Três corações e três gerações dos ‘Nascimentos’ em Minas Gerais
Técnico do Tricordiano, Edinho faz estreia oficial pelo clube neste sábado no Campeonato Mineiro. Ele revela emoção e orgulho por escrever mais um capítulo da família na cidade
- Olá, aqui quem está falando é o Edinho.
Foi assim que Edson Cholbi Nascimento atendeu o telefone do diretor de futebol do Tricordiano, clube da Primeira Divisão de Minas Gerais. Filho do Rei Pelé, Edinho tem a mesma voz cada vez mais parecida com a do pai e partir deste sábado, contra o Uberlândia, começará a escrever outro capítulo relacionado aos Nascimentos. Treinador do Galo de Três Corações, ele estreia oficialmente pelo clube da cidade em que o pai, Edson Arantes do Nascimento, veio ao mundo e o avô, João Ramos do Nascimento, o Dondinho, iniciou a carreira de jogador no extinto Atlético de Três Corações nos anos 1930.
- Acima de tudo vem a emoção e o orgulho. Sou o terceiro profissional da geração ligado a cidade e tenho a expectativa de retribuir isso tudo. Meu avô Dondinho jogou no Atlético, meu pai nasceu aqui e quero dar alegria para a população de Três Corações - explica o ex-goleiro sobre a ligação familiar.
Como treinador, Edinho teve passagem relâmpago pelo Mogi Mirim na Série B do Campeonato Brasileiro de 2015 com apenas quatro jogos e no ano passado assumiu o Água Santa depois do rebaixamento do time à Série A2 do Paulistão. Mesmo com bom desempenho na primeira fase da Copa Paulista, ele também interrompeu o trabalho com somente nove compromissos.
- A diretoria do Tricordiano me procurou quando ainda estava no Água Santa, mas não conversei porque estava bem lá. Time estava classificado na Copa Paulista, desempenho bom, mas houve uma turbulência, problema extracampo e acabou que eu sai. Foi um trabalho melhor do que no Mogi, quando nem tive a chance de colocar a mão no time.
'Não tenho a pretensão de ter uma estátua na cidade como o meu pai. Quero manter o legado da família'
Livre, ele voltou a ser procurado pelos mineiros e resolveu assumir a responsabilidade de ser a terceira geração da família a ter ligação com a cidade. Mesmo com poucos recursos, o treinador de 47 anos vislumbra beliscar uma vaga entre os quatro semifinalistas, porém concorda que se manter o Tricordiano na elite por mais um ano já será um grande feito. O Campeonato Mineiro conta com 12 clubes no Módulo I e dois são rebaixados.
No sábado será a primeira partida na carreira de Edinho em uma divisão de elite e o prepara para confrontos mais complicados, como enfrentar o Cruzeiro, já na segunda rodada, e o Atlético-MG, na oitava. Para ter sucesso dentro de campo, ele conta com a experiência do meia Dinélson, campeão brasileiro de 2005 pelo Corinthians, e também o atacante Brandão, ex-Cruzeiro.
'Jogadores abriram mão de propostas melhores e vieram trabalhar comigo. É uma relação de confiança'
Fora das quatro linhas, tem o apoio dos cidadãos de Três Corações e até de parentes mais distantes que moram na cidade e que ainda não tiveram a chance de encontrar com o treinador até o momento.
- Não ando muito pela cidade. Vou da casa para o treino e faço o caminho de volta. Estou muito focado para fazer um bom trabalho e fazer com que a população de Três Corações possa ter orgulho, assim como aconteceu com o meu avô e posteriormente o meu pai. Se conseguir fazer um pouco do que eles representam já estarei feliz. Por isso o foco total no trabalho.
Pelé é presidente de honra do Tricordiano, mas dificilmente irá acompanhar de perto o desempenho de Edinho na cidade onde nasceu. Edinho ainda responde na Justiça por lavagem de dinheiro e associação ao tráfico de drogas, porém pode trabalhar sem restrição enquanto o processo não chega ao fim.