Manipulação em jogos do Brasileirão: o que já se sabe sobre a Operação Penalidade Máxima II
Ministério Público de Goiás (MP-GO) informa que seis partidas da Série A do Campeonato Brasileiro estão sendo investigadas
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O Ministério Público de Goiás (MP-GO) anunciou, nesta terça-feira, o início da Operação Penalidade Máxima II, que visa investigar a atuação de uma organização criminosa na manipulação de resultados de jogos de futebol, inclusive da Série A do Brasileirão. O órgão informou que já foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão em 16 municípios de seis estados brasileiros.
Segundo o MP-GO, há suspeitas de que o grupo criminoso tenha atuado em pelo menos seis jogos do Brasileirão de 2022, além de cinco partidas de Campeonatos Estaduais deste ano. A investigação descobriu que os criminosos tentavam cooptar jogadores de futebol com ofertas entre R$50 mil e R$100 mil para que interferissem em eventos dos jogos. A interferência beneficiaria os apostadores em detrimento das casas de apostas, que estariam sendo lesadas pelas manipulações.
- Há indícios de que as condutas previamente solicitadas aos jogadores buscavam possibilitar que os investigados conseguissem grandes lucros em apostas realizadas em sites de casas esportivas, utilizando, ainda, contas cadastradas em nome de terceiros para aumentar os rendimentos. As práticas delitivas podem se enquadrar nos crimes previstos na Lei nº 12.850/13, artigos 41-C e 41-D, do Estatuto do Torcedor, e artigo 1º da Lei n. 9.613/1998 - disse o Ministério Público de Goiás, em trecho de comunicado publicado no site oficial.
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JOGOS INVESTIGADOS
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) também anunciou, em coletiva de imprensa do promotor Fernando Cesconetto nesta terça-feira, os jogos da Série A do Brasileirão que estão sendo investigados por manipulação. Inicialmente, o órgão revelou que existiam suspeitas relativas a cinco partidas, mas, durante cumprimento de um mandado, um jogador confessou participação em outro jogo do Campeonato Brasileiro.
Quatro dos jogos investigados ocorreram na rodada 36 do Brasileirão do ano passado. Fernando Cesconetto informou que a operação ainda não confirmou se os atletas efetivamente receberam dinheiro nessas partidas, mas já se sabe que existiram ofertas de apostadores. Veja abaixo as partidas investigadas.
Palmeiras 2 x 1 Juventude (10/09/2022 - 26ª rodada do Brasileirão): Um jogador do Juventude foi assediado para tomar cartão amarelo
Santos 1 x 1 Avaí (05/11/2022 - 36ª rodada do Brasileirão): Um jogador do Santos foi assediado para tomar cartão amarelo
Red Bull Bragantino 1 x 4 América - MG (05/11/2022 - 36ª rodada do Brasileirão): Um jogador do Bragantino foi assediado para tomar cartão amarelo
Goiás 1 x 0 Juventude (05/11/2022 - 36ª rodada do Brasileirão): Dois jogadores do Juventude foram assediados para tomar cartões amarelos
Cuiabá 1 x 1 Palmeiras (06/11/2022 - 36ª rodada do Brasileirão): Um jogador do Cuiabá foi assediado para tomar cartão amarelo
Botafogo 3 x 0 Santos (10/11/2022 - 37ª rodada do Brasileirão): Um jogador do Santos foi assediado para tomar cartão vermelho
O MP-GO também explanou que partidas dos Campeonatos Estaduais deste ano estão sendo investigadas. São elas: Goiás x Goiânia, Caxias x São Luiz, Esportivo x Novo Hamburgo, Luverdense x Operário e Guarani x Portuguesa.
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JOGADORES INVESTIGADOS
O MP-GO não revelou os nomes dos jogadores investigados pela Operação Penalidade Máxima II, mas alguns atletas possivelmente envolvidos já foram confirmados pelo LANCE!. O zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos, que foi expulso na partida contra o Botafogo, comunicou à diretoria do clube que é um dos nove atletas indiciados na operação. Entretanto, ele nega ter aceitado a oferta para participar do esquema.
O lateral-esquerdo Moraes, que disputou o último Brasileirão pelo Juventude, também está sendo investigado. O jogador foi afastado pelo Atlético-GO, clube que defende atualmente. Outro atleta indiciado é o meia Gabriel Tota, que também jogou no time gaúcho em 2022 e hoje veste a camisa do Ypiranga.
Outro atleta investigado é o zagueiro argentino Kevin Lomónaco, do Red Bull Bragantino. O jogador foi afastado pelo clube paulista.
De acordo com o "ge", também estão sendo investigados o zagueiro Victor Ramos, da Chapecoense, e o lateral-esquerdo Igor Cariús, do Sport. Em entrevista ao mesmo portal, o empresário de Ramos disse que "o atleta não tem qualquer envolvimento em esquema fraudulento ou procedimentos ilícitos".
POSICIONAMENTO DOS CLUBES
Atlético-GO, Bragantino, Chapecoense, Juventude, Santos, Sport e Ypiranga, times onde atuam ou atuavam na época jogadores investigados, emitiram posicionamentos sobre a operação. Veja os posicionamentos dos clubes na íntegra.
MAIS DETALHES SOBRE A INVESTIGAÇÃO
Durante coletiva de imprensa nesta terça-feira, o Ministério Público também detalhou a distribuição dos mandados de busca e apreensão expedidos no primeiro dia da Operação Penalidade Máxima II.
- Goiás: um atleta investigado e um mandado de busca e apreensão;
- Rio Grande do Sul: dois atletas investigados, mas ao total são três mandados de busca e apreensão;
- Santa Catarina: dois atletas investigados e dois mandados de busca e apreensão;
- Rio de Janeiro: uma pessoa investigada, não é atleta;
- Pernambuco: dois atletas investigados e dois mandados de busca e apreensão;
- São Paulo: dois atletas investigados, sendo no total dez mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão
Um dos presos em São Paulo nesta terça-feira foi Bruno Lopes de Moura, apostador que já havia sido detido na primeira fase da operação.
A Operação Penalidade Máxima II está sendo executada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Goiás e pela Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI). Os Gaecos dos estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, o Cyber Gaeco do MP de São Paulo e o Centro de Inteligência do MP do Rio de Janeiro, além das polícias Militar, Civil e Penal de Goiás, estão dando apoio ao cumprimento das diligências.
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PRIMEIRA FASE DA OPERAÇÃO PENALIDADE MÁXIMA
As primeiras investigações sobre o escândalo de manipulação de resultados no futebol brasileiro começaram no final do ano passado. O volante Romário, do Vila Nova, de Goiás, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti em partida contra o Sport pela Série B do Brasileirão. Entretanto, o atleta não foi relacionado para a partida e tentou cooptar, sem sucesso, outros colegas de equipe.
A partir do vazamento desta história, o presidente do clube goiano, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar, começou a investigar o caso. Todas as provas foram entregues ao Ministério Público de Goiás (MPGO) e o caso acarretou em uma investigação muito maior, que identificou partidas suspeitas de manipulação ao redor de todo o Brasil.
CPI DA MANIPULAÇÃO DE JOGOS
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), comunicou aos líderes partidários, nesta terça-feira, a intenção de instalar uma CPI para investigar a manipulação de jogos de futebol no Brasil. Nos próximos dias, Lira deve ler o requerimento de instalação da comissão. As informação são do jornal "Metrópoles".
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