Repertório, Pimpão e um Diego Souza em boa fase: As armas do Botafogo para vencer o Vasco
Neste domingo, Eduardo Barroca soube mexer no Botafogo, que venceu o clássico matinal por 1 a 0, no Nilton Santos, e conquistou a quarta vitória no Brasileirão
Saber "jogar o jogo" é uma expressão fácil no universo do futebol Brasileiro. Por mais maleável e leviana que a frase possa ser, é perfeitamente aceitável dizer que, na manhã deste domingo, no Nilton Santos, o Botafogo mostrou repertório e soube jogar o jogo para vencer o Vasco por 1 a 0, com gol de Diego Souza, e consolidar-se na parte de cima da tabela do Brasileirão.
Foi a quarta vitória do Alvinegro na competição - todas conquistadas no Rio de Janeiro. Para somar mais três pontos e chegar aos 12 na Série A deste ano, porém, o Glorioso precisou suar. A entrada de Rodrigo Pimpão no intervalo, por exemplo, foi só uma das armas que Eduardo Barroca precisou lançar para vencer o clássico.
Diego Souza chegou
O início de Diego Souza no Botafogo não foi nada animador. Fora de ritmo e nitidamente fora de forma nos primeiros jogos, o atacante havia marcado apenas um gol - ainda pelo Campeonato Carioca - em 10 jogos pelo Alvinegro, até o meio da semana.
Mas a guinada que começou na última quarta-feira, com um gol na goleada por 4 a 0 contra o Sol de América, pela Sul-Americana, continuou neste domingo. Em melhor condição física, o jogador de 33 anos voltou a marcar no triunfo sobre o Vasco, e foi, pelo segundo duelo seguido, o melhor do Botafogo em campo.
Momento da posse precisa evoluir
O Botafogo terminou o primeiro tempo, no Nilton Santos, com 66% de posse de bola. E foi justamente quando mais teve a bola que a equipe de Barroca foi pior neste domingo. É preciso dar créditos também a Vanderlei Luxemburgo. O veterano povoou as laterais ofensivas do Glorioso, deixando o campo do alvinegro curto, e os meias do Botafogo, que retinham a bola, sem opções verticais de passe.
Para ocasiões como essa, há de se criar alternativas. Neste momento, Diego Souza precisa ser mais "pivô", para dar profundidade à equipe e desafogar a saída de bola. Outra alternativa é trabalhar com Erik e Luiz Fernando por dentro. Assim, a dupla pode atrair volantes e laterais adversários para o centro, oferecendo as alas para o apoio de Fernando e Gilson.
Fator Pimpão
A entrada do atacante de 31 anos foi providencial para a vitória do Fogo neste domingo. Diferentemente de Luiz Fernando, que atuou "afundado", recebendo bolas de costas no campo de ataque, e virou presa fácil para a marcação do Vasco, Pimpão jogou de frente, numa região ligeiramente mais baixa do campo.
Foi assim, partindo de trás, que o que o jogador chegou chegou à frente, pela esquerda, sem marcação, e fez bom cruzamento para Diego Souza matar bonito no peito e fuzilar Sidão aos 12 do segundo tempo.
Inversão do triângulo
Desde que Eduardo Barroca chegou ao Botafogo, o Alvinegro tem jogado com dois meio-campistas e um volante à frente da zaga, formando, no setor, um triângulo com a base virada para o campo ofensivo. Mas na etapa final deste domingo, com o Glorioso já à frente do placar, o treinador de 37 anos fez uma escolha importante para a manutenção do resultado.
Aos 22 da etapa final, no lugar de Gustavo Bochecha, Eduardo Barroca lançou Alan Santos, que formou com Cícero uma dupla de volantes, com João Paulo mais à frente. Dessa forma, a associação entre os laterais alvinegros e os jogadores da 'volância' permitiu ao Botafogo realizar dobras de marcação em cima dos pontas adversários, freando a produção ofensiva do Vasco.
Barroca mostrou repertório
No meio da semana, em entrevista ao Jornal "Globo", Eduardo Barroca falou muito em coragem e, que num duelo, prefere ter o "porrete" para lutar. A metáfora que se refere à posse da bola não fica somente nas palavras. Desde que desembarcou em General Severiano, o treinador, partida a partida, tem presado por um estilo corajoso de jogo. Neste domingo, porém, o comandante fez mais do que isso.
Barroca mostrou inteligência para mudar as características do Botafogo e arrancar a vitória no clássico matinal. Além da inversão do triângulo, o treinador abaixou as linhas alvinegras e aproveitou o desespero do Vasco - em situação complicada na tabela - para contra-atacar. Em um campeonato longo como o Brasileiro, com uma vastidão de jogos e adversários diferentes, ter repertório é essencial.