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Torcidas ‘hermanas’ se unem em apoio a aposentados

Atos de idosos teve presença de 'barra bravas' e nesta quarta (12) acabaram em pancadaria

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imagem cameraProtesto de aposentados com apoio das 'barra bravas' na Argentina. Foto: Reprodução/X
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Roberto Jardim
Porto Alegre (RS)
Dia 13/03/2025
14:26
Atualizado há 2 horas

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A rivalidade ficou de lado em nome da ligação aos idosos e aos ensinamentos de Diego Maradona. Assim, após uma campanha que viralizou nas redes sociais, torcidas de todos os times de Buenos Aires e arredores se uniram na quarta-feira (12) aos aposentados em mais um protesto contra as medidas econômicas do governo do presidente Javier Milei.

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Essa trégua entre barras bravas de clubes grandes como Boca Juniors e River Plate e até dos pequenos antagonistas como Chacaritas e Tigres tem explicações que vão além do futebol e estão intimamente ligadas à situação político-econômica da Argentina.

Os motivos atuais

São os jubilados os que mais sofreram com a "motosserra" do presidente do ultradireitista. Esse é o nome dado por Milei aos cortes sem precedentes nos gastos públicos para diminuir a inflação. E a redução das despesas atingiram mais diretamente os idosos, que perderam renda — com o reajuste das aposentadorias abaixo do aumento do custo de vida em termos reais —, e viram seu acesso a medicamentos gratuitos ser reduzido.

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Levando ao pé da letra a quase tradição hermana de ir às ruas, os aposentados passaram a protestar todas as quartas em frente ao Congresso, no Centro de Buenos Aires. Os atos começaram em meados de 2024 e passaram a se tornar, semana a semana, mais numerosos. Levando as forças de repressão a reprimirem violentamente as senhoras e senhores com mais de 60 anos de idade. Alguns, com quase 90.

Como as torcidas se envolveram

Em fevereiro, um desses jubilados, Carlos Dawlowski, de 75 anos, foi espancado por policiais, tendo um dos pulsos quebrado. Como ele vestia a camisa do Chacarita Juniors, imediatamente torcedores do clube passaram a acompanhar os atos para apoiar os idosos. Logo, os arquirrivais do Tigres se uniram à proteção dos aposentados.

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Depois começaram a surgir mais e mais hinchas. Fãs de Platense, Atalanta, Villa Crespo, Deportivo Morón, Gimnasia, Estudiantes, Racing, All Boys, Nueva Chicago, Almirante Brown, Deportivo Laferrere… Principalmente clubes pequenos.

Mas a história viralizou nas redes e, nesta quarta, barras de Boca, River, San Lorenzo e Vélez – apareceram até uma camisa e um boné do Internacional – se uniram ao protesto, com as torcidas hermanas se unindo em apoio aos aposentados. Isso porque a postagem convocatória tinha como protagonista ninguém menos que Diego Armando Maradona, ídolo máximo do futebol argentino falecido em 2020.

Reprodução X
Boné colorado apareceu nas ruas de Buenos Aires durante os protestos. Foto: Reprodução/X

O eterno camisa 10 argentino sempre foi tido como um defensor dos jubilados. Isso porque, em 1992, durante o governo de Carlos Menem, eles também sofreram com arrochos econômicos. E Maradona saiu às ruas com eles. Em uma entrevista a uma rede de TV, D10S disse que estava "a la muerte con los jubilados":

– Eu defendo os aposentados, como não vou defendê-los? É preciso ser muito covarde para não defender os aposentados – disse.

Somasse a isso outra tradição argentina: o profundo respeito aos mais velhos, que leva à ligação a “los abuelos”. Isso é extremamente enraizado na sociedade, a ponto de até hoje jovens pedirem a benção aos avós. Além, claro da rixa entre Javier Milei e os clubes de futebol, devido à pressão do governo para que as agremiações se tornem SAFs, ou, como dizem por lá, SADs (sociedades anônimas desportivas).

O que aconteceu quarta

Desde a posse de Milei, a ministra da Segurança é Patricia Bullrich, que comanda a pasta com mão de ferro e nenhum respeito aos movimentos sociais ou aos direitos humanos. Tanto que ela se referiu à manifestação dos aposentados com apoio das torcidas de "marcha dos barras bravas”, afirmou que houve "uma gravidade incomum".

– Essas pessoas que se mobilizam politicamente para derrubar o governo vieram desta vez preparadas para matar – acrescentou a autora da lei antipiquete, que praticamente proíbe protestos no País.

O resultado foi um violento confronto entre os torcedores, "armados" de pedras e outros objetos, e as forças de segurança, que usaram carros-pipa, gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetetes para repelir os manifestantes, que ocuparam as ruas ao redor do Parlamento.

Mais de 124 pessoas foram detidas, segundo o relatório oficial, e 46 ficaram feridas, incluindo 26 policiais e, pelo menos, uma idosa, agredida por um soldado (veja abaixo). Carros foram incendiados.

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