Estou passando mal até agora e é a quarta vez que fiz oxigênio, tomei dois chás de coca. Qual o critério disso? Não estou dando desculpa. Eles tinham que ganhar e nós nos classificar. Conseguimos com muita alma - começou Abel, em entrevista à "Globo".
- Não posso esquecer de dizer que a logística que fizemos foi muito melhor do que a que estava programada. Coloca os caras da Conmebol e da Fifa para dar três voltinhas aqui. Os argentinos ficam aqui três meses e não conseguem jogar. O próprio Sornoza, que já está mais ou menos acostumado, falou que não conseguiu jogar no segundo tempo - completou.
O Fluminense sofreu com os problemas da altitude. Marcos Junior, que estaria no time titular, foi cortado antes mesmo do jogo começar por indisposição. O jovem Ayrton Lucas precisou ser substituído no intervalo e, segundo Abel, também apresentou uma situação ruim desde o momento da chegada em Potosi.
- Quem sofreu mais durante o dia foi o Marcos Junior e o Ayrton Lucas. Falei desde o inicio pra ele (Ayrton) não jogar, mas ele disse que estava bem. Vimos no primeiro tempo que não estava. O Marquinhos já tinha sofrido em Quito e contra o Liverpool (URU). Resolvemos não colocá-lo. O Pablo Dyego, que é muito forte, caiu, mas suportou bem e puxou alguns contra ataques. Não conseguimos jogar. Eles mereceram ganhar, mas nos merecíamos classificar - falou o treinador.
O Fluminense volta a entrar em campo apenas na próxima segunda-feira, em clássico contra o Botafogo pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro. A próxima fase da Sul-Americana será apenas depois da Copa do Mundo.
- Pela logística que fizemos, independente de greve ou não, estava tudo montado. Se resolveu de uma maneira espetacular. Não pode ter jogo em condições assim. É desumano. Não é normal. Você não consegue calcular o peso e velocidade da bola, o campo tem buracos. Tanto time para cairmos e caiu justamente aqui. Vou até parar de falar para não precisar fazer oxigênio de novo - brincou Abel.