Copa do Mundo: Renata Silveira explica por que fica mais tranquila ao narrar futebol feminino

Locutora é uma das responsáveis por comandar as partidas da Seleção Brasileira na tela da 'TV Globo'

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Renata Silveira está no Grupo Globo desde o final de 2020 (Foto: Globo/Manoella Mello)

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A narradora Renata Silveira vai dividir com Luís Roberto a responsabilidade de narrar os confrontos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo Feminina na tela da TV Globo. Primeira mulher a comandar a transmissão de uma partida do maior torneio de seleções do planeta em televisão aberta, a locutora está acostumada a lidar com as críticas e a pressão do público. No entanto, ela contou ao Lance! que se sente mais tranquila para narrar jogos do futebol feminino.

- É um público totalmente diferente (do futebol masculino). Eu fico muito mais tranquila em narrar um jogo do futebol feminino, porque sei que vou ser menos pressionada, vou receber menos mensagens negativas, a proporção é diferente. Eu nem saberia explicar o porquê, a gente sabe que o futebol envolve paixão e o torcedor naturalmente se envolve com o jogo. Se o time perde, culpa o narrador ou, se o narrador tem uma opinião diferente, já é motivo para xingar - afirmou.

- A gente vive um momento muito tóxico nas redes sociais, onde as pessoas escrevem o que querem, xingam. Não só com as mulheres, fazem com narradores homens também, mas com certeza a proporção e o viés com nós mulheres é diferente. É um processo, é uma novidade para o público que só ouvia vozes masculinas narrando os jogos. Mas, comparado com o futebol masculino, o 'hate' do público do futebol feminino é muito menor - acrescentou a jornalista.

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Entre o início na Rádio Globo, a passagem pela Fox Sports e a chegada à Rede Globo em 2020, Renata Silveira narrou grandes partidas de diferentes competições do Brasil e do mundo. Ainda assim, a locutora está especialmente feliz e motivada em trabalhar na Copa do Mundo Feminina.

- Estou muito feliz, vai ser a minha primeira Copa do Mundo Feminina. Tive experiência de narrar diversas competições, três Copas masculinas, mas essa tem um toque especial. Como falei, não estamos narrando só bola, gol ou a competição, é a história dessas meninas, a superação, a luta, a resistência, é especial narrar o futebol feminino - disse.

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Renata Silveira já será a responsável por narrar na Globo a estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo. Na próxima segunda-feira (24), ela comanda a transmissão do duelo entre Brasil e Panamá, às 8h (de Brasília), pelo Grupo F. Ana Thaís Matos e Caio Ribeiro comentam a partida, que será realizada no Hindmarsh Stadium, em Hindmarsh, na Austrália.

Abaixo, confira a entrevista completa de Renata Silveira sobre a oportunidade de narrar a Copa do Mundo Feminina.

OPORTUNIDADE DE NARRAR A COPA
"Estou muito feliz, vai ser a minha primeira Copa do Mundo Feminina. Tive experiência de narrar diversas competições, três Copas masculinas, mas essa tem um toque especial. Como falei, não estamos narrando só bola, gol ou competição, é a história dessas meninas, a superação, a luta, a resistência, é especial narrar o futebol feminino. Que privilégio narrar os jogos do Brasil, vai ser muito especial, estou muito grata por essa oportunidade e quero desfrutar da melhor forma possível. Vai dar aquele friozinho na barriga, mas quero estar preparada e pronta para conseguir passar todas as informações e a emoção que esse evento demanda. Espero que seja a primeira de muitas Copas Femininas."

MAIS MULHERES NO JORNALISMO ESPORTIVO DA GLOBO
"É um momento especial que vivemos no canal, com mais narradoras e comentaristas mulheres. Mais mulheres trabalhando no jornalismo esportivo. Em 2019, era praticamente só a Ana Thaís Matos. Agora, temos mais comentaristas e três narradoras no canal. É uma vitória, um caminho que só está começando."

PROCURA DO PÚBLICO PELA COPA
"Acho que a maior procura do público pela Copa é consequência do trabalho que a Globo vem fazendo. Eu cheguei em 2021 e fiz diversos eventos de futebol feminino de lá para cá, Campeonato Brasileiro, sub-17, sub-20, além dos campeonatos principais. Isso, para mim, é muito importante. Imagina se a Copa cai no nosso colo do nada, eu não estaria preparada para fazer. A gente chega pronto, porque narrou essas meninas no Campeonato Brasileiro, estaduais, competições de base. O público se envolve mais, porque já está envolvido. A gente vem aquecendo a Copa desde esses eventos prévios."

DIFERENÇAS ENTRE PÚBLICOS DO FUTEBOL FEMININO E MASCULINO
"É um público totalmente diferente (do futebol masculino). Muita gente já acompanha o futebol feminino genuinamente, e outras pessoas a gente vem conquistando através dessas transmissões. Eu fico muito mais tranquila em narrar um jogo do futebol feminino, porque sei que vou ser menos pressionada, vou receber menos mensagens negativas, a proporção é diferente. Eu nem saberia explicar o porquê, a gente sabe que o futebol envolve paixão e o torcedor naturalmente se envolve com o jogo. Se o time perde, culpa o narrador ou, se o narrador tem uma opinião diferente, já é motivo para xingar. A gente vive um momento muito tóxico nas redes sociais, onde as pessoas escrevem o que querem, xingam. Não só com as mulheres, fazem com narradores homens também, mas com certeza a proporção e o viés com nós mulheres é diferente. É um processo, é uma novidade para o público que só ouvia vozes masculinas narrando os jogos. Mas, comparado com o futebol masculino, o 'hate' do público do futebol feminino é muito menor."

DESAFIO DE NARRAR EM TV ABERTA
"É um desafio narrar na TV Globo, não só na Copa do Mundo. É um público imenso, diverso. Entre essas milhares de pessoas, tem pessoas que acompanham o futebol e outras que não. A gente precisa ser muito didático. Mas, para algumas pessoas, vai soar óbvio. É um desafio. Quando estou narrando na Globo, tento ser menos técnica, evitar muitos termos táticos e, se utilizar, explicá-los. A gente tem que ter esse cuidado para evitar afastar o público."

PREPARAÇÃO PARA A COBERTURA DA COPA
"É um desafio cobrir o futebol feminino. Quando a gente estuda para um jogo masculino, é muito fácil, tem informação em diversos sites, às vezes a dificuldade é até filtrar. Já no futebol feminino, é um desafio achar informação. Já é difícil no futebol brasileiro, imagina em seleções de menor expressão. São muitas horas de estudo e muita dedicação."

EXPECTATIVAS DE AUDIÊNCIA
"Na última Copa do Mundo, a Globo teve a maior audiência do mundo na final, em um jogo que não tinha a Seleção Brasileira. A gente tem essas metas de bater recordes em relação a 2019. Tem o desafio dos horários, que não são tão atrativos, mas a gente pega as férias escolares. Não são os melhores horários, mas também não são os piores. Tenho certeza que o público vai se envolver com a competição."

*Estagiário, sob supervisão de Leonardo Damico

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