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LANCE! Opina: ‘Torcedores podem reclamar, os clubes não podem!’

Quem não pode protestar são os dirigentes, com poucas e honrosas exceções. Não são estes os que votaram pela redução de poder dos mesmos em relação às federações?

Convocação Brasil - Tite
Por conta de convocação da Seleção, Tite recebeu críticas dos torcedores (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

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Mais uma vez se desnuda o escárnio que é o calendário do futebol brasileiro. Com quase 3/4 do ano já passados é que começa a segunda metade do principal campeonato, o sustentáculo dos clubes. Claro que são convocados os principais jogadores de cada clube, não somente pelo Tite (que tem que engolir as críticas injustas, dada a sua adesão à CBF) como por treinadores de outros países. Os desfalques podem ser fatais e os torcedores sabem disto. Como são estes a razão de ser do fut, manifestam justa indignação, embora a cada convocação sejam uns os que reclamam e outros os que festejam.

Quem não pode reclamar são os dirigentes dos clubes, com poucas e honrosas exceções. Ora, por quê? Não são estes os que votaram pela redução de poder dos mesmos em relação às federações? Não são estes os que votaram em todas as últimas eleições por manter o status quo, elegendo dirigentes notoriamente corruptos? Não são estes os cordeirinhos que aceitam o calendário com 18 ou 20 datas para os deficitários estaduais, que servem somente para agradar e garantir a eleição desde Teixeira, Marin, Del Nero até Caboclo?

Este LANCE! não é mais uma voz solitária a cobrar uma mudança, especialmente após o Grupo Globo ter mudado de posição, depois de anos de apoio irrestrito ao modelo de Teixeira e cia. São anos clamando pelo óbvio, uma mudança que nunca será alcançada se o sistema político se mantiver intacto. Qual é o muro que separa o ajuste do calendário do resto do mundo? É o mesmo que impede o FutBr de realizar seu potencial e que nos tem afastado, ano após ano, do progresso nos países cêntricos do esporte bretão na atualidade.

Os dirigentes dos clubes e da CBF têm a mesma origem, sendo amadores e sem responsabilização pelos seus atos, gestores que são de entidades associativas sem fins lucrativos. A maioria dos clubes joga dinheiro fora, não paga impostos e pede perdões em série aos governos. Os cartolas praticam gestão temerária e não há punição.

O deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), com a nobre missão dada a ele pelo presidente Rodrigo Maia, tenta construir um projeto de incentivo para a atividade do futebol ser transformada em atividade empresarial, o popularizado clube-empresa, a única maneira de mudar de verdade. Já encontra resistências, como esperado, o que se repete de outras tentativas de indução no passado. Busca dialogar com os clubes e com a CBF, mas que não tenha ilusões de que seus interlocutores, na quase totalidade, não querem mudanças. Preferem o FutBr amputado, impedido de concretizar sua potência, mas mantendo o poder nas mãos dos que hoje o tiranizam!

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