Relembre a trajetória de Silvio Berlusconi, ex-dono do Milan e Monza, no futebol italiano
Aos 86 anos, ex-dono dos clubes estava internado para tratar de uma leucemia e infecção pulmonar
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Uma das principais figuras à frente dos times italianos, Silvio Berlusconi, de 83 anos, morreu nesta segunda-feira (12). O empresário estava internado no hospital San Raffaele e lutava contra uma leucemia e infecção pulmonar. O 'chefão' foi dono do Milan por 31 anos, vendido em 2017, e no ano seguinte, comprou o Monza.
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O INÍCIO DA 'ERA BERLUSCONI' NO MILAN
Em 20 de fevereiro de 1986, os destinos do Milan com o de Silvio Berlusconi se entrelaçaram. À época, o clube rossonero atravessava uma grave situação financeira e era presidido por Giuseppe Farina. Com a entrada do magnata, chegaram atletas como Massaro e Roberto Donadoni que a levaram a almejar melhores colocações.
Na temporada 1987-1988, veio a primeira conquista. Sob o comando de Arrigo Sacchi e tendo no elenco jogadores como Van Basten e Gullit, o Diavolo conquistou seu primeiro Campeonato Italiano com Berlusconi.
Marcada como uma equipe ousada e ofensiva, a equipe foi mais longe. Com jogadores do quilate de Baresi, Costacurta, Paolo Maldini e os reforços de Rikjaard e Carlo Ancelotti, os milaneses posteriormente venceram a Supercopa da Itália em 1988, a Liga dos Campeões em 1988-1989 e 1989-1990. Além disso, o Milan venceu o Mundial Interclubes nos anos de 1989 e 1990.
TÍTULOS E ALCANCE MUNDIAL DO MILAN
Mesmo após a saída de Sacchi (que comandou a seleção da Itália na Copa de 1994), o clube italiano seguiu forte. Sob o comando do estreante Fabio Capello, a equipe foi campeã italiana em 1991-1992 de maneira invicta e tendo como destaque o holandês Van Basten, que marcou 25 gols na competição. Além disso, o Diavolo foi campeão da Supercopa da Itália em 1992.
Em 1993, os rossoneros passaram a contar com astros como Desailly e George Weah e mantiveram sua sede por conquistas. Além do título no Campeonato Italiano de 1992/1993 e na Supercopa da Itália de 1993, a equipe chegou à final da Liga dos Campeões. No entanto, foi derrotada pelo Olympique de Marselha, no jogo do adeus de Van Basten.
Posteriormente, a conquista foi revogada, por conta da equipe francesa ter participado de esquemas de suborno em seu país. O Milan teve a chance de ir à decisão, só que viu o título do Mundial Interclubes escapar com a derrota para o São Paulo por 3 a 2.
Os comandados de Fabio Capello continuaram com sua hegemonia em solo italiano ao se sagrarem campeões na temporada de 1993-1994. Com nomes como Panucci, Albertini, Massaro, Savicevic, Desailly e Weah, a equipe fez história na Liga dos Campeões ao golear por 4 a 0 o Barcelona de Johan Cruyff e que tinha Stoickkov e Romário em Atenas.
A equipe, porém, novamente bateu na trave no Mundial Interclubes. Desta vez, sofreu uma derrota por 2 a 0 para o Vélez Sarsifield. Após a decepção no ano anterior, o Milan deu nova volta olímpica na temporada de 1995-1996. Foi o quarto título sob o comando de Capello em cinco anos. O técnico, posteriormente, foi para o Real Madrid.
DE TURBULÊNCIAS À CONQUISTA NO ANO DO CENTENÁRIO
Mais tarde, o clube chegou a contratar astros como Roberto Baggio. Porém, nem mesmo a volta de Arrigo Sacchi e de Fabio Capello impediu a equipe de lidar com um período de seca em território italiano.
