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Associação de Árbitros relata ameaças da CBF aos juízes ligados à entidade; confederação nega

Denúncia aponta que a Confederação tentará "acabar com a carreira" de associados à Anaf; CBF questiona credibilidade da entidade em nota enviada ao LANCE!

Seneme e Ednaldo - CBF
imagem cameraWilson Seneme (esquerda) e Ednaldo Rodrigues (direita) são desafetos da ANAF (Foto: Divulgação/CBF)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 13/09/2022
16:37
Atualizado em 13/09/2022
19:05

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A Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf), entidade que representa os integrantes do quadro de árbitros da CBF desde 1997 — data de sua fundação — relata que os juízes estão sofrendo ameaças da Confederação Brasileira de Futebol caso permaneçam filiados à agremiação.


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De acordo com a Anaf, a CBF, por meio de Alício Pena Júnior — ex-presidente interino da comissão de arbitragem —, aliciou os árbitros com ameaças fortes, como por exemplo a de "acabar com as carreiras" dos associados.

- A CBF, através do Alício Pena Júnior, estava ligando para os árbitros questionando se eram associados da Anaf ou não. Quando respondiam que sim, eram intimidados a deixar de contribuir com a associação sob pena de serem excluídos do quadro da CBF e não serem mais escalados nos torneios por ela realizados - disse o presidente da Anaf, Salmo Valentim, à reportagem.

Segundo o mandatário, o departamento jurídico da Associação de Árbitros ingressou com ações tanto no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), como no Ministério Público do Trabalho, para apurar as denúncias. Ele também explica que os juízes de futebol estão com medo da situação.

- A categoria segue acuada, com medo. Perdeu sua vontade de atuar e tudo isso é reflexo do que ocorre fora de campo. Nós não só temos legitimidade, como iremos à justiça sempre que ações lamentáveis como essa busquem macular a arbitragem brasileira, que infelizmente chegou ao pior momento de sua história - afirmou.

CBF NEGA ACUSAÇÕES

A reportagem entrou em contato com a CBF e foi negado que haja qualquer tipo de ameaça aos árbitros e provas das supostas intimidações. A confederação, em nota oficial (confira na íntegra no fim do texto), questiona a relevância e representatividade da Associação. Nos bastidores, fontes ligadas à entidade alegam que praticamente não há apitadores do quadro filiados à Anaf.

Por outro lado, Salmo Valentim enfatiza que possui as provas e informa que dos 312 associados, a maioria está na Série A — atualmente são 642 árbitros e assistentes no quadro da CBF. Ele citou o nome de dois árbitros com prestígio no meio como exemplo, os quais serão mantidos em sigilo pela reportagem.

+ Presidente da Associação Nacional dos Árbitros pede a saída de Seneme: 'Arbitragem está acuada'

As duas instituições estão em 'clima de guerra' há meses, desde quando Ednaldo Rodrigues assumiu a presidência da CBF e Wilson Seneme a comissão de arbitragem. A Anaf já tentou organizar greve de árbitros para paralisar o futebol brasileiro, reclama da interrupção de repasses financeiros, que pararam de acontecer em março de 2022, e promete uma briga jurídica. 

No entanto, a CBF busca manter distância da associação e desconsidera as críticas. Em relação aos pagamentos interrompidos, a confederação julgou desnecessário manter os repasses.

Confira, na íntegra, o comunicado enviado pelo presidente da Anaf:

Recebemos a denúncia de que a CBF, através de Alício Pena Júnior, estaria contatando os árbitros, propondo a categoria boicote a sua entidade de classe, os ameaçando de “acabar com suas carreiras” caso permaneçam em nosso quadro colaborativo, sendo assim impedidos de exercer sua profissão: árbitro de futebol.

Diante da gravidade de tais denúncias, informamos que tomaremos as medidas necessárias para que o Ministério Público do Trabalho, na qualidade de órgão competente para tanto, possa apurar a veracidade de tais fatos.

A arbitragem brasileira chegou ao CTI. Clubes, federações, torcedores e os próprios árbitros estão reféns de uma comissão despreparada que através do autoritarismo busca uma autonomia que não existe. Os árbitros entram em campo pressionados. Membros da equipe de Wilson Seneme tentam a todo momento desestabilizar a categoria ao invés de conter a crise com ações que busquem melhorar seu desempenho no campo de jogo.

A categoria já não aguenta mais ser tratada como lixo, pois é exatamente assim que muitos árbitros se sentem pelos “donos da CBF”, que fazem o que querem achando que estão acima da Lei.

Como representante legal dos árbitros brasileiros, a ANAF vai continuar trabalhando para que a arbitragem seja independente, profissionalizada e se livre de uma vez por todas da CBF, caso contrário o estrago pode ser ainda pior deixando de estampar a mídia esportiva, passando ser manchete policial.

Salmo Valentim
Presidente da ANAF

Veja abaixo a nota, na íntegra, da CBF

A Comissão de Arbitragem da CBF nega as acusações feitas pela Anaf. A entidade, por meio do presidente Wilson Seneme, garante que não há nenhuma interferência política na escalação dos profissionais e que todos os processos são tratados apenas e exclusivamente por quesitos técnicos.

No cargo desde abril, a nova comissão de arbitragem tem dado total autonomia à classe, sem impor limites ou restrições a nenhum profissional filiado a qualquer associação. A comissão também tem trabalhado por melhorias, como treinamentos e qualificações para os árbitros.

A CBF também não reconhece a legitimidade da Anaf, que tem feito uma série de levantamentos sem fundamento. Nos últimos meses, o grupo anunciou uma greve geral da arbitragem que nunca se concretizou por não ter apoio da categoria.

As falsas acusações do grupo se tornaram recorrentes desde a posse do novo presidente Ednaldo Rodrigues, em março, que cortou o repasse de R$ 30 mil para a Anaf.

O pagamento foi interrompido pela atual administração da CBF por não existir nenhum contrato que justificasse o pagamento.

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