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Gerente do Fluminense diz que CTPA ‘não tem perigo’ e cita falta de habite-se em Xerém

Fernando Simone ainda colocou a sede de Laranjeiras à disposição do time profissional para uso em caso de interdição

Fernando Simone - Fluminense
Fernando Simone é gerente geral do Fluminense (Foto: Mailson Santana / Fluminense)

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Após o incêndio que matou dez meninos da base do Flamengo no Ninho do Urubu, os clubes correm contra o tempo para regularizar suas instalações e dar explicações. E no Fluminense não é diferente. Sem alvará para atuar no CT Pedro Antonio, o gerente geral do clube, Fernando Simone, concedeu entrevista coletiva na sede das Laranjeiras nesta quarta-feira e esclareceu a situação atual das licenças do clube e pediu desculpas pela demora do Flu a se manifestar. 

- No CT, é importante deixar claro que é uma obra inacabada. Ele não está pronto, ainda precisa de reformas e construções. Estamos usando de forma transitória, não temos nada permanente lá. Ninguém dorme no CT, ele é utilizado para treino, musculação e vestiário. Consideramos que isso é uma situação especial e diferente do que aconteceu no Ninho. Estamos conversando e mostrando que é uma atividade particular nesse momento. Temos ideia de fazer um centro administrativo, concentração, mas é uma ideia para frente.

- A licença de obra no CT está em dia. Algumas obras estamos fazendo porque ele será utilizado na Copa América, já fomos visitados por algumas delegações que pediram adequações. O nosso contato com os órgãos competentes nunca deixou de acontecer. Não temos o alvará total ou parcial de lá. Apresentamos as documentações, recebemos orientações e passamos o que efetivamente executamos. Estamos entendendo que, pela nossa atividade, talvez o CT não precise ser interditado. Não tem perigo iminente para ninguém - avaliou.

A Secretaria Municipal de Urbanismo emitiu nota na última terça-feira após vistoriar os CTs de Fluminense e Vasco. No Tricolor, a entidade não identificou obras irregulares em andamento no local. O órgão constatou que o projeto “aprovado confere quanto à projeção e volumetria dos prédios”. Atualmente, o Flu realiza obras do campo 3, da sala de imprensa e da nova rua de acesso, todas divulgadas no projeto apresentado. Simone falou sobre as prevenções de incêndio e o pedido de alvará.

Já a Secretaria Municipal da Fazenda autuou os dois clubes pela falta do alvará de licença para estabelecimento. A entidade cobrou que os dois busquem a regularização junto à Prefeitura e avisou que o CT será vistoriado por técnicos da secretaria na próxima semana.

- Por ser uma obra nova, tem várias rotas de fuga. Existe um laudo de exigências dos bombeiros que nos foi entregue. Caso aconteça alguma coisa, como são ambientes que você está trabalhando no momento, será detectado na hora. Acreditamos que não há perigo iminente. Difícil dizer uma data final para o fim das obras. Vamos tentar executar o mais rápido possível, mas não acreditamos que demore muito. Já fizemos a consulta prévia pelo alvará de funcionamento. Está em análise. Entregamos isso na Secretaria da Fazenda. Tivemos uma reunião essa semana e explicamos as atividades do CT. Estamos buscando um alvará de funcionamento parcial para que possamos continuar nossas atividades diárias. Entendemos que isso permite que a gente utilize lá.

Sobre uma possível interdição do CTPA, Fernando Simone afirmou que ainda não dá para saber, mas falou que a sede das Laranjeiras está pronta para receber o time profissional em caso de necessidade.

- Não posso dizer se vão interditar ou não, preciso estar pronto para tudo. Espero que não aconteça. Entendemos que não é necessário, mas não é uma decisão nossa. Se precisar usar Laranjeiras, já estamos prontos para receber. Nossos vestiários foram feitos manutenções há pouco, como já era previsto, isso já vinha acontecendo. Temos um time feminino e já estávamos fazendo melhorias para elas. Se precisar vir para cá, estamos prontos, se precisar de outro CT, vamos ver as negociações. Estamos prontos para qualquer fiscalização - explicou.

Sobre as instalações da base do Fluminense, em Xerém, Fernando Simone destacou as obras que o clube realizou nos últimos anos. No entanto, admitiu que o local ainda não está totalmente regularizado, apesar de vários jovens usarem como alojamento.