Somente na temporada de 1988/1989 os rossoneros voltaram a ganhar destaque. Em 1999, ano do centenário de fundação do Milan, o clube de Berlusconi conseguiu uma arrancada até assumir a liderança na reta final. Com o jovem Schevchenko em evidência, a conquista chegou.
REFORMULAÇÃO COM TÍTULOS DE PONTA PARA A ERA BERLUSCONI
Em 2001, o Milan recorreu ao então iniciante Carlo Ancelotti como treinador. Além disso, Berlusconi investiu pesado em uma reformulação. Astros como os brasileiros Dida, Cafu e Rivaldo e nomes como Pirlo, Seedorf e Inzaghi desembarcaram no San Siro.
Na temporada 2002-2003, a equipe novamente foi campeã da Liga dos Campeões novamente (perdendo o título do Mundial Interclubes para o Boca Juniors). Em 2003-2004, os rossoneros contrataram Kaká e foram campeões do Italiano.
No ano de 2005, os milaneses tiveram uma grande frustração. Após chegarem a abrir três gols de vantagem na decisão da Liga dos Campeões, cederam o empate em 3 a 3 e amargaram a derrota nos pênaltis.
Na temporada de 2006-2007, o Milan voltou a encarar o Liverpool na Liga dos Campeões e, desta vez, conquistou o troféu ao garantir uma vitória por 2 a 1 (dois gols de Inzaghi). No Mundial de Clubes de 2007, houve reencontro com o Boca Juniors com direito a título: Inzaghi marcou duas vezes e Nesta e Kaká completaram a vitória por 4 a 2.
DO DECLÍNIO DO MILAN À VENDA
Após a saída de Ancelotti, Paolo Maldini assumiu o comando. Mas o Milan foi perdendo espaço diante da ascensão da Juventus. Seu último grande lampejo sob a gestão de Berlusconi aconteceu na temporada de 2010-2011.
Com astros como Thiago Silva, Ibrahimovic e Boateng, o Milan foi campeão com sobras. Em 2011, ainda conquistou a Supercopa da Itália. Neste período, a equipe ainda venceu a Supercopa da Uefa em 1989, 1990, 1993, 1994, 1994, 1997 e 2003.
Neste período, Berlusconi conciliou a gestão do Milan com o trabalho como premiê da Itália. Ele se envolveu em escândalos sexuais e processos por suspeitas de corrupção.
Nos anos seguintes, o magnata recorreu a nomes de peso como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Alexandre Pato. Só que o Milan continuou em uma seca de títulos. Em abril de 2017, o bilionário vendeu o clube para um consórcio chinês por US$ 800 milhões (R$ 3,2 bilhões, na cotação da época).
NOVA AVENTURA DE BERLUSCONI NO FUTEBOL ITALIANO
Passados 18 meses, Silvio Berlusconi voltou a ter o futebol entre seus negócios. O empresário adquiriu o Monza, na época na terceira divisão italiana, por 3 milhões de euros (na época, entre R$ 12 milhões e 14 milhões, aproximadamente).
O objetivo era levar o clube à Série A. Além de investir em melhorias na estrutura, Berlusconi foi contratando jogadores e levou a equipe a fazer história: depois de 110 anos, chegou à elite local, graças a destaques como o goleador Dany Mota.
O magnata também chamou atenção por situações inusitadas. Com o Monza na elite, Berlusconi prometeu um "ônibus cheio de prostitutas" caso a equipe vencesse adversários grandes, como a Juventus ou o Milan.
Silvio Berlusconi também havia voltado ao cenário político em 2022, quando foi eleito para o Senado representando uma cadeira de Monza. Ele fazia parte do Forza Italia, partido com uma visão ultraliberal e que fazia parte da coalizão que apoia a primeira-ministra Giorgia Meloni.
O político lidava com diversos problemas de saúde nos últimos anos. Sua última internação aconteceu no dia 5 de abril no Hospital San Rafaelle, em Milão, por problemas respiratórios por consequência da leucemia.
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