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Torcidas ‘hermanas’ se unem em apoio a aposentados

Atos de idosos teve presença de 'barra bravas' e nesta quarta (12) acabaram em pancadaria

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imagem cameraProtesto de aposentados com apoio das 'barra bravas' na Argentina. Foto: Reprodução/X
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Roberto Jardim
Porto Alegre (RS)
Dia 13/03/2025
14:26
Atualizado em 14/03/2025
01:32

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A rivalidade ficou de lado em nome da ligação aos idosos e aos ensinamentos de Diego Maradona. Assim, após uma campanha que viralizou nas redes sociais, torcidas de todos os times de Buenos Aires e arredores se uniram na quarta-feira (12) aos aposentados em mais um protesto contra as medidas econômicas do governo do presidente Javier Milei.

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Essa trégua entre barras bravas de clubes grandes como Boca Juniors e River Plate e até dos pequenos antagonistas como Chacaritas e Tigres tem explicações que vão além do futebol e estão intimamente ligadas à situação político-econômica da Argentina.

No fim desta quinta-feira (14), a ministra da Segurança de Milei, Patrícia Bullrich, exigiu em pronunciamento que os clubes expulsem os sócios-torcedores que participaram das manifestações.

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Os motivos atuais

São os jubilados os que mais sofreram com a "motosserra" do presidente do ultradireitista. Esse é o nome dado por Milei aos cortes sem precedentes nos gastos públicos para diminuir a inflação. E a redução das despesas atingiram mais diretamente os idosos, que perderam renda — com o reajuste das aposentadorias abaixo do aumento do custo de vida em termos reais —, e viram seu acesso a medicamentos gratuitos ser reduzido.

Levando ao pé da letra a quase tradição hermana de ir às ruas, os aposentados passaram a protestar todas as quartas em frente ao Congresso, no Centro de Buenos Aires. Os atos começaram em meados de 2024 e passaram a se tornar, semana a semana, mais numerosos. Levando as forças de repressão a reprimirem violentamente as senhoras e senhores com mais de 60 anos de idade. Alguns, com quase 90.

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Como as torcidas se envolveram

Em fevereiro, um desses jubilados, Carlos Dawlowski, de 75 anos, foi espancado por policiais, tendo um dos pulsos quebrado. Como ele vestia a camisa do Chacarita Juniors, imediatamente torcedores do clube passaram a acompanhar os atos para apoiar os idosos. Logo, os arquirrivais do Tigres se uniram à proteção dos aposentados.

Depois começaram a surgir mais e mais hinchas. Fãs de Platense, Atalanta, Villa Crespo, Deportivo Morón, Gimnasia, Estudiantes, Racing, All Boys, Nueva Chicago, Almirante Brown, Deportivo Laferrere… Principalmente clubes pequenos.

Mas a história viralizou nas redes e, nesta quarta, barras de Boca, River, San Lorenzo e Vélez – apareceram até uma camisa e um boné do Internacional – se uniram ao protesto, com as torcidas hermanas se unindo em apoio aos aposentados. Isso porque a postagem convocatória tinha como protagonista ninguém menos que Diego Armando Maradona, ídolo máximo do futebol argentino falecido em 2020.

Reprodução X
Boné colorado apareceu nas ruas de Buenos Aires durante os protestos. Foto: Reprodução/X

O eterno camisa 10 argentino sempre foi tido como um defensor dos jubilados. Isso porque, em 1992, durante o governo de Carlos Menem, eles também sofreram com arrochos econômicos. E Maradona saiu às ruas com eles. Em uma entrevista a uma rede de TV, D10S disse que estava "a la muerte con los jubilados":

– Eu defendo os aposentados, como não vou defendê-los? É preciso ser muito covarde para não defender os aposentados – disse.

Somasse a isso outra tradição argentina: o profundo respeito aos mais velhos, que leva à ligação a “los abuelos”. Isso é extremamente enraizado na sociedade, a ponto de até hoje jovens pedirem a benção aos avós. Além, claro da rixa entre Javier Milei e os clubes de futebol, devido à pressão do governo para que as agremiações se tornem SAFs, ou, como dizem por lá, SADs (sociedades anônimas desportivas).

O que aconteceu quarta

Desde a posse de Milei, a ministra da Segurança é Patricia Bullrich, que comanda a pasta com mão de ferro e nenhum respeito aos movimentos sociais ou aos direitos humanos. Tanto que ela se referiu à manifestação dos aposentados com apoio das torcidas de "marcha dos barras bravas”, afirmou que houve "uma gravidade incomum".

– Essas pessoas que se mobilizam politicamente para derrubar o governo vieram desta vez preparadas para matar – acrescentou a autora da lei antipiquete, que praticamente proíbe protestos no País.

O resultado foi um violento confronto entre os torcedores, "armados" de pedras e outros objetos, e as forças de segurança, que usaram carros-pipa, gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetetes para repelir os manifestantes, que ocuparam as ruas ao redor do Parlamento.

Mais de 124 pessoas foram detidas, segundo o relatório oficial, e 46 ficaram feridas, incluindo 26 policiais e, pelo menos, uma idosa, agredida por um soldado (veja abaixo). Carros foram incendiados.

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