- Em Xerém, quando eu cheguei em 2010 encontramos aquilo em estado de calamidade. Os atletas apelidavam de Carandiru. Era insalubre, desumana e inaceitável para eles ficarem onde estavam. Naquela época, retiramos todos de lá, fizemos uma reforma até 2012. Fomos atras das regularizações, era um CT inaugurado em 95. Estamos fazendo todo necessário. Temos o laudo dos bombeiros, da vigilância sanitária, demos entrada nos pedidos de documentação, habite-se, alvará. A situação ali era tão ruim que era mais fácil e menos custoso para regularizar derrubar e reconstruir tudo. É um processo demorado. Nada nos foi sinalizado em nenhum momento que precisaríamos parar de utilizar lá, só algumas normas de adequação. Tivemos vistoria no final do ano passado dos Bombeiros e tudo certo. Fazemos duas reformas anuais lá, então demanda manutenções importantes por serem habitações de alvenaria. Ainda não temos o habite-se em Xerém desde 1995. Descobrimos que não tinha em 2012. Estamos atrás desses documentos, demos entrada em todos. Achamos que isso vai acontecer o mais rápido possível.

Veja outras declarações da coletiva:

NOTIFICAÇÕES


Temos tido reuniões com a secretaria de fazenda. Sabemos que fomos autuados, tem multa para pagar, tudo é verdade, mas não chegou nenhum documento oficial ao Fluminense para analisarmos. Sabemos que vai chegar isso. Nenhum outro órgão chegou para falar. A conversa tem sido em alto nível, eles estão sendo coerentes e entendendo o que passamos. Acho que podemos chegar a um bom termo.

QUATRO GRANDES DO RIO COM PROBLEMAS

Não é coincidência e nem displicência. Não posso falar pelos outros clubes, estamos fazendo várias adequações, reformas e várias atitudes que nos são pedidos. Existe uma burocracia muito grande. Existem problemas de alvará em diversas atividades. Não é particular do futebol. As pessoas estão trabalhando, mas as coisas demandam tempo. O futebol não dá para parar. As coisas acabam atropelando. Precisa se discutir em como o futebol é tratado e administrado. Os clubes tem feito o que podem, mas precisamos encontrar a forma de resolver isso. Acho que é um trabalho demorado, cada clube tem sua dificuldade.

TRAGÉDIA

O Fluminense resolveu se manifestar por querermos ser o mais transparente possível. Eu me senti pessoalmente tocado. Fui diretor de Xerém por quase cinco anos. Sabemos a grande diferença que existe entre os jogadores que chegam ao profissional e os que não vingam. Tive contato com centenas de famílias. Hoje Xerém tem 200 atletas registrados. São completamente diferentes entre si, mas eles tem uma coisa em comum: o sonho de ser jogador de futebol. Ninguém chega em um grande clube para treinar sem pensar nessas coisas. E isso é o que mais nos toca quando trabalhamos em base. Esses sonhos foram perdidos na última sexta. O que as pessoas não percebem é o que foi deixado para trás. Só 10% dos atletas de base vão chegar a ser profissionais. E talvez apenas uma parte deles tenham uma carreira consistente. Muita coisa é abandonada para que os jogadores cheguem no lugar que estão. O alojamento, para os clubes, é fundamental porque muitas vezes vai trazer o atleta para o clube, entrar na rotina correta. Não é pensando só no bem do clube, é uma tentativa de fazer um trabalho social para já melhorar a vida dessas crianças. É importante para as famílias também, que sabem que é para o bem deles. Estamos sempre procurando dar a melhor condição e segurança.

LARANJEIRAS

Em Laranjeiras não há problema nenhum. Usamos normalmente, o clube está todo liberado. Tivemos problema na piscina, foi feita uma obra que não teve a qualidade esperada. Isso estava gerando machucados em sócios e atletas e, por conta de uma denúncia, tivemos visita de vigilância e ficamos com o parque aquático interditado. Estamos terminando as obras em uma das piscinas e depois começaremos na outra. Acreditamos que entregaremos isso nas próximas semanas.

RUA DE ACESSO

A rua é uma contrapartida do Fluminense. O terreno do CT foi cedido pela prefeitura e pedimos a abertura dessa rua por um acesso mais fácil ao CT. Nós que estamos fazendo a obra e a Prefeitura está ajudando em alguns itens. Cada dia estamos chegando mais perto para abrir o acesso.

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