Terrorismo x futebol: brasileiro na Bélgica vive impasse emocional
Destaque do Gent, líder do Belga e surpresa da Liga dos Campeões, volante Renato Neto vê Europa em clima de 'Terceira Guerra Mundial' e explica mudança de rotina no país
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Líder do campeonato belga e surpresa do Grupo H da Liga dos Campeões. O Gent vive uma temporada histórica até o momento. Mas nem tudo é festa para o time que tem o volante brasileiro Renato Neto como um dos grandes destaques. A onda de terrorismo que tomou conta da Europa nos últimos dias afetou diretamente o dia a dia do futebol na Bélgica, um dos países que vive sob "alerta máximo" desde os atentatos na França.
No início da semana, por exemplo, pontos turísticos e metrôs foram fechados e a promotoria belga anunciou que 16 pessoas foram detidas depois de uma série de ações antiterrorismo. Além disso, a federação de futebol adiou dois jogos da primeira divisão: Lokeren x Anderlecht e Mouscron-Péruwelz x Charleroi.
- Estou com medo, está tudo muito tenso na Bélgica. Me preocupo todos os dias com a segurança da minha família. O terrorismo mudou nossa rotina, jogos foram cancelados, o controle de acesso aos estádios foi reforçado, pessoas com bolsas são sempre suspeitas. É algo assustador - revelou Renato Neto, em entrevista ao LANCE!.
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- A cidade de Brugge, onde sempre morei aqui, foi considerada uma das mais seguras e tranquilas para se viver na Europa. Lembro que uma vez esqueci o vidro do meu carro aberto na rua e, mesmo depois de horas, tudo estava como tinha deixado. Hoje, no entanto, o clima é de pânico e insegurança - completou.
Renato Neto, apesar de considerar que o mundo vive uma espécie de "Terceira Guerra Mundial", garante que dentro de campo o pensamento é um só: jogar. O futebol é uma "válvula de escape" para esquecer o terror.
- O medo infelizmente não vai diminuir tão cedo. Turquia, Rússia, Síria, França, vários são os países que estão em clima de guerra. Ninguém merece viver num mundo assim. Isso é coisa de outro planeta, tipo uma Terceira Guerra Mundial. Mas, dentro de campo, não deixamos isso nos afetar. A gente esquece o que acontece fora e só pensa em jogar bola - finalizou.
Com sete pontos em cinco jogos, o Gent é o vice-líder do Grupo H da Liga dos Campeões, que é liderado pelo Zenit (RUS). O time belga está na frente de Valência (ESP) e Lyon (FRA) restando apenas uma rodada para o início da fase de mata-mata. A grande possibilidade de avançar de etapa logo na primeira participação da equipe na principal competição europeia tem ajudado a ofuscar o medo do terrorismo entre jogadores e torcedores.
- Na última quarta-feira, quando voltamos da França com a vitória por 2 a 1 em cima do Lyon, mais de mil torcedores nos receberam no aeroporto com fogos, gritos... Foi um dia de muita festa. Estamos fazendo história - declarou Renato Neto, que nunca jogou profissionalmente no Brasil e mora na Europa desde os 16 anos.
- Todos estão surpresos com nosso desempenho, ninguém acreditava em tamanho sucesso dentro de um grupo tão difícil. O nosso time é menor, com menos experiência, com um elenco jovem. Mas nem por isso deixamos de acreditar. A cidade de Gent está eufórica - reforçou.
"O medo infelizmente não vai diminuir tão cedo. Turquia, Rússia, Síria, França, vários são os países que estão em clima de guerra"
Além da boa fase na Liga dos Campeões, o Gent lidera o campeonato belga, com dois pontos a mais que Club Brugge e Oostende (33 contra 31). A equipe, aliás, briga pelo bicampeonato nacional.
BATE-BOLA - RENATO NETO (Volante do Gent)
LANCE!: Quais são as características do futebol na Bélgica?
Renato Neto: Na Bélgica até tem a questão da habilidade, mas o futebol é mais pegado, não tem muito espaço, usam bastante a bola aérea. Mas o futebol aqui está evoluindo muito, com bons jogadores em grandes times.
LANCE!: E suas características?
Renato Neto: Sou mais defensivo, mas tenho boa saída de jogo, gosto de passes longos e chego bem na área adversária. Fiz sete gols no ano passado.
LANCE!: Apesar de volante, você é o camisa 10... É o craque do time?
Renato Neto: Craque? Não tem nada de craque (risos). Jogo com a camisa 10 porque ela estava vaga quando cheguei, só isso. Ela estava livre, fui lá e peguei.
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