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Luiz Gomes: ‘Liberar áudios do VAR dá credibilidade e cala os críticos’

'Decisão foi derrota para a comissão de arbitragem, que questionava a medida desde que o assunto veio à tona e polêmicas de interferências do VAR passaram a ser mais frequentes'

VAR - Cabine
imagem cameraCabine do VAR em jogo do futebol brasileiro (Foto:Joilson Marcone/CBFTV)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 23/10/2021
17:24
Atualizado em 24/10/2021
08:25

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Aplausos. É o que merece a decisão da CBF de divulgar, não apenas os áudios do VAR, mas também as respostas da ouvidoria da entidade a questões levantadas pelos clubes, seja quanto à arbitragem, seja sobre outros temas. Transparência é essencial para garantir a credibilidade de qualquer atividade. E, por óbvio, nas coisas do futebol não deveria ser diferente.

No caso do VAR, sem dúvidas o mais relevante, a decisão do presidente interino Ednaldo Rodrigues foi uma derrota para a comissão de arbitragem que questionava a necessidade da medida, desde que o assunto veio à tona e as polêmicas envolvendo as interferências dos juízes de vídeo se tornaram mais frequentes. Essa resistência tinha por base uma recomendação da International Football Association Board (IFAB), que proíbe a divulgação de conversas entre árbitros, assistentes e operadores do VAR durante as partidas. Mas a própria determinação não veta, como se vê, divulgações posteriores

A Conmebol, aliás, desde 2019 divulga os diálogos do VAR em jogos da Libertadores, Sul-Americana e das Eliminatórias da Copa, sempre nos dias seguintes aos jogos. Ligas europeias também já adotam o mesmo procedimento, tudo em nome da credibilidade da tecnologia.

O VAR já chegou ao futebol com atraso – muito depois de outros esportes como o vôlei ou o tênis, só para citar dois exemplos. É inegável a contribuição que tem dado à lisura do jogo. O saldo entre erros e acertos é infinitamente favorável à correção das decisões. Em que pese a visão distorcida de críticos ferozes que detonam o vídeo sem piedade em parte da mídia e entre os cartolas.

É inegável que decisões da arbitragem têm interferido no andar do Brasileirão – ainda mais grave quando estamos entrando na reta final da disputa. Não é por acaso e nem sem razão que Flamengo e Atlético Mineiro, os favoritos na briga pelo título, tenham elevado o tom das reclamações nas últimas semanas.

Erros, quando ocorrem, certamente, não passam por má fé dos juízes, ou pela deliberada intenção de quem quer que seja de prejudicar esse ou aquele time. É leviano afirmar isso – como fez o diretor do futebol do Galo, Rodrigo Caetano, xingando e ameaçando a arbitragem de vídeo no jogo contra o Santos. É injusto responsabilizar o VAR pelas trapalhadas dentro de campo.

O problema que persegue a arbitragem do futebol brasileiro - e não é de hoje - é a falta de critérios. Sim, falta critério em tudo que diz respeito ao apito. O pênalti que garantiu o empate do Flamengo com o Athlético Paranaense na quarta-feira, pela Copa do Brasil, foi o mesmo que não foi marcado no empate do Rubro-Negro contra o Cuiabá, pelo Campeonato Brasileiro, três dias antes. E o mesmo que já tinha sido marcado em Atlético-MG e Fluminense pela 17ª rodada.

Há partidas em que jogadores recebem o cartão amarelo por faltas que em outros jogos sequer são assinaladas pela arbitragem. E também a atuação do VAR tem ocorrido de maneira sinuosa, às vezes interferindo em lances claramente interpretativos que deveriam ser decididos dentro do campo, às vezes deixando de chamar o árbitro em jogadas que poderiam definir o resultado de uma partida.

Como se sabe, os juízes, estejam no campo ou diante das telas de TV do VAR, são os únicos personagens de um jogo de futebol que não são de fato profissionais. Embora a profissão seja regulamentada, eles não podem ter vínculo empregatício com as entidades e recebem por jogo em que trabalham. Ao contrário do que acontece na Argentina, por exemplo, e na maior parte dos países europeus.

Alterar a legislação que impõe esse modelo é o ponto de partida para melhorar o nível da arbitragem tupiniquim. É certo que isso não interessa à CBF e às federações, que teriam que arcar com a pesada carga de custos do regime trabalhista do Brasil. Mas, sem isso, sem dedicação integral à função, pouco há a fazer para aperfeiçoar a formação, intensificar o treinamento dos árbitros e, acima de tudo, unificar os critérios de arbitragem.

A tecnologia não é robótica. Tem humanos a comandá-la. Mostrar ao público como agem e o que dizem os juízes do jogo é um passo importante. Mas tão menos aberrações seremos obrigados a ouvir quanto mais bem formados forem os que estiverem com os microfones na boca.

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